quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A PRIVATARIA TUCANA


por Jorge Furtado em 11 de dezembro de 2011

Terminei de ler o extraordinário trabalho jornalístico de Amaury Ribeiro Jr., “A Privataria Tucana”, (Geração Editorial), o livro mais importante do ano. Para quem acompanha a vida política do país através de alguns blogs e da revista Carta Capital, não há grandes novidades além dos documentos que comprovam o que já se sabia: a privatização no Brasil, comandada pelo governo tucano, foi a maior roubalheira da história da república. O grande mérito do livro de Amaury é a síntese que faz da rapinagem e a base factual de suas afirmações, amparadas em documentos, todos públicos. Como bom jornalista, Amaury economiza nos adjetivos e esbanja conhecimento sobre o seu tema: o mundo dos crimes financeiros.

A reportagem de Amaury esclarece em detalhes como os protagonistas da privataria tucana enriqueceram saqueando o país. De um lado, no governo, vendendo o patrimônio público a preço de banana. Do outro, no mercado, comprando as empresas e garantindo vida mansa aos netos. Entre as duas pontas, os lavadores de dinheiro, suas conexões com a mídia e com o mundo político.

Os personagens principais da maracutaia, fartamente documentada, são gente do alto tucanato: Ricardo Sérgio de Oliveira (senhor dos caminhos das off-shores caribenhas, usadas pela turma para esquentar o dinheiro),  Gregório Marin Preciado (sócio de José Serra), Alexandre Bourgeois (genro de José Serra), a filha de Serra, Verônica (cuja off-shore caribenha, em sociedade com Verônica Dantas, lavou pelo menos 5 milhões de dólares), o próprio José Serra e o indefectível Daniel Dantas. Mas o livro tem também informações comprometedoras sobre o comportamento de petistas (Ruy Falcão e Antonio Palocci), sobre Ricardo Teixeira e sobre vários jornalistas.




A quadrilha de privatas tucanos movimentou cerca de 2,5 bilhões de dólares, há propinas comprovadas de 20 milhões de dólares, dinheiro que não cabe em malas ou cuecas. O livro revela também o indiciamento de Verônica Serra por quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros e traz provas documentais de sua sociedade com Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas, do Banco Opportunity, numa off-shore caribenha.

Alguns destaques do livro:

As imagens do Citco Building, em Tortola, Ilhas Virgens britânicas, gavetas recheadas de empresas off-shore, "a grande lavanderia", pág. 43.

Sobre a pechincha da venda da Vale, na pág. 70.

Sobre o grande sucesso "No limite da irresponsabilidade", na voz de Ricardo Sérgio, pág. 73.

Sobre o MTB Bank e sua turma de correntistas, empresários, traficantes e políticos de várias tendências, e a pizza gigante de dois sabores (meio petista, meio tucana) da CPI do Banestado, pág. 75.

Como a privatização tucana fez o governo (com o seu, meu dinheiro), pagar aos compradores do patrimônio público, pág.171.

Como Daniel Dantas (de olho no fundo Previ, comandado pelo governo) usou sua imprensa para ameaçar José Serra, pág. 183.

A divertida sopa-de-nomes das empresas off-shore, massarocas intencionais para despistar a polícia do dinheiro do crime, pág. 188.

Os grandes personagens do sub-mundo da política, arapongas que trabalham a quem pague mais, pág. 245.

Um perfeito resumo do que realmente aconteceu na noite dos aloprados, no Hotel Ibis, em São Paulo, pág. 282. 

Um retrato completo do modus operandi da mídia pró-serra na eleição de 2010, a partir da pág. 295.

Outro resumo perfeito, do caso Lunus, quando a arapongagem serrista detonou a candidatura de Roseana Sarney, pág. 314.

Sobre para-jornalistas que acabam entregando suas fontes e sobre fontes que confiam em para-jornalistas, pág. 325.
O índice remissivo e a quantidade de dados que o livro de Amaury apresenta já o tornaria uma peça obrigatória na biblioteca de quem pretende entender o Brasil. Mas "A Privataria Tucana"  também lança um constrangedor holofote sobre a grande imprensa brasileira, gritamente pró-serra, que é cúmplice, ao menos por omissão, da roubalheira que tornou o país mais pobre e alguns ricos ainda mais ricos. 

Imagine você o que esta imprensa  – que gasta dúzias de manchetes e longos programas de debate na televisão numa tapioca de 8 reais ou em calúnias proferidas por criminosos conhecidos - diria se um filho de Lula, Dilma ou qualquer petista fosse réu em processo criminal de quebra de sigilo bancário. Segundo o livro de Amaury (e os documentos que ele traz) a filha de José Serra é ré em processo criminal por quebra de sigilo bancário. (p. 278) 

O ensurdecedor silêncio dos grandes jornais e programas jornalísticos sobre o livro “A privataria tucana” é um daqueles momentos que nos faz sentir vergonha pelo outro. A imprensa, que não perde a chance - com razão  - de exigir liberdade para informar, emudece quando a verdade contraria seus interesses empresariais e/ou o bom humor de seus grandes anunciantes. Onde estão as manchetes escandalosas, as charges de humor duvidoso, os editoriais inflamados sobre a moralidade pública? Afinal, cadê o moralista que estava aqui?

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Alô revisão, alô Geração Editorial!

Nas páginas 326 e 327 há uma repetição de parágrafos: "Tanto Pimentel quanto Lanzeta passaram a receber telefonemas... (até) ... exigia entrevistas". Dá para corrigir na próxima edição.


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Neste vídeo, uma entrevista de duas horas com Amaury Ribeiro Jr, sobre o livro. Não o conhecia. Ele é um simpático (e está evidentemente exausto) jornalista, gordo, bastante suado, traz a camisa para fora da calça e exalta-se com facilidade. Parece ser muito inteligente, pensa mais rápido do que consegue falar e, por isso, gagueja bastante e tem dificulfdades para terminar uma frase. Mas às vezes engrena e mostra que conhece muito bem o assunto do seu livro, o crime de lavagem de dinheiro. O camera-man é um desastre mas a entrevista é imperdível.

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Trechos da entrevista de Amaury Ribeiro Jr. ao Terra Magazine.

Terra Magazine - Seu livro denuncia um esquema de corrupção que teria sido comandado por amigos e parentes do ex-governador José Serra. No seu entender, como isso funcionava?

Amaury Ribeiro Jr - Eu tô há 20 anos, como diz o próprio livro, vendo essas contas, rastreando tudo. Eu apurava matérias de direitos humanos, depois virei um especialista (em lavagem de dinheiro). O tesoureiro do Serra, o Ricardo Sérgio, criou um modus operandi de operar dinheiro do exterior, e eu descobri como funcionava o esquema. Eles mandavam todo o dinheiro, da propina, tudo, para as Ilhas Virgens, que é um paraíso fiscal, e depois simulavam operações de investimento, nada mais era que internação de dinheiro. Usavam umas off-shore, que simulavam investir dinheiro em empresas que eram dele mesmo no Brasil, numa ação muito amadora. A gente pegou isso tudo.

Terra Magazine - E como você conseguiu pegar isso?

Amaury Ribeiro Jr - Não teve quebra de sigilo, como me acusaram. São transações que estão em cartórios de títulos e documentos. Quando você nomeia um cara para fazer uma falcatrua dessa, você nomeia um procurador, você nomeia tudo. Rastreando nos cartórios de títulos e documentos, a gente achou tudo isso aí.

Terra Magazine - São documentos disponíveis para verificação pública então?

Amaury Ribeiro Jr - Não tem essa história de que investiguei a Verônica Serra (filha do ex-governador), que investiguei qualquer pessoa ou teve quebra de sigilo. A minha investigação é de pessoa jurídica. Meu livro coloca documentos, não tem quebra de sigilo, comprova essa falcatrua que fizeram.

Terra Magazine - Segundo seu livro, esse esquema teria chegado a movimentar cifras bilionárias então?

Amaury Ribeiro Jr.: Bilionárias, bilionárias. Esses tucanos deram uma sofisticação na lavagem de dinheiro. Eram banqueiros, ligados ao PSDB, formados na PUC do Rio de Janeiro e com pós-graduação em Harvard. A gente é muito simples, formado em jornalismo na Cásper Líbero, mas a gente aprendeu a rastrear esse dinheiro deles. Eles inventaram um marco para lavar dinheiro que foi seguido por todos os criminosos, como Fernando Beira-Mar, Georgina (de Freitas que fraudou o INSS), e eu, modestamente, acabei com esse sistema. Temos condenações na Justiça brasileira para esse tipo de operações. Os discípulos da Georgina foram condenados por operações semelhantes que o Serra fez, que o genro (dele, Alexandre Bourgeois) fez, que o (Gregório Marín) Preciado fez, que o Ricardo Sérgio fez.

Entrevista integral em:

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Aqui, trecho da matéria e entrevista com Amaury Ribeiro Jr., feita por Luiz Carlos Azenha, do site Viomundo.

8 de dezembro de 2011 às 21:41

Exclusivo: Leilões, arapongas e o poder de Serra

Por Luiz Carlos Azenha

(...)

O livro de Amaury trata de questões espinhosas. Para os não iniciados, nem sempre é simples seguir o caminho do dinheiro.

O jornalista focou em alguns personagens importantes das privatizações e do PSDB:

Ricardo Sérgio de Oliveira, homem de confiança de Serra, ex-funcionário do Citibank, ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, que ajudou a ‘modelar’ a privatização da Telebrás e controlou, através de um aliado, João Bosco Madeiro da Costa, a Previ, Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, que teve um papel decisivo no processo; ex-tesoureiro de campanhas de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.

Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de José Serra; representou a empresa espanhola Iberdrola na privatização da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, a Coelba. É personagem de um milagre empresarial. Passou da falência à bonança graças a um tratamento extremamente ‘carinhoso’ do Banco do Brasil. Sócio de Serra na compra de um terreno em São Paulo, é vizinho da filha de José Serra, Verônica, em Trancoso, na Bahia.

Verônica Serra, “a mulher mais importante da internet brasileira”, segundo a revista Isto É Dinheiro.
Amaury revela que Verônica foi indiciada… justamente por quebrar o sigilo fiscal alheio (acusação feita contra Amaury em 2010). O livro diz que a empresária mentiu sobre a Decidir.com, empresa em que foi sócia de outra Verônica, a Dantas. Num dos trechos mais saborosos, Amaury explica como o banqueiro Daniel Dantas usou a revista e Verônica para mandar um recado a José Serra.

(...)

