terça-feira, 29 de abril de 2014

Os escândalos que assombram a canonização de João Paulo II

Por EDUARDO FEBBRO (tradução: Marco Aurélio Weissheimer)


João Paulo II, o papa que promoveu e encobriu pedófilos e violadores da Igreja, recebeu, ao mesmo tempo em que João XXIII, a canonização.


Vítimas, que vítimas? – perguntou o cardeal Velasio de Paolis. E acrescentou: “Não são apenas estas vítimas”. Depois houve um silêncio de corpo e alma e o olhar um tanto perdido do superior geral dos Legionários de Cristo, nomeado em 2010 para esse cargo pelo então papa Joseph Ratzinger. À pergunta de de Paolis se seguiu uma resposta: as vítimas não eram só os milhares de menores que sofreram com os apetites sexuais das batinas hipócritas, mas também o próprio Vaticano. As vítimas não eram unicamente os menores ou adultos abusados e violentados pelo padre Marcial Maciel, o fundador dessa indústria dos atentados sexuais que foi, durante seu mandato, o grupo dos Legionários de Cristo. A vítima era a Santa Sé, que foi “enganada”.
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Leia também:
[Novo Papa] A geopolítica do segredo
PÁGINA 12: O jornal que incomoda fardas e batinas
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João Paulo II, o papa que, entre outros horrores, promoveu e encobriu pedófilos e violadores da Igreja, recebeu, ao mesmo tempo em que João XXIII, a canonização. Para além do espetáculo obsceno montado para esta ocasião, dos milhares de fieis na Praça de São Pedro, dos três satélites suplementares para transmitir o ato, para além da fé de muita gente, a canonização do papa polonês é uma aberração e um ultraje para qualquer cristão do planeta. Declarar santo a Karol Wojtyla é se esquecer do escandaloso catálogo de pecados terrestres que pesam sobre este papa: amparo dos pedófilos, pactos e acordos com ditaduras assassinas, corrupção, suicídios jamais esclarecidos, associações com a máfia, montagem de um sistema bancário paralelo para financiar as obsessões políticas de João Paulo II – a luta contra o comunismo -, perseguição implacável das correntes progressistas da Igreja, em especial a da América Latina, ou seja, a frondosa e renovadora Teologia da Libertação.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

54 países que reduziram a maioridade penal não diminuiram a violência

Por Frei Betto



Nos 54 países que reduziram a maioridade penal não se registrou redução da violência. A Espanha e a Alemanha voltaram atrás na decisão de criminalizar menores de 18 anos. Hoje, 70% dos países estabelecem 18 anos como idade penal mínima. 



Voltou à pauta do Congresso, por insistência do PSDB, a proposta de criminalizar menores de 18 anos via redução da maioridade penal.

De que adianta? Nossa legislação já responsabiliza toda pessoa acima de 12 anos por atos ilegais. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, o menor infrator deve merecer medidas socioeducativas, como advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. A medida é aplicada segundo a gravidade da infração

Nos 54 países que reduziram a maioridade penal não se registrou redução da violência. A Espanha e a Alemanha voltaram atrás na decisão de criminalizar menores de 18 anos. Hoje, 70% dos países estabelecem 18 anos como idade penal mínima.
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O índice de reincidência em nossas prisões é de 70%. Não existe, no Brasil, política penitenciária, nem intenção do Estado de recuperar os detentos. Uma reforma prisional seria tão necessária e urgente quanto a reforma política. As delegacias funcionam como escola de ensino fundamental para o crime; os cadeiões, como ensino médio; as penitenciárias, como universidades.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A Imprensa é Canalha, mas... e a Rede Social?

