sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O delírio da divisão etno-geográfica do país

Por Paulo Franco

As eleições de 2014 desencadeou uma combinação perigosa de ignorância, preonceitos, discriminação e arrogância, que só se dissipará com o exercício da democracia e seu consequente fortalecimento.





UM EXEMPLO RECENTE NOS ESTADOS UNIDOS


Nas eleições presidenciais de 2000, para substituir o então presidente do Partido Democrata, Bill Clinton, nos Estados Unidos da América, o candidato do Partido Republicano obteve a maioria dos votos do colégio eleitoral, sendo eleito por 271 delegados.

Al Gore, candidato da situação, do Partido Democrata, obteve o voto de 266 delegados, perdendo para o candidato republicano por apenas 5 votos no colégio eleitoral.
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Todavia os 271 delegados que escolheram Busch representavam 50.456 mil votos populares, enquanto que os 266 delegados que votaram em Al Gora, represetaram 50.996 mil votos populares, ou seja, Al Gore "venceu" por 540 mil votos populares.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A Inexorável Vitória de Dilma Rousseff

Por Paulo Franco



Analisando toda a trajetória dos indicadores de opinião pública sobre os dois candidatos eleitos para o segundo turno dessas eleições podemos traçar um cenário para as eleições do próximo dia 26.

A CONSISTENTE ELEVAÇÃO DA APROVAÇÃO DO GOVERNO NA RETA FINAL

O primeiro índice que indica um vitória de Dilma é a "aprovação do governo".  Depois de cair drásticamente no ano passado, esse índice vem oscilando sem demonstra nenhuma tendência, patinando ao longo do primeiro semestre deste ano.
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No final de agosto, as pesquisas começaram a apontar um crescimento lento mas sistematíco, desenhando uma tendência lenta, mas altista.  Na dias em torno das eleições de primeiro turno, o índice manteve-se estável por mais de duas semanas.  Mas tão logo passadas as eleições, o índice retomou a alta e acelerou nos últimos dias que antecedem o pleito de segundo turno, atingindo no dia 23 o taxa de 44%. 

O COMPORTAMENTO DO ÍNDICE DE REJEIÇÃO

Outro fator relevante na ascenção das intenções de votos em favor de Dilma, é o comportamento do eleitor, com relação à rejeição aos candidatos.

Dilma vinha com um índice de rejeição alto e bastante distante de todos os demais candidatos, inclusive o seu atual adversário, Aécio Neves.  Enquanto Dilma tinha uma rejeição acima dos 30%, Aécio mantinha um nível de rejeição pouco acima de 20%.  Uma posição bastante confortável para esse candidato, com relação a uma resposta do eleitor se fosse efetuado um bom trabalho de comunicação. 

Logo após as eleições de primeiro turno, houve um salto nos índices de rejeição de ambos, talvez tenha havido algum efeito decorrente da eleição se concentrar, a partir de então, em apenas dois candidatos.  Dilma deu um salto de 11 pontos percentuais atingindo o perigoso nível de 43%.  Mas ao mesmo tempo, Aécio viu seu indice de rejeição subir 13 pontos percentuais,  num salto maior que o de Dilma, tanto em termos absolutos, quanto em termos relativos pois representou um pulo de 62%, acendendo uma luz amarela, pois essa era um vantagem muito importante em relação à adversária. 

A REVERSÃO DO ÍNDICE DE REJEIÇÃO ENTRE DILMA E AÉCIO

Na segunda pesquisa feita pelo Datafolha, após as eleições de primeiro turno, o índice de rejeição de Dilma inicia uma trajetória descendente, identificando nos dias 15, 20 e 23 os índices de 42%, 39% e 37%.  Neste mesmo período Aécio, os índices de Aécio manteve sua trajetória altista, saindo dos 34% medidos na primeira pesquisa pós primeiro turno para 38%, 40% e 41% nos dias mencionados acima.   Ou seja, a rejeição de Aécio ultrapassou a de Dilma e abriu um gap razoável.  E a trajetória indica que esse gap deve aumentar ainda mais nesses dois últimos dias antes da eleição final.

CONCLUSÃO

A trajetória dos índices de rejeição de ambos os candidatos e a trajetória do índice de aprovação do governo Dilma, demonstra uma clara abertura da distância das intenções de votos entre os dois candidatos em favor da reeleição de Dilma Rousseff.

Cabe ressalvar que toda essa análise e conclusão se restringe ao contexto conhecido e comportamento desses índices.  Qualquer ocorrência de um fato exógeno ao processo descrito, invalida toda a análise e a consequente conclusão final.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Há mais coisas entre as Pesquisas e as Urnas, do que sonha a nossa vã filosofia

Por Paulo Franco



Como podem, os institutos,  darem  95% de certeza em resultados tão divergentes.  Ou um ou outro está errado.  Os números do Instituto Sensus estão tão distantes e tão desfavoráveis à Dilma e favoráveis a Aécio que não resta outra coisa a pensar, a não ser em fraude eleitoral.


Os resultados das pesquisas eleitorais pelos Institutos e os meios de comunicação que os contratam tem desafiado os limites da bestialidade, rasgando todos os manuais de estatística e trepudiando a regras mínimas da ética e do respeito à democracia.

Os institutos utilizam-se de tecnicas estatísticas da teoria da amostragem que contemplam um intervalo de confiança, que caracteriza um intervalo medido por desvios padrões, que contempla uma certa probabilidade do resultado ficar nesse referido intervalo.