Texto integral e áudio da entrevista em:

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Aqui, texto de Rodrigo Viana, do site Escrevinhador, que participou da entrevista de lançamento do livro:

Privataria Tucana

A fala de Amaury, o livro e a CPI

publicada domingo, 11/12/2011 às 22:47 e atualizada domingo, 11/12/2011 às 22:47

por Rodrigo Vianna

Participei da tuitcam com Amaury Ribeiro Jr, na última sexta-feira.* O autor (que é também jornalista) estava  um pouco exaltado no início do bate-bapo. Cheguei a pensar: a editora deveria ter preparado melhor isso, com um formato mais organizado, combinado com o Amaury como se portar. Depois, percebi que isso era fruto de minha cabeça “viciada” de TV.

Aquilo não era um programa de TV. Era um papo na internet. Amaury se mostrou como é: ele fala meio enrolado (como sabem todos os que convivem com ele), exalta-se facilmente, parece perder-se na miudeza dos fatos, mas de repente engata um raciocnio complicado sobre o sistema de lavagem de dinheiro – que conhece profundamente. E revela a grandiosidade da investigação que conduziu.  O Amaury é assim! A tuitcam serviu para mostrá-lo como é, sem retoques.

E é preciso entender o que o Amaury passou ano passado. A imprensa tentou trucidá-lo, transformá-lo num bandido. Ele, que tinha trabalhado nas principais redações do país, foi transformado no pivô de um história que o serrismo e seus parceiros da mídia usaram pra tentar virar a eleição.

Por isso, quando abri a conversa perguntando pro Amaury “quem é mais importante nessa história, Ricardo Sergio ou Serra?”, ele respondeu: “a imprensa, a mídia”.

O resultado das mais de duas horas de convesa com o Amaury foi um volume brutal de informações – que deve ter deixado ainda mais gente com vontade de ler o  já famoso “A Privataria Tucana”.

Ainda durante a tuitcam, soubemos da capa da “Veja” – com a denúncia contra petistas de Minas (oh, santa coincidência) que teriam encomendado arapongagens contra tucanos (pobrezinhos). Essa é a “Veja”. A capa foi o primeiro tiro de Serra no contra-ataque ao livro do Amaury.

O curioso é que, no bate-papo com os blogueiros Amaury tinha avisado que essa é uma prática do serrismo: quando se sente acuado, cria uma situação para desviar o foco das atenções; costuma acusar os adversarios daquilo que faz. Por isso, Serra (que segundo Amaury usa e abusa dos dossiês) passou várias semanas na campanha de 2010 acusando os adversários de prepararem dossiê contra ele. O contra-ataque na “Veja” parece seguir essa linha.

Nas próximas semanas, podemos esperar: campanhas de desqualificaçãos (mini dossiês contra Amaury e outros que tiveram a coragem de ajudar a preparar esse livro histórico), ataques contra setores do PT e contra o aecismo (que Serra acredita estar por trás de Amaury), mas também muitas novidades a partir do que o livro mostrou.

O “Tijolaço”, do Brizola, descobriu uma ponte entre a CITCO (paraíso das offshores de Ricardo Sérgio e de outros personagens citados no livro) e o filho de FHC.

Outro desdobramento: as reações no Congresso. O PT reagiu de forma um pouco discreta. Mas há vozes dissonantes (também em outros partidos) clamando por uma “CPI da Privataria”. Essa seria uma grande bandeira: CPI da Privataria!

Importante também seria algum parlamentar chamar Amaury e Ricardo Sérgio (além de Verônica Serra e Verônica Dantas) para depois no Congresso.

*Participaram da tuitcam, além desse escrevinhador: Azenha e Conceição (“VioMundo”), Emediato (dono da Geração, editora que lançou o livro), Fernando Brito (“Tijolaço”), Luiz (“Minas sem Censura”), Maringoni (“CartaMaior”), Miro (“Blog do Miro”), Luiz (“Minas Sem Censura”) Nassif (Blog do Nassif), Rovai (“Blog do Rovai” e revista “Forum”).


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Aqui, a matéria de Leandro Fortes na Carta Capital sobre o livro “A Privataria Tucana”.

um trecho:

O livro traz, por exemplo, documentos nunca antes revelados que provam depósitos de uma empresa de Carlos Jereissati, participante do consórcio que arrematou a Tele Norte Leste, antiga Telemar, hoje OI, na conta de uma companhia de Oliveira nas Ilhas Virgens Britânicas. Também revela que Preciado movimentou 2,5 bilhões de dólares por meio de outra conta do mesmo Oliveira. Segundo o livro, o ex-tesoureiro de Serra tirou ou internou  no Brasil, em seu nome, cerca de 20 milhões de dólares em três anos. 

A Decidir.com, sociedade de Verônica Serra e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, também se valeu do esquema. Outra revelação: a filha do ex-governador acabou indiciada pela Polícia Federal por causa da quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros. Por meio de um contrato da Decidir com o Banco do Brasil, cuja existência foi revelada porCartaCapital em 2010, Verônica teve acesso de forma ilegal a cadastros bancários e fiscais em poder da instituição financeira.

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Para comprar o livro.

Aqui, no blog da editora, Geração Editorial:

Na Livraria Cultura:

Na Siciliano:

Na Skoob:

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Atualizado em 12.12.11:

Alô Mino! Finalmente a Carta Capital é citada no Estadão! Alô Estadão! Verônica Dantas, sócia de Verônica Serra, filha de José Serra, é irmã de Daniel Dantas, e não sua filha.

O livro "A Privataria tucana" será um best-seller, a primeira edição de 15 mil exemplares esgotou em dois dias. Já deu para perceber que não será fácil silenciar sobre o assunto. Hoje, o Estadão fala do livro e cita finalmente, olha só!, a Carta Capital.

O texto do Estadão, também pela primeira vez, que eu lembre, assume como verdadeiro o fato de que Verônica Serra, filha de José Serra, era sócia de Verônica Dantas, irmã (e não filha, alô Estadão!) de Daniel Dantas. O Estadão afirma que o livro de Amaury Ribeiro Jr. detalha as atividades da filha de Serra "na empresa que tinha em sociedade com a filha (sic) do banqueiro Daniel Dantas".


PSDB

09.dezembro.2011 16:36:31

Livro relaciona Serra a escândalo nas privatizações; autor foi acusado de quebrar sigilo de tucanos

estadão.com.br

Chegou nesta sexta-feira, 9, às livrarias o livro A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que foi acusado de quebrar o sigilo bancário e fiscal de integrantes do PSDB e de parentes do então candidato José Serra. A obra relaciona o ex-governador de São Paulo a esquema de desvio e lavagem de dinheiro do Banestado, alvo de uma CPI nos anos 1990, e acusa o tucano de usar arapongas para espionar adversários políticos.

O livro relata bastidores da disputa entre Serra e o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pela candidatura do PSDB à Presidência em 2010. O autor conta que, quando atuava como repórter do jornal O Estado de Minas, recebeu uma pauta encomendada pelo governo de Minas para que investigasse a vida de Serra. O pedido seria uma retaliação, segundo o autor, à produção de um dossiê contra Aécio por arapongas ligados ao tucano paulista.

Amaury afirma que investigou a suposta estrutura de arapongagem de Serra, mas a publicação do material foi cancelada após acordo entre os dois tucanos. Segundo o autor, Serra criou um centro de espionagem e montagem de dossiês na Secretaria de Segurança da Anvisa durante sua gestão à frente do Ministério da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso, e manteve a equipe em atividade após sua saída da pasta.

Esquema. A privataria tucana afirma que o ex-tesoureiro da campanha de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor da área internacional do Banco do Brasil nos anos 1990, era o mentor de um esquema de propinas, desvios e lavagem de dinheiro envolvendo privatizações e paraísos fiscais. Amaury descreve detalhes sobre as operações financeiras realizadas por Oliveira através de empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.

O jornalista relaciona esse suposto esquema a outros, que segundo o livro teriam sido realizados pelo genro de José Serra, Alexandre Bourgeois, pela sua filha, Verônica, e por outras pessoas próximas ao tucano. Além disso, detalha as atividades da filha de Serra na empresa que tinha em sociedade com a filha do banqueiro Daniel Dantas.

Retaliação. Em entrevista à revista Carta Capital, que publicou trechos do livro, Amaury Ribeiro Jr. comentou as acusações de que teria sido o responsável pela quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra e de políticos tucanos. O jornalista disse que o ex-governador de São Paulo  “tem medo” das revelações que faz em seu livro e que a acusação “foi uma armação”. “Pagaram para um despachante para me incriminar.” Amaury relata ter ouvido de fontes tucanas que “Serra ficou atormentado” ao saber da elaboração do livro. “Aí partiram para  cima de mim”, explicou.


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Sobre o livro, na Folha Online:
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Há muitos boatos circulando na rede sobre a apreensão ou proibição do livro. 

De um twitter, há 6 horas:
Explicando o que aconteceu hoje na livraria Cultura. Pedi a um vendedor que me desse "Privataria Tucana". Ele me disse que a livraria não venderia mais o livro, e que ele havia sido censurado. Quando perguntei o motivo, a resposta foi clara "o conteúdo". Aparentemente o que o vendedor me disse não era verdade. O livro está, sim, à venda (ao menos no site). Não sei porque o vendedor me disse isso, mas é, no mínimo, um sinal de que a alguém esse livro realmente incomodou.

Outros comentários informam (mas não é possível checar sua veracidade) que a venda do livro teria sido proibida em Minas Gerais. O deputado Protógenes Queiroz diz (em seu twitter) que o livro estaria sendo "escondido" em depósitos, há quem diga que o próprio José Serra teria tentado comprar todas os exemplares à venda numa livraria paulista, o que é patético demais para ser verdade.

Boatos à parte, o livro pode ser comprado também em sua versão digital, na Livraria Saraiva, aqui:


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Aqui, trecho do comentário de Luciano Martins Costa no Observatório de imprensa;


PRIVATARIA TUCANA

O escândalo do século

Por Luciano Martins Costa em 12/12/2011 na edição 671
         
O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, intitulado A privataria tucana, publicado pela Geração Editorial na coleção “História Agora”, está produzindo um estranho fenômeno na imprensa brasileira: provoca um dos mais intensos debates nas redes sociais, mobilizando um número espantoso de jornalistas, e não parece sensibilizar a chamada grande imprensa.

O autor promete, na capa, entregar os documentos sobre o que chama de “o maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Anuncia ainda relatar “a fantástica viagem das fortunas tucanas até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas”. E promete revelar a história “de como o PT sabotou o PT na campanha de Dilma Rousseff”.