Por PAULO FRANCO 


"A IMPRENSA BRASILEIRA SEMPRE FOI CANALHA" (Millor)



Millor Fernandes está correto, mas ele já morreu e acho que nunca fez idéia do que seria a imprensa hoje em dia. Há anos eu venho me negando a usar o termo PIG- Partido da Mídia Golpista. Eu não queria me colocar de forma tão radical, mas a partir de hoje, eu percebo que estou passando uma imagem de muito ingênuo. Não há mais sentido manter essa postura, tal o nível da canalhice dessa grande imprensa brasileira. 
Recentemente fiz uma postagem sobre a globo e o ibope e a medida que fui pesquisando ia percebendo o quanto nociva, o quanto golpista tem sido a grande imprensa desde os anos 50/60. De lá para cá, so falcatruas, só fraudes, só manipulações, só desinformações. Um deserviço à Democracia, à nação brasileira. 

A situação fica pior, quando pessoas comprometidas com partidos e/ou ideologias, sem escrupulos, colocam um post, como este, carregado de uma desonestidade informativa, com propósitos espúreos acabam por iludir, enganar muitas pessoas de boa fé.



Dissecando os absurdos contidos nesta postagem da rede social


Em primeiro lugar, não há nada mais esdrúxulo do que alguém que tenha um mínimo de juizo, falar em retirar alimentação do índice de preços oficial que mede a inflação.

Em segundo lugar, alimentos não é, e nem nunca foi, o vilão da inflação. Os alimentos, dada a volatilidade e a sazonalidade da atividade agrícola acaba imprimindo uma maior volatilidade do Indice. Ou seja, da mesma forma que sobe súbita e fortemente, cai da mesma forma. Em outras palavras, os alimentos não puxam necessáriamente e nem sistematicamente para cima o índice de preços.
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Em terceiro lugar, hoje o indice de inflação, excluindo os alimentos está em 7,4%, portanto maior e não menor que o índice normal que está em 6,1%.

Em quarto lugar, seria então, muita idiotice do governo, simplesmente retirar os alimentos do índice como o jornal divulga e o autor da postagem propaga, além de agregar alguns comentários totalmente imbecis.

Em quinto lugar, é totalmente inadequado políticamente, promover alguma mudança nos índice de inflação, por diversos motivos.  Primeiro por causa da marcação cerrada da grande imprensa sobre o governo, e qualquer movimento, seria motivo apara uma campanha de descrédito no governo e nos índices oficiais; em segundo lugar porque é uma ano de eleição e não serie muito inteligente, por parte do governo, mexer numa caixa de abela, nesse momento; e em terceiro lugar, devido ao nível da inflação que está "tocando" no teto e qualquer sinal de desconfiança poderá aumentar mais ainda a pressão altista dos preços.

Em sexto lugar, o que o IBGE poderia fazer é eliminar imperfeições da cesta de produtos e serviços, provocadas por alterações curtas, mascarando o real índice de inflação. Por exemplo, um determinado produto teve um elevado aumento de preços e os consumidores migraram para outro produto substituto (quem estudou microeconomia pode se lembrar do conceito de elasticidade cruzada que usa o mesmo raciocínio), a cesta deve ser ajustada imediatamente para que o número índice apurado não contenha essa distorção. O mesmo fenômeno ocorreria, quando o referido produto caísse brusca e fortemente. Essa sintonia fina, do calculo da inflação é mais importante para o mercado, que utiliza esses indicadores para fazer operações financeiras de juros, câmbio e outras, onde qualquer “base point” representam milhões de reais, evitando perdas indesejáveis, em função dessa falha operacional na qualidade de previsibilidade da inflação.

Em setimo lugar, nos USA, a inflação é considerada pelo sub índice chamado NUCLEO, ou seja, é o índice de preços, expurgados dos segmentos de “alimentos e de combustíveis”. O Indice CHEIO é divulgado normalmente, mas o mercado (financeiro) e o governo (política monetária) usam o núcleo da inflação e não o índice cheio como no Brasil. É importante deixar claro que o índice expurgado de alimentos e combustíveis não implica num valor menor. Será sempre diferente, menor ou maior dependendo do comportamento desses dois segmentos e dos demais preços.

