quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Brasil Carinhoso pode baixar pobreza extrema infantil a 0,6%


Simulação está em Nota Técnica que foi lançada nesta quarta-feira, 26, pelo Ipea


Foto: João Viana
O programa Brasil Carinhoso poderá proporcionar a conquista histórica de chegar a quase zero a taxa de pobreza extrema.
O Programa Brasil Carinhoso tem a capacidade de reduzir a pobreza extrema entre crianças de 0 a 15 anos a um patamar residual, segundo estudo lançado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A Nota Técnica nº 14 da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), intitulada O Bolsa Família depois do Brasil Carinhoso: uma análise do potencial de redução da pobreza extrema, revela que, se o desenho atual do programa tivesse sido implementado em 2011, a taxa de pobreza extrema entre a população de 0 a 15 poderia ter caído para apenas 0,6%.

A Nota Técnica explica as mudanças pelas quais o desenho do Programa Bolsa Família (PBF) passou de 2003 a 2011. Durante esse período, constatou-se que a iniciativa era mais efetiva entre famílias que contavam com renda própria mais próxima de R$ 70, mas não conseguia resgatar da pobreza extrema famílias sem renda, ou com renda muito baixa.

“As famílias que eram extremamente pobres e que tinham crianças de 0 a 5 anos, mesmo recebendo o benefício, continuavam extremamente pobres. Agora, o benefício deixa de ser pago em função da composição familiar e passa a ser pago em função do hiato de pobreza, ou seja, do quanto falta para a família deixar de ser extremamente pobre”, afirmou Rafael Guerreiro Osorio, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, ao explicar de que forma o Programa Brasil Carinhoso, implementado em 2012, impactou o desenho do PBF.

De acordo com Osorio, que detalhou a Nota Técnica, já durante o primeiro reajuste do PBF em 2011, primeiro ano do governo atual, ficou patente a determinação de se privilegiar as crianças. “De 2011 para 2012, ao contrário dos demais benefícios básicos por criança e jovem, a transferência média por beneficiário aumentou. Isso já é efeito do Brasil Carinhoso”, declarou o diretor de Estudos e Políticas Sociais.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Fantasma do Golpe sempre rondando o Planalto

Amaury Ribeiro Jr. promete revelar em novo livro bastidores do complô para derrubar Lula e Dilma

publicado em 19 de dezembro de 2012 às 20:32



Amaury e o primeiro petardo (foto LCA)


por Luiz Carlos Azenha

Na semana seguinte às eleições municipais em que Fernando Haddad derrotou José Serra em São Paulo, episódios estranhos começaram a acontecer em torno do premiado repórter Amaury Ribeiro Jr., autor do livro Privataria Tucana, o best seller que vendeu 150 mil cópias.

Primeiro, ele foi procurado por telefone por um homem de Guarulhos que prometeu documentos relativos à Operação Parasita, da polícia paulista, que investigou empresas que cometiam fraudes na área da saúde. Foi marcada uma reunião, mas a fonte se negou a entrar no local de trabalho de Amaury. Quando se encontraram pessoalmente, do lado de fora, a história mudou: o homem ofereceu a Amaury a venda de material secreto que teria como origem o despachante Dirceu Garcia.

No inquérito da Polícia Federal que apura a quebra de sigilo de dirigentes do PSDB, aberto durante a campanha eleitoral de 2010, Dirceu é a única testemunha que acusa Amaury de ter participado da violação. “Novamente, estão querendo armar contra mim”, diz Amaury. “Mas desta vez a trama foi toda gravada por câmera de segurança”.

Em seguida, outra situação nebulosa, desta vez supostamente para atingir a Editora Geração Editorial, que publicou o Privataria Tucana. Um “ganso” da polícia paulista marcou encontro com o diretor de comunicação, William Novaes, com o objetivo de entregar um dossiê que incriminaria vários políticos tucanos, entre eles o ex-senador Tasso Jereissati.

O encontro, do qual Amaury também participou, foi gravado por câmeras ocultas. Amaury acredita que o objetivo era entregar à editora material falso que pudesse ser usado para desqualificar seu livro. Diante da recusa, a mesma suposta “fonte”, que responde a vários processos por estelionato, ligou para a editora dias depois dizendo que Amaury corria risco de vida.

“Acredito que eles pretendiam me acusar de obstruir o processo em andamento, o que poderia até resultar em minha prisão”, avalia o repórter.

Na mesma semana, narra Amaury, o ex-sub-procurador da República, hoje advogado José Roberto Santoro, que segundo a revista Veja tem ligações com o tucano José Serra, procurou a direção do jornal O Tempo, de Minas Gerais, para intermediar um encontro com a direção do jornal Hoje em Dia, onde Amaury mantém coluna semanal.

O objetivo, segundo o repórter, seria reclamar de uma nota publicada na coluna de Amaury relativa a uma mineradora de Minas e ao ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung. Mas, de acordo com Amaury, no encontro Santoro não reclamou objetivamente do conteúdo da coluna. “Ele ficou falando mal de mim, tentando levar à minha demissão e quando foi advertido pelos diretores do jornal aumentou ainda mais o tom de voz, como se estivesse numa crise histérica”, diz o repórter. A coluna continua a ser publicada.