Ex-repórter do Globo, originalmente dedicado ao tema dos direitos humanos, Ribeiro Jr. ganhou notoriedade no ano passado ao ser acusado de violar o sigilo da comunicação de personagens da política ao investigar as fonte de um suposto esquema de espionagem que teria como alvo o então governador mineiro Aécio Neves. Trabalhava, então, no jornal Estado de Minas, que apoiava claramente as pretensões de Neves de vir a disputar a candidatura do PSDB à Presidência da República em 2010.

Os bastidores dessa história apontam para o ex-governador paulista José Serra como suposto mandante da espionagem contra Aécio Neves, seu adversário até o último momento na disputa interna para decidir quem enfrentaria Dilma Rousseff nas urnas.

“Outro ninho”

Informações que transitaram pelas redes sociais no domingo (11/12) dão conta de que Serra tentou comprar todo o estoque de A privataria tucana colocado à venda na Livraria Cultura, em São Paulo, e que teria disparado telefonemas para as redações das principais empresas de comunicação do país.

Intervindo em um grupo de conversações formado basicamente por jornalistas, o editor Luiz Fernando Emediato, sócio da Geração Editorial, afirmou que foram vendidos 15 mil exemplares em apenas um dia, no lançamento ocorrido na sexta-feira (9). Outros 15 mil exemplares estavam a caminho, impressos em plantão especial para serem entregues às livrarias na segunda, dia 12, juntamente com o lançamento da versão digital.

Aos seus amigos do PSDB, Emediato recomendou cautela e a leitura cuidadosa da obra, afirmando que o trabalho de Amaury Ribeiro Jr. não é “dossiê de aloprado, não é vingança, não é denúncia vazia, não é sensacionalismo. É jornalismo”.

O editor indicou ainda aos leitores que procurassem informações no blog do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), no qual, segundo ele, estariam as pistas de “outro ninho offshore na rua Bernardino de Campos, no bairro do Paraíso, em São Paulo. A investigação agora chega na família do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Vamos ver onde isso vai parar”, concluiu.

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Os sites dos principais jornais do país praticamente ignoraram o assunto. Mas portais importantes como o Terra Magazine entrevistaram o autor. O tema é capa da revista Carta Capital, e não há como os jornais considerados de circulação nacional deixarem a história na gaveta. Mesmo que seus editores demonstrem eventuais falhas na apuração de Amaury Ribeiro Jr., o fenômeno da mobilização nas redes sociais exige um posicionamento das principais redações.

Se a carreira de Serra parece ter se chocado contra o iceberg do jornalismo investigativo, a imprensa precisa correr imediatamente para um bote salva-vidas. Ou vai afundar junto com ele.


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Atualizado 12.11.11, 16:15

Há cada vez mais boatos sobre as dificuldades de comprar o livro. Parece que são só boatos.

Do site da Carta Capital:

‘A privataria tucana’ vende 15 mil exemplares no 1º dia nas livrarias

Lançado na sexta-feira 9, o livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que relata irregularidades durante o processo de privatizações de empresas públicas nos anos FHC, conseguiu a proeza de vender 15 mil exemplares no seu primeiro dia nas livrarias. A alta vendagem em tão pouco tempo pegou de surpresa tanto a editora que bancou a publicação, a Geração Editorial, quanto as principais megastores.

“Estamos imprimindo mais 15 mil. Subestimamos a demanda, mas o erro não foi só nosso. Algumas livrarias não estavam acreditando. Mas em uma semana o livro estará, de novo, em todos os pontos comerciais”, disse o editor Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial, ao site Brasil 247.

O esgotamento relâmpago do livro nas livrarias gerou o boato, difundido nas redes sociais durante o fim de semana, de que grandes livrarias, como a Cultura, estariam boicotando a obra após um pedido de José Serra, principal personagem do livro. CartaCapital entrou em contato com a Geração Editorial, que desmentiu a informação.

A Livraria Cultura também negou que pessoas ligadas a José Serra tenham tentado comprar todo o estoque do livro na unidade do Conjunto Nacional, em São Paulo, principal loja da megastore. Segue nota de esclarecimento da empresa: “A Livraria Cultura foi citada em matérias na internet sobre o livro Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr. (Geração editorial). Uma fonte não identificada da Livraria teria dito que houve uma tentativa de comprar todo o estoque do produto com o suposto objetivo de impedir que outros o adquirissem. Esclarecemos que tal fato não aconteceu.

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Comentário de Bob Fernandes sobre o livro de Amaury Ribeiro Jr. e sobre o silêncio da mídia.


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Texto de Maria Inês Nassif no site Carta Maior:

Um sucesso de vendas cercado por um muro de silêncio

Maria Inês Nassif

O livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., foi lançado há quatro dias e já é um fenômeno de vendas cercado por um muro de silêncio. Produto de doze anos de trabalho - e, sem dúvida, a mais completa investigação jornalística feita sobre o submundo da política neste século -, o livro consegue mapear o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado em torno do político tucano José Serra - ex-deputado, ex-senador, ex-ministro, ex-governador, ex-prefeito e candidato duas vezes derrotado à Presidência da República. De quebra, coloca o PT em duas saias justas. A primeira delas é a constatação de que o partido, no primeiro ano de governo Lula, "afinou" diante do potencial de estrago da CPMI do Banestado, que pegou a lavanderia de vários esquemas que, se atingiam os tucanos, poderiam também resvalar para figuras petistas. O segundo mal-estar com o PT é o ultimo capítulo do livro, quando o autor conta a "arapongagem" interna da campanha do PT, que teria sido montada para derrubar o grupo ligado ao mineiro Fernando Pimentel da campanha da candidata Dilma Rousseff. Amaury aponta (como ele já disse antes) para o presidente do partido, Rui Falcão. Falcão já moveu um processo contra o jornalista por conta disso. O jornalista mantém a acusação.

Ao atirar para os dois lados, o livro-bomba do jornalista, um dos melhores repórteres investigativos do país, acabou conseguindo a façanha de ser ignorado pela mídia tradicional e igualmente pelo PT e pelo PSDB. O conteúdo de seu trabalho, todavia, continua sendo reproduzido fartamente por sites, blogs e redes sociais. Esgotado ontem nas livrarias, caminha para sua segunda edição. E já foi editado em e-book.

Os personagens do PSDB são conhecidos. O ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, aparece como o "engenheiro" de um esquema que operou bilhões de dólares durante as privatizações e os dois governos de Fernando Henrique Cardoso. A mesma tecnologia financeira usada por Oliveira foi depois copiada pela filha de Serra, Verônica, e seu marido, Alexandre Burgeois. Gregório Marin Preciado surge também como membro atuante do esquema. Ele é casado com uma prima do tucano nascido na Móoca, ex-líder estudantil e cardeal tucano.

Embora esteja concentrado nesse grupo específico do tucanato - o empresário Daniel Dantas só aparece quando opera para o mesmo esquema -, o livro não poupa gregos, nem troianos. A documentação da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do Banestado, que forneceu os primeiros documentos sobre lavagem de dinheiro obtido ilegalmente das privatizações, é o pontapé inicial do novelo que se desenrola até as eleições presidenciais do ano passado. A comissão, provocada por denúncias feitas pela revista Isto É, em matéria assinada pelo próprio Ribeiro Jr. e por Sônia Filgueiras, recebeu da promotoria de Nova York, e foi obrigada a repassá-lo à Justiça de São Paulo, um CD com a movimentação de dinheiro de brasileiros feita pelo MTB Bank, de NY, fechado por comprovação de que lavava dinheiro do narcotráfico, do terrorismo e da corrupção, por meio de contas de um condomínio de doleiros sul-americanos.

O material era uma bomba, diz o jornalista, e provocou a "Operação Abafa" da comissão de inquérito, pelo seu potencial de constranger tanto tucanos, como petistas (a CPMI funcionou no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003).

Amaury Ribeiro conta de forma simples intrincadas operações de esfria/esquenta dinheiro ilegal - e, de quebra, dá uma clara ideia de como operava a "arapongagem tucana" a mando de Serra. Até o livro, as acusações de que Serra fazia dossiês para chantagear inimigos internos (do PSDB) e externos eram só folclore. No livro, ganham nome, endereço e telefone.

Nos próximo parágrafos, estão algumas das histórias contadas por Amaury Ribeiro Jr., com as fontes. Nada do que aponta deixa de ter uma comprovação documental, ou testemunhal. É um belo roteiro para a grande imprensa que, se não acusou até agora o lançamento do livro, poderia ao menos tomá-lo como exemplo para voltar a fazer jornalismo investigativo.

1. A arapongagem da turma do José Serra (pág. 25) - Quando ministro da Saúde do governo FHC, José Serra montou um núcleo de inteligência dentro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (a Gerência Geral da Secretaria de Segurança da Anvisa). O núcleo era comandado pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), também delegado. O grupo foi extinto quando a imprensa denunciou que o grupo bisbilhotava a vida dos funcionários. O funcionário da Agência Brasileira de Informações Luiz Fernandes Barcellos (agente Jardim) fazia parte do esquema. Também estava lá o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo de Graças Souza.

Este núcleo, mesmo desmontado oficialmente, teria sido usado por Serra, quando governador, para investigar os "discretos roteiros sentimentais" do governador de Minas, Aécio Neves, no Rio de Janeiro. De posse do dossiê, Serra teria tentado chantagear Aécio para que o governador mineiro não disputasse com ele a legenda do PSDB para a Presidência da República. O agente Jardim, segundo apurou Amaury, fez o trabalho de campo contra Aécio. (Fontes: O agente da Cisa Idalísio dos Santos, o Dadá, conseguiu informações sobre o núcleo de arapongagem de Serra e teve a informação confirmada por outros agentes. Para a "arapongagem" contra Aécio, o próprio Palácio da Liberdade).

2. O acordo entre Serra e Aécio (págs. 25 a 28) - Por conta própria, Ribeiro Jr., ainda no "Estado de Minas" e sem que sua apuração sobre a arapongagem de Serra tivesse sido publicada, retomou pauta iniciada quando ainda trabalhava no "Globo", sobre as privatizações feitas no governo FHC. Encontrou a primeira transação do ex-tesoureiro de campanha de FHC e Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira: a empresa offshore Andover, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que injetava dinheiro de fora para outra empresa sua, em São Paulo, a Westchester. (Fontes: cartórios de títulos e documentos e Juntas Comerciais de São Paulo e do Rio).