Em otavo lugar,  O IBGE deveria iniciar a divulgação do Indice CHEIO e do Núcleo da Inflação, se já são apurados, senão, deveriam iniciar essa apuração. O núcleo da inflação é fundamental, pois ele tem uma correlação mais rígida com o processo de formação preços, refletindo de forma mais precisa a tendência inflacionária. Mesmo que o governo não queira considerá-lo, como índice oficial, sua divulgação seria de grande valia para o mercado e para a sociedade.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Na Venezuela, a tentação do golpe de Estado

Por Alexander Main

Os venezuelanos têm bons motivos para exprimir seu descontentamento diante de um poder que sofre para transformar as estruturas do país (aparelho produtivo, sistema fiscal...). Os protestos recentes foram assumidos por uma ala da oposição que tem apenas um objetivo: derrubar o presidente eleito Nicolas Maduro.



O dia 12 de fevereiro, três jovens venezuelanos morreram numa manifestação antigoverno em Caracas. Essa jornada sangrenta marcou o início de um dilúvio de reportagens e editoriais com títulos dramáticos: “A Venezuela agita a Venezuela” (The Wall Street Journal, 12 fev.); “A Venezuela em crise é a Ucrânia da América Latina” (Le Figaro, 1-2 mar.); “Os venezuelanos no impasse do ‘chavismo’” (Le Monde, 12 mar.).


O governo norte-americano não tardou em se juntar ao coro das cassandras. Em 21 de fevereiro, o secretário de Estado John Kerry denunciava uma “tentativa de abafar a contestação”. Para aqueles que descobrem a situação por meio do prisma dos grandes meios de comunicação e das declarações de Washington, parece que uma juventude apaixonada pela paz e pela democracia confronta a repressão brutal de um Estado petroleiro cujos dirigentes perderam o contato com o povo real.

Menos de um ano após a morte de Hugo Chávez, a missa já está rezada. O historiador mexicano Enrique Krauze condensa o espírito disso em um texto publicado no El País (26 fev.) e no New York Times (28 fev.): “A Venezuela está claramente deslizando para a ditadura”. Mas essa representação do presidente Nicolas Maduro como um Ceausescu dos trópicos reflete realmente a crise que o país atravessa?

As repreensões endereçadas ao regime bolivariano não são de todo imerecidas. A taxa de homicídios na Venezuela continua sendo uma das mais elevadas do mundo.1 Apesar das conquistas sociais obtidas ao longo dos dez últimos anos – entre elas uma queda de 50% da taxa de pobreza2 –, a economia padece de sérias disfunções, entre elas uma inflação galopante, um mercado negro do dólar que escapa a qualquer controle e que acelera a disparada dos preços, assim como as repetidas faltas de produtos que não poupam nem os bens de consumo correntes.3
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Mas se é verdade que a criminalidade, a inflação e as quebras de estoque atiçam a revolta contra o governo, grande parte das manifestações foi organizada pela ala mais radical da oposição. Portanto, o objetivo político se resume em uma palavra: a salida, a queda de Maduro e de “todos aqueles que estão encarregados das instituições públicas”,4 como o exige Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao, a municipalidade mais rica da Venezuela.


Um ar de déjà-vu


Mas nem todos os opositores aderem a essa linha dura. Em abril de 2013, Maduro ganhou a eleição presidencial com uma ligeira vantagem de 1,49%. Em dezembro, a oposição tentou transformar as eleições municipais em “referendo anti-Maduro”; mas, com um resultado inferior em dez pontos àquele do grupo bolivariano, ela fracassou pesadamente. O ex-candidato à presidência Henrique Capriles renunciou a qualificar o presidente de “ilegítimo”; ele até chegou a concordar em participar de uma série de discussões sobre a criminalidade na Venezuela. Quando ressoaram os primeiros apelos às manifestações, ele se recusou a associar-se a eles.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Como reduzir a pobreza: uma nova lição do Brasil para o mundo?