Qual seria a explicação para esta sequência de eventos?

Amaury sustenta: “Está ocorrendo um verdadeiro complô, articulado provavelmente por tucanos, com apoio de setores da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. O objetivo é derrubar primeiro o Lula e depois atingir a presidenta Dilma”.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ex-ministro de Mandela pede “momento Lula” na África do Sul

(texto original em ingles no post anterior)

O sul-africano Jay Naidoo é Secretário Geral da Cosatu, ex-ministro do governo de Mandela e Presidente da GAIN, uma fundação global que combate a desnutrição no planeta. Ele se encontrou com Lula, durante a visita do ex-presidente à África do Sul, no dia 17 de novembro, e disse que o encontro “será difícil de esquecer”. Em um texto publicado no portal “Daily Maverick”, Jay Naidoo explica por que acredita que um “momento Lula” seria importante para seu país.


O momento Lula e este nosso país, a África do Sul

(Por Jay Naidoo, 23 de Novembro de 2012)


“O maior legado de minha presidência não são os programas que tiraram 30 milhões de brasileiros da pobreza absoluta e criaram 15 milhões de empregos. Foram a prestação de contas das instituições públicas e uma real parceria com o empresariado, o movimento sindical e a sociedade civil que trouxeram esperança ao povo. Pusemos as necessidades das pessoas em primeiro lugar. Não as nossas”. Este foi o ponto fundamental que o ex-presidente Lula expôs quando nos encontramos esta semana. Foi um encontro que vai ser difícil de esquecer.

“Eu não era o presidente. O povo era o presidente. A fundação do “Milagre Brasileiro” não é minha. É do povo. Se eu fracassasse com minha gente, o povo que me elegeu, seria o próprio povo fracassando, e os pobres provariam que seus críticos estavam certos e que nós não tínhamos o que era necessário para comandar”, diz ele enfaticamente.

The "Lula Moment" and this country of ours, South Africa

(texto em português no post seguinte)


Por Jay Naidoo (23-11-2012)

“The biggest legacy of my presidency is not the programmes that took 30 million Brazilians out of absolute poverty and created 15 million jobs. It is the accountability of the public institutions and real partnership with business, labour and civil society that brought hope to the people. We put the needs of the people first. Not ours.” This was the fundamental point that ex-president Lula made when we met this week. It was a meeting that would be difficult to forget.

“I was not the president. The people were the president. The foundation of the ‘Brazilian Miracle’ is not mine. It is that of the people. If I failed my people who elected me, it would be the people failing, and the poor would be proving their critics right that we did not have what it takes to rule,” he says emphatically.

The challenges of the first term were tremendous. Faced with hyper-inflation, an unfriendly bureaucracy and suspicious military, the Lula Administration faced difficult choices. The Workers’ Party, led by Lula, only represented 17 % of the members of a fragmented and chaotic Congress, dominated by powerful vested interests that would more often than not oppose his policies. 

He recognised the need to stabilise the macro-economic environment through a set of pragmatic policies that established stability. But he did that through a transparent dialogue even with his fiercest critics.

Lula is the antithesis of the ‘big man’ syndrome of political arrogance that dominates so many governments. He criss-crossed the country; engaged the landless movements, trade unions, civil society and social movements.

domingo, 9 de dezembro de 2012

NIEMEYER: O POBRE ESTÁ NA FAVELA OLHANDO OS PALÁCIOS


Entrevista realizada por Paulo Henrique Amorim em 2007, na comemoração dos 100 anos de Niemeyer



Oscar Niemeyer concedeu uma entrevista sobre seu centenário, em seu apartamento, em Copacabana, no Posto 6, a Paulo Henrique Amorim, exibida na Recordnews e, em parte, no Domingo Espetacular. Niemeyer falou de Prestes, de Guevara, de Lula.

Niemeyer falou de Luiz Carlos Prestes, o líder comunista, de quem foi amigo pessoal e a quem protegeu para refundar o Partido Comunista. Quando Paulo Henrique Amorim perguntou o que ele faria se Che Guevara entrasse pelo apartamento adentro e lhe chamasse para participar de uma revolução comunista, Niemeyer respondeu que não tinha mais idade para isso, mas que ajudaria Guevara no que fosse possível, porque o considera um grande homem.

Niemeyer elogiou também o Presidente Lula: porque é um líder operário, que trabalha para ajudar o povo. Niemeyer acha que, apesar de tudo, o Brasil está no caminho certo, a economia cresce, a situação do povo melhora e a renda se distribui. Niemeyer elogiou a posição de Lula e de Chávez porque contribuem para afirmar o papel da América Latina diante dos Estados Unidos.

Niemeyer também diz que uma vez, em Moscou, os arquitetos soviéticos lhe perguntaram o que achava da arquitetura soviética. Ele disse que tinha muitas afinidades com eles, mas que a arquitetura não era boa, porque as colunas eram muito próximas umas das outras, não havia espaços.

Niemeyer também contou que, uma vez, o Partido Comunista Francês recomendou que ele não fosse prestigiar uma conferência do Sartre. Um dirigente do PCF disse que o Picasso era muito