Nos mesmos papéis, encontrou outro personagem que usava a mesma metodologia de Oliveira: o genro de Serra, Alexandre Bourgeois, casado com Verônica Serra. Logo após as privatizações das teles, Bourgeois abriu duas off-shores no mesmo paraíso fiscal - a Vex Capital e a Iconexa Inc, que operavam no mesmo escritório utilizado pelo ex-tesoureiro, o do Citco Building. (Fonte: 3° Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo).

Amaury ligou para assessoria de Serra no governo do Estado e se deu mal: as informações, das quais queria a versão do governador, serviram para que o tucano paulista ligasse para Aécio e ambos aparassem as arestas. O Estado de Minas não publicou o material.

3. Ricardo Sérgio de Oliveira, Carlos Jereissati e a privatização das teles - O primeiro indício de que a privatização das teles encheu os cofres de tucanos apareceu no relatório sobre as movimentações financeiras do ex-caixa de campanha Ricardo Sérgio de Oliveira que transitou pela CPMI do Banestado. A operação comprova que Oliveira recebeu propina do empresário Carlos Jereissati, que adquiriu em leilão a Tele Norte Leste e passou a operar a telefonia de 16 Estados. A offshore Infinity Trading (de Jereissati) depositou US$ 410 mil em favor da Fanton Interprises (de Ricardo Sérgio) no MTB Bank, de Nova York.

Comprovação do vínculo da Infinity Trading com Jereissati: Relatório 369 da Secretaria de Acompanhamento Econômico; documentos da CPMI do Banestado.

Comprovação do vínculo de Oliveira com a Franton: declaração do próprio Oliveira, à Receita Federal, de uma doação à Franton, em 2008.

4. Quando foi para a diretoria Internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio tinha duas empresas, a Planefin e a RCM. Passou a administração de ambas para a esposa, a desenhista Elizabeth, para assumir o cargo público. Em 1998, a RCM juntou-se à Ricci Engenharia (do seu sócio José Stefanes Ferreira Gringo), para construir apartamentos. Duas torres foram compradas pela Previ (gerida pelo seu amigo João Bosto Madeira da Costa) ainda na maquete. A Planefin entrou no negócio de Intenet recebeu líquido, por apenas um serviço, R$ 1,8 milhão do grupo La Fonte, de Carlos Jereissati, aquele cujo consórcio, a Telemar, comprou a Tele Norte Leste (com a ajuda de Ricardo Sérgio, que forneceu aval do BB e dinheiro da Previ à Telemar).

5. Em julho de 1999, a Planefim comprou, por R$ 11 milhões, metade de um prédio de 13 andares no Rio, e outra metade de outro edifício em Belo Horizonte. As duas outras metades foram compradas pela Consultatum, do seu sócio Ronaldo de Souza, que morreu no ano passado. Quem vendeu o patrimônio foi a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, reduto tucano. O dinheiro para pagar a metade de Ricardo Sérgio nos imóveis veio da Citco Building, nas Ilhas Virgens Briânicas, a mesma "conta-ônibus" de doleiros que viria a lavar dinheiro sul-americano sujo, de várias procedências.

Amanhã, a Carta Maior contará o que o livro de Amaury Ribeiro Jr. revela das operações feitas pela filha e genro de Serra, Verônica e Alexandre Bourgeois, e pelo primo Gregório Marín Preciado.

Publicado originalmente em:

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Matéria sobre o livro entrevista de Amaury Ribeiro Jr. a Heródoto Barbeiro.

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Atualizado em 13.12.12:

Da Folha de S. Paulo, na edição de hoje, em nota de Mônica Bérgamo:

CABECEIRA

O clima entre José Serra e Aécio Neves, do PSDB, que andava ruim há muito tempo, nos últimos dias ficou péssimo.

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Não sei se entendi o título. Cabeceira?

O livro de Amaury Ribeiro Jr. foi lançado há 4 dias, em 9 de dezembro.

Talvez os grandes jornais, a exemplo do que fez recentemente o Estadão, pudessem incluir um selo em suas primeiras páginas: “Há 4 dias sob censura”.

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Atualizado em 14.12.11:

"Lixo é lixo".

Primeira declaração de José Serra sobre o livro "A Privataria tucana", de Amaury Ribeiro Jr.: "Lixo é lixo".

Por Daniela Martins | Valor

BRASÍLIA - O ex-governador paulista José Serra (PSDB) classificou hoje como “lixo” o livro “Privataria Tucana”, que mostra um suposto esquema de corrupção no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que atingiria Serra, então ministro do Planejamento.

O livro foi escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior – apontado como autor de um dossiê contra o PSDB durante as eleições presidenciais no ano passado. O principal prejudicado pelas acusações levantadas por Amaury seria exatamente Serra, adversário direto do PT no pleito. “Vou comentar o que sobre lixo? Lixo é lixo”, limitou-se a dizer o tucano, que negou ter lido o livro.

Fonte: Valor Econômico

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Do estadão.com.br:

Livro relaciona Serra a escândalo nas privatizações do governo FHC 

O ex-governador  José Serra (PSDB-SP) chamou de “lixo” o livro “Privataria Tucana” do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Na publicação, o repórter fala de um suposto esquema de corrupção no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que envolveria Serra, que ocupou a pasta do Planejamento.

“Vou comentar o que sobre lixo? Lixo é lixo”, afirmou Serra ao ser questionado sobre o livro. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez um comentário breve sobre o livro. "Não é uma literatura que me interesse. Os que se interessarem devem lê-lo", declarou. Os dois participaram nesta tarde da inauguração de uma sala da liderança tucana na Câmara batizada de Artur da Távola.

Amaury Ribeiro Júnior foi acusado no ano passado durante a campanha eleitoral de ter encomendado a quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB. Tiveram o sigilo violado o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira, a filha de Serra, Verônica, entre outros. O jornalista negociou participação na pré-campanha da presidente Dilma Rousseff. Amaury afirmou na época que estava buscando informações para seu livro e negou a prática de ilegalidade.


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Um vídeo bastante instrutivo sobre o discurso político, debate entre o vereador Donato, do PT, e o vereador Floriano Pesaro, PSDB, na Câmara Municipal de São Paulo, sobre o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, A Privataria Tucana.

O vereador petista reclama da mesa da Câmara que o clipping da casa não traz a matéria completa da revista Carta Capital sobre a privataria tucana, mas traz a matéria completa da revista Veja sobre os “falsários petistas”, coincidentemente lançada no mesmo dia que o livro de Amaury.

Os grandes caciques tucanos fogem do assunto da privataria como vampiros fogem do alho e da água benta, mas o intrépido vereador tucano solta o verbo. Seu discurso deveria ser degravado e analisado, é uma síntese da retórica da elite (econômica) brasileira. 

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"A privataria tucana", na Wikipedia:


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Contagem da busca "privataria" no Google, 14.12.11, às 12:21:

aproximadamente 495.000 citações.

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PSDB vai mesmo processar o Amauri Ribeiro Jr.?

Na coluna do Noblat, hoje:

POLÍTICA

PSDB defenderá Serra e processará autor de livro contra ele

A bancada de deputados federais do PSDB se reúne esta tarde, em Brasília, para anunciar providências quanto à publicação do livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que começou a ser vendido no último domingo.

Amaury acusa políticos do PSDB, entre eles o ex-governador José Serra, de São Paulo, de terem se beneficiado da venda de empresas estatais durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

- É um saque (financeiro) que eles fizeram da privatização brasileira. Eles roubaram o patrimônio do País, e eu quero provar que eles são um bando de corruptos", dispara Ribeiro Jr. "A grande força desse livro é mostrar documentos que provam isso".

O PSDB entrará na Justiça com vários processos contra Amaury. E a bancada de deputados federais sairá em defesa de Serra - bem como outras instâncias do partido.

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Comentário: duvido que o PSDB processe o Amaury. Os tucanos hão de se lembrar que uma das principais fontes da pesquisa do livro "A privataria tucana" foi exatamente um processo contra o jornalista, movido por Ricardo Sérgio de Oliveira, quando ele fez a cobertura da CPI do Banestado. No processo, Amaury pediu "exceção da verdade", alguém processado por calúnia pode pedir para ter acesso aos autos, para provar que está dizendo a verdade. Amaury ganhou o processo e pode ler todos os documentos da CPI.

É esperar para ver, mas aposto que o processo vai ficar só na "ameaça", alguém vai dizer que não vale a pena promover o livro e mudar de assunto.

Atualizado às 22:43

Hoje à tarde publiquei aqui (e no blog do Nassif) este comentário aí de cima, duvidando que o PSDB decidissse processar o Amaury.

Hoje à noite, o Noblat publicou esta nota:

Enviado por Ricardo Noblat - 14.12.2011 | 20h21m

POLÍTICA

PSDB pensa melhor e se cala sobre livro que ataca Serra

Esta manhã, um tucano de vasta e colorida plumagem me contou que o PSDB sairia, hoje, em defesa do ex-governador José Serra, alvo do livro "A Privataria Tucana" escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr.

A bancada de deputados federais do partido se reuniria no fim da tarde para soltar uma nota a respeito. O líder do partido na Câmara faria um discurso. E em São Paulo, o PSDB anunciaria a entrada na Justiça de uma série de pedidos de processos contra o autor do livro.

Há pouco, um membro da Executiva Nacional do PSDB confirmou que, de fato, era o que estava previsto.

Nada aconteceu. Nadinha.

Até agora só se conhece duas avaliações sobre o livro feitas de público por tucanos de primeira linha. "É um lixo", decretou Serra. "É uma literatura menor", disse o senador Aécio Neves (MG).

À TV Record, Aécio disse ainda: "Quem quiser ler que leia".


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Resta ao tucanos apenas o silêncio cúmplice da mídia.

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Contagem da busca "privataria" no Google, 14.12.11, às 22:58:

aproximadamente 547.000 citações.

Aproximadamente 52.000 citações novas nas últimas 10 horas.

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Atualizado em 15.12.12

Demorou.


Capa do UOL de hoje:

15/12/2011 - 07h22

Em livro, jornalista acusa tucanos de receber propina

Um livro que chegou à praça no fim de semana acusa o ex-governador José Serra de receber propinas de empresários que participaram das privatizações conduzidas pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Publicado pela Geração Editorial, "A Privataria Tucana" foi escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., que no ano passado foi acusado de participar da montagem de uma central de espionagem no comitê da campanha da presidente Dilma Rousseff.