Por Deborah Wetzel, diretora do Banco Mundial


O país, que fez do futebol e das novelas um fenômeno global, agora exporta conhecimento para acabar com a desigualdade



Em uma década de operação, o programa Bolsa Família conseguiu reduzir pela metade a pobreza no Brasil (de 9,7% para 4,3%)


Uma coisa que o Brasil faz bem é globalizar. O país já transformou o futebol e as telenovelas, por exemplo, em fenômenos mundiais. Agora, é a vez de fazer o mesmo com seu modelo de redução da pobreza.

O Brasil acredita que a eliminação desse flagelo social será mais eficaz se o esforço for verdadeiramente conjunto.

Como parte dessa filosofia, o gigante sul-americano criou a iniciativa Mundo sem Pobreza (ou World Without Poverty, em inglês), que será um centro de troca de ideias e experiências sobre programas sociais.
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O ponto de partida e inspiração é o programa mais bem sucedido de todos os tempos: o Bolsa Família. Em uma década de operação, ele conseguiu reduzir pela metade a pobreza no Brasil (de 9,7% para 4,3%). O trunfo é a grande cobertura da iniciativa: são cerca de 50 milhões de brasileiros de baixa renda, um quarto da população.

O Bolsa Família faz parte do sistema que se tornou conhecido como transferências condicionais de dinheiro, pelo qual os pais recebem uma quantidade mensal de dinheiro (R$ 70 ou US$ 30) em troca de enviar os filhos para a escola e estar em dia com os exames de saúde.

Embora na última década 1,7 milhões de beneficiários tenham se "graduado" – ou seja, deixado o programa –, críticos alertam que muitos podem cair em uma relação de dependência. Eles ressaltam que o Bolsa Família é importante para combater a fome e dar melhores condições de vida aos pobres, mas ainda tem o desafio de oferecer oportunidades de trabalho e outros serviços para a população.

Esses últimos aspectos são justamente o foco do ambicioso plano governamental Brasil Sem Miséria, que promete eliminar a situação de extrema necessidade entre milhões de brasileiros.

Para além do debate, o sucesso do Bolsa Família, que foi lançado no Brasil em 2003, transformou o país em um "modelo de como fazer política social", de acordo com especialistas. Só em 2013, 120 delegações visitaram o Brasil para conhecer não só o Bolsa Família, mas também o Cadastro Único, que identifica quem são e onde estão os mais pobres do país.

A pobreza é de fato um problema global: um bilhão de pessoas (15% da população mundial) sobrevivem com menos de US$ 1,25 por dia.

“Estamos muito interessados ​​no Cadastro Único, acreditamos que seja uma das ferramentas mais importantes para a construção de sistemas eficazes de proteção social”, disse a ministra da Solidariedade Social do Djibouti, Youssouf Kayad Zahra, durante o lançamento do Mundo sem Pobreza esta semana, no Rio de Janeiro, como parte de um fórum de aprendizagem Sul-Sul.

O evento teve a participação de mais de 200 formadores de políticas públicas de 70 países, além de especialistas de organizações internacionais.

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"A plataforma WWP traz uma oportunidade para expandir as lições da aplicação das políticas sociais no Brasil "



Deborah Wetzel
Diretora do Banco Mundial no Brasil

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Portal Antipobreza


Especialistas em redução da pobreza estarão conectados globalmente por meio de uma plataforma online em três línguas, que servirá para destacar as iniciativas mais importantes nesta área. Ela também permitirá que os responsáveis ​​pela formulação e implementação de programas sociais em todo o mundo troquem ideias e conhecimentos em tempo real.

A ferramenta virtual Mundo Sem Pobreza/WWP (https://www.wwp.org.br/pt-br/node) será, por sua vez, um vasto repositório de informações e um ponto de encontro com o público, que poderá participar dessa grande "conversa" sobre um dos problemas mais persistentes do século 21.

"Acho que a plataforma WWP traz uma oportunidade para expandir as lições da aplicação das políticas sociais no Brasil", disse a economista Deborah Wetzel, diretora do Banco Mundial no Brasil.