Serra diz que livro é 'coleção de calúnias'; outros não comentam

O livro sustenta que amigos e parentes de Serra mantiveram empresas em paraísos fiscais e as usaram para movimentar milhões de dólares entre 1993 e 2003, mas não oferece nenhuma prova de que esse dinheiro tenha relação com as privatizações.

Algumas informações do livro circularam na campanha eleitoral do ano passado e boa parte do material foi publicada antes por jornais e revistas, entre eles a Folha.

O livro mostra que uma empresa controlada pelo empresário Carlos Jereissati nas Ilhas Cayman repassou US$ 410 mil para Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e amigo de Serra.

Segundo os documentos apresentados pelo livro, a transferência foi feita dois anos depois do leilão em que um grupo controlado por Jereissati arrematou o controle da antiga Telemar. Mas o livro não exibe prova de que a transação tenha algo a ver com Serra e a privatização.

Outro alvo do livro é a filha de Serra, Verônica Serra, que foi sócia da empresária Verônica Dantas numa firma de prestação de serviços financeiros na internet, a Decidir.

Verônica Dantas é irmã do banqueiro Daniel Dantas, que controlou a antiga Brasil Telecom até o início de 2005. A Telemar e a Brasil Telecom atualmente são parte da Oi.

O jornalista também diz que Gregório Preciado, casado com uma prima de Serra, teve ajuda de Ricardo Sérgio na privatização do setor elétrico e depois movimentou dinheiro em paraísos fiscais.

No governo FHC, Ricardo Sérgio, como diretor do Banco do Brasil, exercia influência sobre a Previ, o fundo de pensão dos empregados do BB, que se associou aos vários grupos que participaram das privatizações da época.

Ribeiro Jr. foi acusado pela Polícia Federal de ter violado o sigilo fiscal de dirigentes tucanos e dos familiares de Serra durante suas investigações, pagando despachantes para obter ilegalmente informações sobre eles.

O jornalista diz que não fez nada ilegal. Ele iniciou suas investigações quando trabalhava para o jornal "Estado de Minas" e o então governador do Estado, Aécio Neves, disputava com Serra a indicação do PSDB para disputar a eleição presidencial.

Sua atuação só foi exposta mais tarde, quando Aécio já estava fora da disputa e Ribeiro Jr. foi chamado pelo jornalista Luiz Lanzetta para colaborar com a campanha de Dilma, um projeto que foi abortado pela cúpula do PT antes de ganhar corpo.



15/12/2011 - 07h23

Serra diz que livro é 'coleção de calúnias'; outros não comentam

O ex-governador José Serra, principal alvo de "A Privataria Tucana", chamou o livro de "lixo", "coleção de calúnias" e "crime organizado fingindo ser jornalismo".

Ele afirmou ainda que seu autor, o jornalista Amaury Ribeiro Jr, foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito que apura a suposta montagem de um dossiê com informações sigilosas sobre tucanos durante a campanha presidencial de 2010.

Em livro, jornalista acusa tucanos de receber propina

"Trata-se de uma coleção de calúnias que vem de uma pessoa indiciada pela Polícia Federal. Isso é crime organizado fingindo ser jornalismo", afirmou Serra sobre o livro, por meio de sua assessoria de imprensa.

Anteontem, ao ser questionado sobre o livro em Brasília, ele disse repetidas vezes: "É lixo, lixo, lixo".

O ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-tesoureiro de campanhas do PSDB Ricardo Sérgio de Oliveira, também citado por Ribeiro Jr., não quis se manifestar, segundo informou seu advogado.

Em outras ocasiões, Ricardo Sérgio negou as acusações de irregularidades e de pagamento de propina no leilão do sistema Telebrás, no governo Fernando Henrique Cardoso.

Em 2002, ele depôs sobre o caso à Polícia Federal e disse ser alvo de "injustas acusações e constrangimentos".

Em nota divulgada após o depoimento, o ex-diretor do BB negou "qualquer interferência indevida ou influência de sua parte que pudesse ensejar o pagamento ou recebimento de vantagens ilícitas" nas privatizações.

A assessoria do grupo La Fonte/Jereissati Participações, de Carlos Jereissati, informou que ele também não comentaria o livro "A Privataria Tucana".

O empresário Gregório Marin Preciado, que é casado com uma prima de Serra, não foi localizado ontem para falar sobre as acusações.


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Comentário: Para defendê-lo, é certo que a turma de José Serra e outros tucanos esperavam que ele defendesse a si mesmo, o que agora faz. Se o livro é uma coleçãode calúnias, que os caluniados processem o autor, parece inevitável que o façam.

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Trecho de entrevista de Amaury Ribeiro Jr. no site Viomundo, ontem:

Com 80 mil cópias, 2ª edição de Privataria Tucana chega na sexta às livrarias

Viomundo – Grande parte do material que embasou o teu livro foi obtida em decorrência do processo movido contra você por Ricardo Sérgio de Oliveira, que foi presidente da área internacional do Banco do Brasil na gestão FHC. Para provar que estava dizendo a verdade, você recorreu a um procedimento chamado exceção da verdade. Amaury, por favor, explique para os leitores do Viomundo o que é a exceção da verdade.

Amaury Ribeiro Jr. – É o seguinte. Quando se é processado, você tem o direito de provar que o que está dizendo é verdadeiro. A esse processo se dá o nome de exceção da verdade. Foi o que eu fiz quando o Ricardo Sérgio de Oliveira entrou com processo contra mim por danos morais em função de matérias em que o denunciei. Em função disso, tive acesso a todos os documentos da CPI do Banestado que envolviam o Ricardo Sérgio. Eu ganhei esse processo e parte do material, ao qual eu tive acesso devido ao pedido de exceção da verdade, embasa o meu livro.

Viomundo — Você recorreria novamente a exceção da verdade, para provar que tudo o que está em A Privataria tucana é verdade?

Amaury Ribeiro Jr. – Com certeza! É só me questionarem.

texto integral em:

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Atualizado em 16.12.12, 10:09:

Pesquisa de "privataria" no Google: aproximadamente 636.000 resultados

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Nota de Fernando Henrique Cardoso:

A infâmia, infelizmente, tem sido parte da política partidária. Eu mesmo, junto com eminentes homens públicos do PSDB, fomos vítimas em mais de uma ocasião, a mais notória das quais foi o "Dossiê Cayman", uma papelada forjada por falsários em Miami para dizer que possuíamos uma conta de centenas de milhões de dólares na referida ilha. Foi preciso que o FBI pusesse na cadeia os malandros que produziram a papelada para que as vozes interessadas em nos desmoralizar se calassem. Ainda nesta semana a imprensa mostrou quem fez a papelada e quem comprou o falso dossiê Cayman para usá-lo em campanhas eleitorais contra os tucanos. Esse foi o primeiro. Quem não se lembra, também, do "Dossiê dos Aloprados" e do "Dossiê de Furnas", desmascarado nestes dias?

Na mesma tecla da infâmia, um jornalista indiciado pela Polícia Federal por haver armado outro dossiê contra o candidato do PSDB na campanha de 2010, fabrica agora "acusações", especialmente, mas não só, contra José Serra. Na audácia de quem já tem experiência em fabricar "documentos" não se peja em atacar familiares, como o genro e a filha do alvo principal, que, sem ter culpa nenhuma no cartório, acabam por sofrer as conseqüências da calúnia organizada, inclusive na sua vida profissional.

Por estas razões, quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação. Chega de assassinatos morais de inocentes. Se dúvidas houver, e nós não temos, que se apele à Justiça, nunca à infâmia.

São Paulo, 15 de dezembro de 2011

Fernando Henrique Cardoso

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Comentários:

Infâmia não é crime.

Sim, os homens públicos são frequentemente vítimas de dossiês, alguns falsos, outros não.

"Quem não se lembra do "Dossiê dos aloprados". Eu. O que é o "Dossiê dos Aloprados"? Quem viu?

Ser indiciado pela Polícia Federal não é prova de crime. Verônica Serra foi indiciada pela Polícia Federal, não é prova que tenha cometido crime.

FHC acusa Amaury de "infâmia", o que não é crime. (José Serra foi menos cauteloso em sua reação ao livro, chamou-o de "uma coleção de calúnias", e calúnia é crime.) FHC diz que os familiares de José Serra citados no livro não tem "culpa no cartório", o que é uma figura literária, não jurídica. 

FHC termina dizendo que, "Se dúvidas houver, e nós não temos, que se apele à Justiça". Ou seja: "nós" (tucanos) não vamos recorrer à justiça.

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Nota do PSDB:

O PSDB repudia veementemente a mais recente e leviana tentativa de atribuir irregularidades aos processos de privatização no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e acusar o Partido e os seus líderes de participar de ações criminosas.

As privatizações viabilizaram a modernização da economia brasileira, com centenas de bilhões de investimentos em serviços essenciais e a geração de milhares de empregos.

Todo o processo foi exaustivamente auditado pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal e outros órgãos de controle, e nenhuma irregularidade foi constatada.

O livro agora publicado tem as mesmas características de farsas anteriores, desmascaradas pela polícia, como a “Lista de Furnas”, o “Dossiê Cayman” e o caso dos “Aloprados”. Seu autor é um indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes, incluindo corrupção ativa e uso de documentos falsos.

Uma constante dessa fabricação de falsos dossiês tem sido a participação de membros e agentes do Partido dos Trabalhadores. Os que não se envolvem diretamente nas falsificações não têm pudor de endossá-las publicamente, protegidos, alguns deles, pela imunidade parlamentar.

A nova investida ocorre num momento em que o PT está atolado em denúncias de corrupção que já derrubaram seis ministros, e aguarda ansiosamente o julgamento do Mensalão, maior escândalo de corrupção de que se tem notícia na história do Brasil.

Serão tomadas medidas judiciais cabíveis contra o autor e os associados às calúnias desse livro.

Brasília, 15 de dezembro de 2011

Deputado Sérgio Guerra

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Comentários:

Sim, os homens públicos são frequentemente vítimas de dossiês, alguns falsos, outros não.

Ser indiciado pela Polícia Federal não é prova de crime. Verônica Serra foi indiciada pela Polícia Federal, não é prova que tenha cometido crime.

O livro de Amaury Ribeiro Jr., "A privataria tucana", em nada se parece com "A lista de Furnas" (que pode ser verdadeira e não é um livro) ou o "Dossiê Cayman" (que certamente é falso e também não é um livro).  * (ver atualização em 19.11.12)

Há envolvidos em fabricação de dossiês (falsos ou não) de todos os partidos, muitos são tucanos ou seus aliados.

Os maiores escândalos que se tem notícia não são, necessariamente, os maiores escândalos.

As medidas judiciais cabíveis seriam, se as informações trazidas a público em "A privataria tucana" forem falsas, processar o jornalista e a editora do livro por calúnia.

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Do Estadão, hoje:

Livro usa papéis da CPI do Banestado contra tucanos

Em 'A Privataria Tucana', Amaury Ribeiro Jr., indiciado pela PF, mostra documento inédito sobre suposta evasão de divisas

15 de dezembro de 2011 | 22h 40

Daniel Bramatti, de O Estado de S.Paulo

Com 15 mil exemplares vendidos em menos de uma semana, segundo a editora Geração Editoria, o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., revela documentos inéditos da antiga CPI do Banestado que apontam supostas movimentações irregulares de recursos por pessoas próximas ao ex-governador José Serra (PSDB).

Segundo os papéis da CPI – que investigou, entre 2003 e 2004, um esquema de evasão de divisas do Brasil –, o empresário Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de Serra, utilizou-se de uma conta operada por doleiros em Nova York para enviar US$ 1,2 milhão para a empresa Franton Interprises, que seria ligada ao ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira.

Indicado por Serra para o Banco do Brasil no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio é apontado na obra como suposto articulador da formação de consórcios que participaram do processo de privatização, graças a sua influência na Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco estatal.

O autor do livro foi indiciado no ano passado pela Polícia Federal por supostamente participar da violação do sigilo bancário de parentes e pessoas próximas a Serra, então candidato à Presidência. O objetivo seria a montagem de um dossiê contra tucanos. Ribeiro Jr. nega e acusa o deputado Rui Falcão (PT), então coordenador da campanha de Dilma Rousseff, de ter furtado dados sobre Serra de seu computador.

O jornalista diz, no livro, que Ricardo Sérgio controlava empresas em paraísos fiscais que teriam recebido supostas propinas de beneficiados pelo processo de privatização, entre eles o próprio Preciado, representante da espanhola Iberdrola na época em que a empresa comprou três estatais de energia no Brasil.

O elo entre a Franton Interprises e Ricardo Sérgio, segundo o autor, é uma “doação” de R$ 131 mil feita à empresa pelo ex-diretor do BB, em 1998. A operação é citada em documento da CPI do Banestado reproduzido no livro.

A mesma empresa Franton recebeu US$ 410 mil de uma empresa pertencente ao grupo La Fonte, de Carlos Jereissati, que adquiriu o controle da Telemar (atual Oi) durante a privatização da antiga Telebrás.

A CPI mista terminou em dezembro de 2004 sem que o relatório final fosse votado. Relator da comissão na época, o deputado José Mentor (PT-SP) afirmou que os dados que constam do livro fazem parte de um relatório parcial sobre Ricardo Sérgio, feito a pedido da Justiça Federal. “O repórter obteve os papéis na Justiça”, disse Mentor. “Jamais vazei documentos.” O presidente da CPI era o tucano Antero Paes de Barros, que se desentendeu com Mentor ao longo das investigações. Todos os documentos obtidos pela CPI, na época, foram enviados ao Ministério Público Federal.

Dívidas.

Ao descrever laços entre personagens do processo de privatizações ocorrido nos anos 90, Ribeiro Jr. também recupera episódios já publicados pela imprensa, como a redução de dívidas de empresas de Marin Preciado no Banco do Brasil quando Ricardo Sérgio era diretor.

Entre 1995 e 1998, segundo o Ministério Público Federal, duas empresas de Preciado obtiveram desconto de cerca de R$ 73 milhões em um empréstimo que, originalmente, era de US$ 2,5 milhões. O valor final da dívida, segundo o livro, chegou a pouco mais de R$ 4 milhões.

“O autor não tem idoneidade nem qualificação para escrever o que foi apresentado”, disse o advogado Wagner Alberto, que defende Preciado. “Esses dois casos (remessas de recursos e desconto nas dívidas) já foram amplamente debatidos e analisados pela Justiça, que os considerou improcedentes. Recomendo que a imprensa analise os autos dos processos do Banco do Brasil e as decisões das instâncias em Brasília, Bahia, São Paulo e São Bernardo do Campo, algo que o autor não fez.” O Estado procurou ouvir a versão de Ricardo Sérgio e deixou recados em sua empresa, mas não houve resposta.

A Privataria Tucana também aborda a sociedade entre Verônica Serra, filha do ex-governador, e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, na empresa Decidir.com, sediada em Miami. De acordo com o autor, a empresa foi transformada em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas e, de lá, injetou recursos em uma empresa brasileira que tinha Verônica Serra como vice-presidente, a Decidir do Brasil.

Ribeiro Jr. afirma na obra que começou a pesquisar o entorno do ex-governador no final de 2007, quando recebeu do jornal onde trabalhava, O Estado de Minas, a incumbência de descobrir quem eram “os arapongas que estavam no encalço do governador de Minas, Aécio Neves”, que então disputava com Serra a indicação para concorrer à Presidência pelo PSDB. Segundo o repórter, os passos de Aécio eram seguidos por um grupo de inteligência a serviço de seu adversário paulista.

Procurado para comentar o conteúdo do livro, José Serra não se manifestou. Na terça-feira, em Brasília, ele qualificou a obra como “lixo”. O Estado também procurou o deputado Rui Falcão, sem obter resposta.

A Geração Editorial informou que 30 mil exemplares do livro devem chegar hoje às lojas.


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Comentários:
Não entendi as contas do Estadão. "Duas empresas de Preciado obtiveram desconto de cerca de R$ 73 milhões em um empréstimo que, originalmente, era de US$ 2,5 milhões". Originalmente? Quanto as empresas de Preciado deviam? E quanto pagaram?
O jornalista Amaury Ribeiro Jr., um repórter com vários prêmios importantes, é apresentado, desde o lead, como "indiciado pel PF". Verônica Serra que, segundo os documentos apresentados no livro de Amaury, foi indiciada pela PF, é apresentada apenas como "filha do ex-governador".

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A Privataria Tucana, na Wikipedia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


A Privataria Tucana é um livro de denúncias do repórter Amaury Ribeiro Jr. que resulta de 12 anos de trabalho investigativo sobre a chamada "Era das Privatizações", ocorrida no governo Fernando Henrique Cardoso, sob o comando do então Ministro do Planejamento José Serra, ex-governador do Estado de São Paulo. A expressão “privataria”, criada pelo jornalista Elio Gaspari, foi empregada no título por resumir o que foram, segundo Ribeiro Jr., os atos de pirataria com o dinheiro público praticados ao longo das privatizações, em benefício de fortunas pessoais, por meio das chamadas “offshores”, empresas de fachada que operam em Paraísos Fiscais no Caribe.