As instituições que apoiam o Mundo sem Pobreza incluem o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco Mundial.
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FONTE: The World Bank

sexta-feira, 4 de abril de 2014

IBOPE + MÍDIA: A Equação e o Mapa da Fraude

Por Paulo Franco


Recebi a notícia da queda da popularidade de Dilma com certa estranheza, já que na semana anterior sua liderança na intenção de votos mantinha numa posição extremamente folgada com uma  movimentação marginal entre os demais candidatos e  todos muito distantes dela, em pesquisa feita pelo próprio IBOPE.

Ele venceria em todos os cenarios apesentados. No cenário mais provavel, considerando somente os 3 principais candidatos , Dilma manteve os 43%,  Aécio subiu de 14 para 15% e Campos também não alterou seus irrisórios 7%.  Para sacramentar a situação confortável de Dilma, no Segundo turno, nessa sondagem ele venceria com um grande foga 47% contra 20% de Aécio, ou 47% contra 16% de Campos e no pior cenário Dilma teria 45% contra 21% de Marina.  Ou seja, essa pesquisa veio ratificar o cenário eleitoral.

Quando saíu, uma semana depois o resultado da pesquisa sobre a queda da popularidade, eu divulguei na rede social a seguinte frase: "A sociedade brasileira quer mudanças, com Dilma no comando e mais ninguém".
  
Intenção de Voto
Popularidade

Uma matéria veícula no jornal eletrônico BRASIL 247,  entitulada  "O IBOPE ruim e o IBOPE bom: Tem Caroço nesse Angú", me chamou muito a atenção por algumas desconfianças e algumas informações levantadas.  Como gosto desse assunto e tenho um conhecimento técnico razoável dele, essa matéria mexeu com o desconforto e despertou minha inércia e decidi entrar mais a fundo, analisando as informações diretamente das fontes: O IBOPE e o TSE.

Da pra frente as coisas foram clareando, cada vez mais a minha sensação do quão violento será o processo eleitoral para a Presidência da República nesta ano.

ANTECEDENTES:

O Golpe de 64 e a Ditadura Civil e Midiática


Antes de fazer um relato sucinto do processo do golpe, gostaria de deixar bem claro que Jango é era muito bom de voto.  Peso pesado, coisa que muita gente não sabe, pois ele foi candidato nas duas vezes à vice e não a presidente.  Naquela época a votação para Presidente e para Vice-Presidente não era uma chapa como hoje, mas separadamente.  Em 1955, Jango, ex-ministro do Trabalho de Getúlio, candidatou-se a vice e se elegeu com uma votação maior que da Presidente eleito: Juscelino Kubischek.   Em 1960, candidatou-se novamente a Vice-Presidente e venceu a eleição, embora o seu aliado candidato à Presidencia perdera para Jânio da Coligação PDC (Partido Democrata Cristão) com a UDN (União Democrática Nacional)

Como já é sabido de todos, o golpe de 64 foi um processo em maturação desde a morte de Getúlio. Juscelino caminhou no fio da navalha em todo o seu governo.  A classe mais conservadora, capitaneada pela UDN, que já estava fora  do poder, desde Getúlio, perdera novamente para Juscelino.   Em 1960, finalmente os conservadores elegem Jânio Quadros, mas  sua renúncia alterou toda a situação e o humor político de então.  O Golpe entra então na sua faze de amadurecimento, com praticas não só de pressões políticas, mas também de atos ilegais.

Na Renúncia de Jânio, João Goulart estava na China e os Conservadores, através dos 3 chefes das FFAA não aceitaram a posse natural e democrática do vice Jango. O presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli foi empossado presidente em lugar de Jango.

Todavia essa decisão não era unânime nem entre os políticos e nem entre os militares.  A desculpa da ameaça comunista não convencia-os, totalmente.  Iniciou-se então a campanha da legalidade, liderada por Brizola e o gal. Machado Lopes, para que a CF fosse cumprida.  Entre muitas movimentações e campanhas nos jornais, o Congresso acha uma solução conciliatória: o Parlamentarismo.   Jango assumiria a Presidencia do Brasil, tendo poderes diminuindo sendo portanto somente o chefe de estado.  Aprovado, Jango assume a Presidência e Tancredo é escolhido como Primeiro-Ministro do governo Jango. Esse foi, na prática, o primeiro ato do golpe de estado, pois a CF fora de fato descumprida. 

Em julho de 1962, Tancredo exonerou-se para se candidatar às eleições a Deputado Federal.  Assumindo Brochado da Rocha que também se exonerou e depois Hermes Lima.  Jango e aliados articula a volta do presidencialismo que passa a vigorar a partir de janeiro de 1963. 

Com San Tiago Dantas na Fazenda e Celso Furtado no Planejamento, é lançado o Plano Trienal, um programa progressista e estruturante, para promover as reformas de base , que contemplava as Reformas agrária,  fiscal,  eleitoral,  urbana e  bancária.  O ambiente político e social foi ficando cada vez mais agitado, de um lado as demandas sociais pelos avanços que já haviam ocorrida na europa há tempos e de outro lado o medo de perdas da classe conservadores em função dessas reformas e o ambiente da gerra fria no seu ápice no plano internacional que inspirava preocupação dos EUA com o Brasil, tendo em vista a revolução cubana em 1959.

As classes conservadoras da época, empresários, políticos radicais de direita, militares e a imprensa, como o apoio dos EUA, o golpe é sacramentado.


Desconhecido (até então) Papel da Mídia e do IBOPE no Golpe de 64


As  grandes justificativas para o golpe, sempre foram o perigo comunista, a fraqueza de João Goulart e que a população apoiava um intervenção, um golpe e não o seu governo.  Ora engolimos isso, por 50 anos, embora essa lógica não fechava, já que o histórico eleitoral de Jango era exatamento o oposto, como ja foi dito anteriormente.  Foi eleito vice com mais voto que o próprio presidente Juscelino, em 1955.  Já em 1960, embora o Presidente vitorioso, Jânio Quadros,  tenha sido o candidato da coligação conservadora, incluindo a UDN, o vice não foi o candidato da chapa Janista, mas sim da coligação oposta, Jango novamente, tal era o seu vigor eleitoral.

Para minha surpresa e provavelmente de todo o país foi saber, agora, que a Midia contratou o IBOPE para fazer pesquisas logo antes da ocorrência do golpe final, provavelmente para se certificar do qual seria a opinião pública em relação à aprovação do governo, às reformas e à intenção de voto, caso Jango se candidatasse às próximas eleições.  Os resultados dessas pesquisas ficaram escondidas à 7 chaves, pelo IBOPE e pelas entidades que o contratou, por todos esses 50 anos.   E não era para menos, as pesquisas mostram exatamente o contrario do que era alardeado pela Mídia e pelas instituições comprometidas com o golpe.   Pelo que se sabe, o IBOPE entregou a documentação das pesquisas em 2003 para serem preservados nos Arquivos do pensador anarquista Edgard Leuenroth (AEL), do Acervo do IFCH, da UNICAMP.

Foram feiras 3 rodadas de pesquisas: A aprovação de João Goulart, a Intenção de Voto e a aprovação das Reformas de Base, proposta pelo seu governo, como já foi dito anteriormente.  Os resultados são surpreendentes. Aprovação de Jango: 69%; Intenção de Votos: 50% declararam que votariam em Jango se ele se candidatasse a Presidente e finalmente; 59% aprovaram a adoção das Reformas porpostas.

Ricardo Kotscho, jornalista e colunista do R7, levantou a seguinte questão em sua matéria que serviu de combustível para essa minha postagem:  "a divulgação destas pesquisas pela imprensa poderia ter alterado o rumo dos acontecimentos, já que para derrubar Jango um dos principais argumentos utilizados pelos golpistas foi a fragilidade do presidente e do seu governo diante do "perigo comunista" que ameaçava o país?".




O Famigerado caso Globo / Proconsult