Índice
1 Sinopse
2 Produção e publicação
3 Repercussão e comentário inicial
3.1 Blogs e Redes socias
4 CPI da Privataria
5 Outro lado
6 Referências
7 Ver também
8 Ligações externas
Sinopse
O livro, “A Privataria Tucana”, revela segundo o autor o modus operandi de um suposto escândalo de corrupção envolvendo o governo federal, grandes corporações financeiras e a imprensa com a prática de crimes de corrupção ativa e passiva, favorecimento ilegal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e invasão de privacidade, associado a desvio de dezenas de bilhões dos cofres públicos.[1][2]
O livro mostra também com documentação coletada pelo autor como teria funcionado o suposto esquema propinas e de lavagem de dinheiro através do envio do dinheiro para empresas off-shores no paraíso fiscal nas Ilhas Virgens, e reenvio deste dinheiro ao Brasil, "lavado" como "investimento estrangeiro". No entanto, a fraude teria deixado pistas. Os mesmos nomes assinavam os dois lados da operação: como procurador da off-shore do Caribe que "investia" no Brasil e como dono da empresa brasileira receptora do suposto investimento estrangeiro.
O esquema teria envolvido nomes como Ricardo Sérgio de Oliveira (ex-tesoureiro das campanhas de FHC e José Serra do PSDB, descrito por Amaury Ribeiro Jr. na página 38 como "o chefe da lavanderia do tucanato"), Carlos Jereissati, José Serra, sua filha, Verônica Serra e o marido desta, Alexandre Bourgeois, bem como empresas como a Oi (na época Telemar), IConexia, Citco Building, Andover, Westschester, Decidir.com, Inc da filha de Serra em sociedade com Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dentre outros. Para se demonstrar o montante de dinheiro envolvido nestas supostas transações, entre 1998 e 2002, Gregório Preciado, marido de uma prima de José Serra teria depositado 2,5 bilhões de dólares na conta de Ricardo Sérgio de Oliveira[3]. Este modus operandi de lavagem de dinheiro também teria sido utilizado por Paulo Maluf, Ricardo Teixeira[4], a quadrilha da advogada Jorgina de Freitas que fraudou a previdência em R$1 bilhão e Paulo Henrique Cardoso[5], filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O livro mostra ainda como Serra teria se utilizado do serviços de arapongas, pagos com dinheiro público, para criar dossiês contra adversários políticos desde o seu período à frente do Ministério da Saúde, e como sua filha e a irmã do Daniel Dantas teriam quebrado o sigilo de aproximadamente 60 milhões de brasileiros pela obtenção de informações privilegiadas dentro do governo. [6]. O grupo de Serra faria grande uso da tática da contra-inteligência, isto é, manobras diversionistas, antecipação e esvaziamento de possíveis denúncias, vitimização perante a opinião pública[7]. O livro também destaca como adversários políticos do mesmo partido praticaram guerras de espionagem e contra-espionagem entre si nos bastidores, tanto no PSDB (no caso, entre José Serra e Aécio Neves no capitulo 2) como no PT (entre Fernando Pimentel e Rui Falcão no capitulo 16).
Produção e publicação
A ideia do livro nasceu em 2009. Aécio e Serra disputavam a indicação tucana para concorrer à presidência. O mineiro defendia prévias e o paulista se colocava como “o primeiro da fila”. Amaury, que vivia em Belo Horizonte, foi chamado por seus patrões para a missão quando o Estado de S. Paulo publicou um texto intitulado “Pó pará, governador?” [8] já no título, insinuava que Aécio seria um cocainômano – e que, portanto, não poderia sonhar com a presidência. A partir daí, veio a resposta mineira. Segundo Álvaro Teixeira da Costa, dono do Estado de Minas, São Paulo não deveria mexer com Minas. Amaury disse aos patrões que a fragilidade de Serra residia nas privatizações. E assim começou a investigá-lo. No meio do caminho, Amaury descobriu as contas supostamente usadas por Ricardo Sérgio, Alexandre Bourgeois e pela filha de Serra.[9]
O livro iria inicialmente se chamar "No Porões da Privataria", e chegou-se a cogitar o nome "Os Privatas do Caribe", em alusão aos paraísos fiscais no Caribe, mas logo desistiu-se do segundo nome, para evitar confusão com o filme "Piratas do Caribe". Por fim decidiu-se pelo nome atual. Do total de 344 páginas, 112 dessas se referem somente à ampla documentação recolhida no Brasil e EUA, originária da CPI do Banestado, em juntas comerciais e em paraísos fiscais, que embasariam as acusações feitas pelo autor, sendo dividido em 16 capítulos. Foram 12 anos de produção do livro até chegar às livrarias.[10]A primeira edição, 15 mil exemplares, esgotou-se no dia do lançamento, 9 de dezembro. No dia 12, a Geração Editorial decidiu reimprimir 30 mil. No dia 14 de dezembro, Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, subiu para 80 mil cópias. [11]
Repercussão e comentário inicial
A grande imprensa brasileira ignorou o lançamento deste livro, [12] mas ele teve uma grande repercussão nos blogs, ligados ao Partido dos Trabalhadores e partidos de esquerda, e nas redes socias. No dia 11 de dezembro de 2011, aparece a primeira manchete sobre o livro em língua inglesa: "Boycotted by Brazil's Mainstream Media Book on Opposition's Corruption Becomes Instant Bestseller. "[13]
No dia 13 de dezembro, a assim-dita grande midia continuou a ignorar o "best-seller" e o jornalista Gilberto Maringoni (Carta Maior) escreveu: " Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros. Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” ... " [14] O jornal "Folha de S. Paulo", notória apoiadora de José Serra e do PSDB, quebrou o seu silencio, no dia 15 de dezembro publicando a opinião do ex-governador:
"Trata-se de uma coleção de calúnias que vem de uma pessoa indiciada pela Polícia Federal. Isso é crime organizado fingindo ser jornalismo[15]". José Serra
O jornalista Luis Nassif, notório crítico de José Serra e do PSDB, classificou a obra como "A reportagem investigativa da década".[16] Os jornalistas Luiz Carlos Azenha e Luis Fausto afirmaram que os 15 mil exemplares da 1ª edição foram esgotados no primeiro dia.[17][18]. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a cancelar um evento de autógrafos de seu novo livro de memórias [19], e cancelou todos seus eventos para o fim de ano, adiantando suas férias [20]. Como medida de comparação, o livro de não-ficção mais vendido no Brasil em 2011, "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", lançado em 2009 pelo jornalista Leandro Narloch, vendeu 71 mil cópias em todo o ano segundo o site Publish News.[21].
O jornalista Paulo Henrique Amorim - conhecido ferrenho opositor do PSDB - defende que o conteúdo do livro seria suficiente para que figuras como José Serra e Fernando Henrique Cardoso sejam presos, a exemplo de outros ex-presidentes latino-americanos que também comandaram privatizações fraudulentas em seus países, como Alberto Fujimori do Peru, Gonzalo Sánchez de Lozada da Bolívia, Carlos Salinas de Gortari do México.
CPI da Privataria
No dia 15 de dezembro de 2011, O deputado federal Delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) conseguiu recolher as 171 assinaturas de deputados, necessárias para a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito CPI. Protógenes disse que a motivação veio do livro do jornalista Amaury Ribeiro Junior, que o deputado classificou como um “importante documento”. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), recebeu um pedido de abertura de (CPI) para investigar o processo de privatizações realizado durante o governo Fernando Henrique, apurar os supostos casos de lavagem de dinheiro e a realização de uma audiência pública para debater as denúncias do livro.
Brizola Neto (PDT-RJ) foi à tribuna da Câmara e pediu ao seu partido mais assinaturas para o pedido de CPI apontando que “No livro, só de documentos, são mais de 100 páginas, que mostram claramente o que aconteceu durante o processo de privatizações do governo FHC” e o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) pediu a realização de audiências públicas para apurar as denúncias feitas pelo jornalista. [22]
Apesar do apelo de Fernando Henrique Cardoso, os deputados Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e Fernando Francischini (PSDB-PR) surpreenderam aos lideres tucanos ao assinarem a CPI da Privataria. [23]
Outro lado
O ex-governador José Serra (PSDB-SP) falou que não leu, mas afirma que livro é um “lixo”. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) também classificou a publicação como "literatura menor". [24]
Em uma nota, o ex- presidente, Fernando Henrique Cardoso, no dia 15 de dezembro, disse que o livro "É infâmia!".
(...)quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação. Chega de assassinatos morais de inocentes. Se dúvidas houver, e nós não temos, que se apele à Justiça, nunca à infâmia.[25]. Fernando Henrique Cardoso
Em nota oficial, o PSDB classificou o livro como "uma eviana tentativa de atribuir irregularidades aos processos de privatização no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e acusa o Partido e os seus líderes de participar de ações criminosas" [26] O partido ainda reforça que as privatizações viabilizaram a modernização da economia brasileira, com investimentos em serviços essenciais e a geração de milhares de empregos, e que todas as privatições foram auditadas pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal e outros órgãos de controle, onde nenhuma irregularidade foi constatada.[27]
Referências
↑ Serra tenta comprar estoque de livro-bomba publicado em 10 de dezembro de 2011 [[1]]
↑ Aécio foge de polêmica com livro e Ciro Gomes publicado em 9 de dezembro de 2011 por Rafael Rodrigues no Jornal Bahia Noticias[[2]]
↑ Carta Capital,14 de Dezembro de 2011. nº 676, ano XVII, p.70-81
↑ Chega às livrarias ‘A Privataria tucana’, de Amaury Ribeiro Jr. CartaCapital relata o que há no livro publicado no dia 12 de dezembro de 2011 na Revista Carta Capital [[3]]
↑ Guerra Aécio/Serra abriu a caixa preta da "privataria" publicado no dia 9 de dezembro de 2011pelo jornal Brasil 247[[4]]
↑ "A Privataria Tucana cai na Internet". Portal Vermelho. 13 de dezembro de 2011. (página da notícia visitada em 14/12/2011)
↑ Com 80 mil cópias, 2ª edição de Privataria Tucana chega na sexta às livrarias por Conceição Lemes publicado no dia 14 de dezembro de 2011 [[5]]
↑ Cerra e PiG fazem o pacto da mortepublicado pelo jornal Correio do Brasil - Número 4363 [[6]]
↑ Midia não sabe o que fazer com “privataria” artigo publicado pelo JORNAL JÁ de PORTO ALEGRE, no dia 13/12/11 [7]
↑ Serra diz que livro é 'coleção de calúnias'; outros não comentam. artigo sem assinatura publicado no dia 15/12/2011 - [[8]]
↑ "A reportagem investigativa da década" [[9]]
↑ "Emediato: Esgotada primeira edição de Privataria Tucana" [[10]]
↑ "Livro sobre privataria tucana está esgotado" [[11]]
↑ "Privataria tucana cancela lançamento do livro de memórias de FHC" [[12]]
↑ "Lista de mais vendidos de 2011 | Em aberto" consultado em 12/12/2011 [[13]]
↑ "Privataria tucana": deputados pedem CPI e audiência pública na Câmara. artigo publicado no dia 13/12/11 pelo jornal [14]
↑ Tucano defende CPI da Privataria: "É nosso dever investigar" artigo de Jorge Lourenço do Jornal do Brasil publicado no dia 15/12/11 [[15]]
↑ Serra chama de 'lixo' livro sobre privatizações‎ artigo publicado no dia 13 de dezembro de 2011 no Jornal "Diário do Grande ABC" [[16]]
↑ Em nota, FHC apoia Serra contra livro: "É infâmia" Publicado no Jornal do Brasil, dia 15/12/11 [[17]]
↑ Para PSDB, PT está por trás de livro que denuncia fraudes nas privatizações, estadão.com.br. 15 dez. 2011
↑ Nota oficial - PSDB. 15 dez. 2011.

Geração Editorial
RIBEIRO Jr., Amaury. 2010. "Os porões da privataria - Introdução". Publicação reproduzida do Portal "Conversa Afiada", do jornalista Paulo Henrique Amorim, no portal "Vi o Mundo - O que você não vê na mídia", por Luiz Carlos Azenha, em 4 de junho de 2010. (página visitada em 09/10/2010)
RIBEIRO Jr., Amaury. 2011. Capítulo 8 O primo mais esperto de José Serra In "A Privataria Tucana"
RIBEIRO Jr., Amaury. 2011. Capítulo 11 "Doutor Escuta", O araponga de Serra In "A Privataria Tucana"
Entrevista do jornalista Amaury Ribeiro Júnior no Jornal Record News, em 12/12/2011às 22h14 "Livro revela esquema de propina nas privatizações do governo FHC"
http://www.blogcidadania.com.br/2011/12/imprensa-%E2%80%9Cindependente%E...|reproduzido do Blog da Cidadania, por Eduardo Guimarães

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Atualizado em 19.12.11


Texto de Merval Pereira, em O Globo, com comentários de Luis Nassif.

Enviado por luisnassif, dom, 18/12/2011 - 09:51

Autor:  Luis Nassif
Em italico , as observações de Luis Nassif.
A ficção do Amaury

Merval Pereira, O Globo

O livro “Privataria tucana”, da Geração Editorial, de autoria de Amaury Ribeiro Jr, é um sucesso de propaganda política do chamado marketing viral, utilizando-se dos novos meios de comunicação e dos blogueiros chapa-branca para criar um clima de mistério em torno de suas denúncias supostamente bombásticas, baseadas em “documentos, muitos documentos”, como definiu um desses blogueiros em uma entrevista com o autor do livro.

Disseminou-se a idéia de que a chamada “imprensa tradicional” não deu destaque ao livro, ao contrário do mundo da internet, para proteger o ex-candidato tucano à presidência José Serra, que é o centro das denúncias.

Estariam os “jornalões” usando dois pesos e duas medidas em relação a Amaury Jr, pois enquanto acatam denúncias de bandidos contra o governo petista, alegam que ele está sendo processado e, portanto, não teria credibilidade?

É justamente o contrário. A chamada “grande imprensa”, por ter mais responsabilidade que os blogueiros ditos independentes, mas que, na maioria, são sustentados pela verba oficial e fazem propaganda política, demorou mais a entrar no assunto, ou simplesmente não entrará, por que precisava analisar com tranqüilidade o livro para verificar se ele realmente acrescenta dados novos às denúncias sobre as privatizações, e se tem provas.

Como assim? Qual a responsabilidade na denúncia de que foram entregues centenas de milhares de dólares em um envelope no Palácio do Planalto? E a do "consultor" Ruben Quícoli, que dizia que com propina seria possível levantar R$ 10 bi no BNDES para uma fabriqueta? E a denúncia de que Dilma encomendaria dossiês para o Ministério da Justiça, ou a ficha falsa de Dilma? Merval deveria ter mais responsabilidade ao escrever, ainda mais criando para si esse papel de jornalista sério em veículo sério. Não é do estilo do Merval essas manifestações de indignação. Corto um dedo se o ghost writer dessa tertúlia não é o próprio Serra.

Outros livros, como "O Chefe", de Ivo Patarra, com acusações gravíssimas contra o governo de Lula, também não tiveram repercussão na "grande imprensa" e, por motivos óbvios, foram ignorados pela blogosfera chapa-branca.

Desde que Pedro Collor denunciou as falcatruas de seu irmão presidente, há um padrão no comportamento da “grande imprensa”: as denúncias dos que participaram das falcatruas, sejam elas quais forem, têm a credibilidade do relato por dentro do crime.

Quem disse que Pedro Collor participou de alguma coisa no governo do seu irmão? Sua bronca maior era de não estar dentro.

Deputado cassado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson desencadeou o escândalo do mensalão com o testemunho pessoal de quem esteve no centro das negociações, e transformou-se em um dos 38 réus do processo.

O ex-secretário de governo Durval Barbosa detonou a maior crise política da história de Brasília, com denúncias e gravações que culminaram com a prisão do então governador José Roberto Arruda e vários políticos.

Fantástico Merval! Seu brilhantismo consagrou uma nova máxima jurídica: criminoso tem credibilidade porque participou do crime; não criminoso não tem porque, por não ser criminoso, não conhece os escaninhos do crime.

E por aí vai. Já Amaury Ribeiro Jr. foi indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes: violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e oferta de vantagem a testemunha, tendo participado, como membro da equipe de campanha da candidata do PT, de atos contra o adversário tucano.

O livro, portanto, continua sendo parte da sua atividade como propagandista da campanha petista e, evidentemente, tem pouca credibilidade na origem.

Na sua versão no livro, Amaury jura que não havia intenção de fazer dossiês contra Serra, que foi contratado “apenas” para descobrir vazamentos internos e usou seus contatos policiais para a tarefa que, convenhamos, conforme descrita pelo próprio, não tem nada de jornalística.

Ele alega que a turma paulista de Rui Falcão (presidente do PT) e Palocci queria tirar os mineiros ligados a Fernando Pimentel da campanha, e acabou criando uma versão distorcida dos fatos.

No caso da quebra de sigilo de tucanos, na Receita de Mauá, Amaury diz que o despachante que o acusou de ter encomendado o serviço mentiu por pressão de policiais federais amigos de José Serra.

Enfim, Amaury Ribeiro Jr, tem que se explicar antes de denunciar outros, o que também enfraquece sua posição.

O criminoso não precisa explicar suas intenções: basta ter participado dos crimes. O Amaury tem que explicar. Merval ambiciona a imortalidade tornando-se membro da ABL. Jornalistas ambicionam a imortalidade escrevendo reportagens definitivas. Acho que Merval se esqueceu definitivamente do que é a emoção de construir uma grande reportagem.

Ele e seus apoiadores ressaltam sempre que 1/3 do livro é composto de documentos, para dar apoio às denúncias.

Mas se os documentos, como dizem, são todos oficiais e estão nos cartórios e juntas comerciais, imaginar que revelem crimes contra o patrimônio público é ingenuidade ou má-fé.

Documentos oficiais obtidos nas ilhas Virgens. Se eram tão inocentes assim, qual a razão de terem sido abafados na CPI do Banestado?

Que trapaceiro registra seus trambiques em cartórios?

Aquele que tem medo de ser enganado por testas de ferro e só confia na própria família. Aliás, outro fato que poderia ter sido explicado é a razão do casal Verônica Serra ter mudado o regime de bens do casamento pouco antes de começarem as transferências de recursos.

Há, a começar pela escolha do título – Privataria Tucana – uma tomada de posição política do autor contra as privatizações.

E a maneira como descreve as transações financeiras mostra que Amaury Ribeiro Jr. se alinha aos que consideram que ter uma conta em paraíso fiscal é crime, especialmente se for no Caribe, e que a legislação de remessa de dinheiro para o exterior feita pelo Banco Central à época do governo Fernando Henrique favorece a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas.

Utilizam contas em paraísos fiscais empresas para planejamento tributário (como se financiar em leasing). Se quiser uma defesa eficiente, basta Serra/Merval explicar a razão de Verônica Serra precisar de conta em paraíso fiscal. Mais que isso: mostrar a origem dos recursos que enviou para o Brasil e que permitiram ao pai esquentar a casa em que morava desde fins dos anos 80. Se não foi propina, foram resultados de empresas no exterior. Que empresas foram essas, quais os resultados apresentados? Simples assim.

É um ponto de vista como outro qualquer e ele tenta por todas as maneiras mostrar isso, sem, no entanto, conseguir montar um quadro factual que comprove suas certezas.

Vários personagens, a maioria ligada a Serra, abrem e fecham empresas em paraísos fiscais, com o objetivo, segundo ilações do autor, de lavar dinheiro proveniente das privatizações e internalizá-lo legalmente no País.

Para quê é, então?

Acontece que passados 17 anos do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, e estando o PT no poder há 9 anos, não houve um movimento para rever as privatizações.

O que isso tem a ver com suspeitas de pagamento de propina?

E os julgamentos de processos contra os dirigentes da época das privatizações não dão sustentação às críticas e às acusações de “improbidade administrativa” na privatização da Telebrás.

A decisão nº 765/99 do Plenário do Tribunal de Contas da União concluiu que, além de não haver qualquer irregularidade no processo, os responsáveis “não visavam favorecer em particular o consórcio composto pelo Banco Opportunity e pela Itália Telecom, mas favorecer a competitividade do leilão da Tele Norte Leste S/A, objetivando um melhor resultado para o erário na desestatização dessa empresa”.

A escolha do Opportunity, por si, caracteriza um benefício. Na sequência, o Opportunity deposita US$ 5 milhões na conta da Verônica. Verônica transfere para o Brasil e "compra" a casa em que o pai mora. Por acaso o TCU analisou essa sequência de episódios? Claro que não: apenas a montagem do consórcio em si.

Também o Ministério Público de Brasília foi derrotado e, no recurso, o Tribunal Regional Federal do Distrito Federal decidiu, através do juiz Tourinho Neto, não apenas acatar a decisão do TCU mas afirmar que “não restaram provadas as nulidades levantadas no processo licitatório de privatização do Sistema Telebrás. Da mesma forma, não está demonstrada a má-fé, premissa do ato ilegal e ímprobo, para impor-se uma condenação aos réus.

Claro que não restaram. Na época não havia documentos, nem evidências de pagamento de propina. Agora, há.

Também não se vislumbrou ofensa aos princípios constitucionais da Administração Pública para configurar a improbidade administrativa.”.

O livro de Amaury Ribeiro Jr. está em sexto lugar na lista dos mais vendidos de “não-ficção”. Talvez tivesse mais sucesso ainda se estivesse na lista de “ficção”.

Merval está na Academia Brasileira de Letras por apenas um livro que é coletânea de artigos. Merval até hoje se vangloria - e está em seu discurso de posse na ABL - por ter participado de uma grande reportagem que tinha Amaury como autor (ao lado de Ascânio e outros) e Merval apenas na condição de diretor da sucursal.

Publicado em:


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Atualizado em 19.12.11

Maçaroca


As primeiras (e tardias) argumentações contra o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. (“A Privataria tucana”) e as tentativas para justificar o baixo volume da mídia – em comparação com a gritaria quando as denúncias são contra o governo petista e vindas de fontes para lá de suspeitas – obedecem ao padrão de sempre: uma mistura de falácias com imprecisões, temperadas com mentiras simples e algum nonsense. Nesta maçaroca, quase só importa o que diz a manchete, o pessoal não costuma perder tempo nas letras miúdas.

Merval Pereira, em O Globo, produziu a primeira peça razoavelmente elaborada em defesa dos privatas tucanos.  Antes dele, Serra reagiu com a truculência de sempre, chamou o livro (que não leu) de “lixo”, FHC publicou uma enfadonha nota chamando o livro (que não leu) de “infâmia” e pregando indignação.

O texto de Merval Pereira é uma antologia de falácias, deve ser (e certamente será) estudado nos cursos de comunicação.  


No quesito "comparação indevida", Merval, assim como a nota oficial do PSDB e também a nota de Fernando Henrique, comparam o livro do jornalista  Amaury com o que eles chamam de  "O Dossiê Cayman". O raciocínio é: já disseram (quem?) coisas falsas sobre nós, logo tudo que disserem sobre nós é falso. Isso é o que se chama de desonestidade intelectual, no caso, imortal. 


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Dossiê Cayman e Privataria Tucana

Enviado por luisnassif, seg, 19/12/2011 - 08:44

Autor:  Luis Nassif

É manobra maliciosa essa história de comparar o livro "Privataria Tucana" ao Dossiê Cayman.

O dossiê era um amontoado de papéis sem nexo e sem lógica. Afirmava que uma tal conta em ilhas Cayman era de propriedade conjunta de Covas, Sérgio Motta, FHC e Serra. Era tão inverossímil que dizia que o nome da conta eram as iniciais dos quatro - Covas não suportava a aliança com Serra e FHC.

Esse dossiê foi veiculado na Folha pelo esquema jornalístico que gravitava em torno de Paulo Maluf desde a CPI dos Precatórios. E o principal crítico de sua inconsistência fui eu. É só conferir no livro "O jornalismo dos anos 90".

Era tão inconsistente que, embora praticasse o mesmo denuncismo que o vitima hoje, o PT não ousou explorá-lo - tinha sido oferecido para Lula - depois que Márcio Thomas Bastos analisou-o e concluiu pela sua inconsistência.

O livro de Amaury Ribeiro Jr tem como base documentos oficiais, obtidos de forma lícita em CPIs, Juntas Comerciais etc.

A diferença entre ambos é tão gritante que, na época, rebati a farsa do Dossiê Cayman sem dispor de nenhuma informação adicional: apenas analisando o besteirol que era publicado. Agora, tendo toda a velha mídia à sua disposição, Serra limita-se a tentar desqualificar o autor e a fazer comparações descabidas com o Dossiê Cayman.