Os institutos trabalham com um intervalo de 95% de confiabilidade, ou seja, 95% de probabilidade do resultado estar no intervalo determinado.  Essa probabilidade de 95% compreende um intervalo de 2 desvios padrões para menos e 2 desvios padrões para mais.  Na prática significa que de cada 100 levantamentos, 95 estarão dentro desse intervalo, em qualquer ponto do intervalo.

Plotei abaixo os levantamentos feitos pelos Institutos Datafolha, Ibope e Sensus.

O INDICIO DE FRAUDE ESTÁ ESCANCARADA


Plotando num gráfico da curva padrão (normal) os resultados da pesquisa dos 3 institutos, do candidato Aécio temos as seguintes constatações. (i) os resultados do Ibope e do Datafolha foram identicos, 46%, portanto as duas curvas são concidentes e sobrepostas.  (ii) Os resultados da pesquisa divulgada pelo Instituto Sensus é totalmente descolada e distante das curvas do Ibope e do Datafolha.

No caso do Ibope e Datafolha, o intervalo de confiança de 95% é compreendido pelos valores que vão de 44% até 48%, com a média (resultado númerico apresentado) de 45%.
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No caso do Sensus, o intervadode confiança de 95% é compreendido pelos valores de 57% até 61%, com a média (resultado númerico apresentado) de 59%, nestes casos com valores arredondados para facilitar a visibilidade e a compreensão. 

Como se pode notar, tanto pelos números, como pelo gráfico que as duas curvas não se tocam, não se cruzam, havendo uma distância astronômica, tecnicamente falando.  Como pode dois intervalos de números tão diferentes e distantes ter a probabilidade de 95%?  Isso é uma ofensa ao cidadão, uma agressão à teoria estatística.  Uma aberração dessa sugere instantâneamente uma alta probabilidade de ocorrência de fraude no planejamento ou na execução da pesquisa, recaindo sobre a Sensus a maior chance da ocorrência da fraude.  E, no caso de fraude, fica caracterizado o favorecimento fraudulento das intensões de votos superestimadas, o que a meu ver caracterizaria um crime eleitoral, ou no mínimo um atentado contra a democracia.

SENSUS MANTEM A DIVERGÊNCIA NO CASO DE DILMA


Da mesma forma, lotando num gráfico da curva padrão (normal) os resultados da pesquisa dos 3 institutos, da candidata Dilma,  temos constatações semelhantes, onde as distorções invertem-se, mas mantendo o prejuizo para Dilma e o favorecimento para Aécio. (i) os resultados do Ibope e do Datafolha foram identicos, 44%, portanto as duas curvas são concidentes e sobrepostas.  (ii) Os resultados da pesquisa divulgada pelo Instituto Sensus é totalmente distinta das curvas do Ibope e do Datafolha.

No caso do Ibope e Datafolha, o intervalo de confiança de 95% é compreendido pelos valores que vão de 42% até 46%, com a média (resultado númerico apresentado) de 44%.,

No caso do Sensus, o intervado de confiança de 95% é compreendido pelos valores de 38% até 42%, com a média (resultado númerico apresentado) de 40%.

Embora no caso dos resultados das intensões de votos para Dilma, as divergências sejam menores, os intervalores de confiança têm valores distintos, somente se tocando no valor máximo do intervalo da Sensus, 42% coincidir com o valor mínimo do Ibope e do Datafolha.  Da mesma forma que no caso referente ao Aécio,  são absurdas as diferenças e não há como justificar perante a sociedade que os números de uns ou de outros.

O INTERVALO DE CONFIANÇA E O ERRO AMOSTRAL


Como já é do conhecimento de todos, quando um Instituto faz uma pesquisa de intenção de votos, ele não aplica em todo o universo, nesta caso todos os eleitores do Brasil. Isso não é feito por limitações técnicas e de custo. Então ele recorre à tecnica de amostragem.
 
A amostra selecionada deve ser tão representativa do universo que permita a generalização dos resultados obtidos para todo o universo de eleitores. As limitações acarretadas pela amostra, são expressada níveis níveis de probabilidades ou de confiança.
 
A idéia neste momento não é questionar a qualidade da amostra em termos quantitativos e nem qualitativos, mas entender a formação do intervalo de confiança, e as margens de erro envolvidos nos resultados divulgados pelo Instituto.
 
O imagem acima mostra uma curva de distribuição normal padrão, onde a área abaixo da curva representa a probabilidade acumulada de ocorrer um evento qualquer. O eixo central é a média e os demais eixos verticais representam a distância em desvios padrões da media. Numa distribuição normal padronizada, a média é zero e os eixos são 1, 2, 3 desvios padrões para a direita e -1, -2...desvios padrões para a esquerda.
 
O intervalo de 4 desvios padrões em torno da média (2 para baixo e 2 para cima) concentra uma probablidade de 95,44%, portanto há uma probabilidade de 95,44% de que o resultado ocorra entre os números X-2 e X+2.
 
Por isso que ao divulgar a pesquisa o apresentador, neste caso disse: "Se a eleição fosse hoje Dilma Rousseff obteria 44% das intenções de votos, com uma margem de erro de 2 pontos para mais e 2 pontos para menos. Esses resultados têm 95% de confiabilidade".
 
Note que tem sido sempre considerado, não só neste caso, mas também por outros institutos o valor do Desvio Padrão como 1 ponto percentual. Como já disse anteriormente, não estou neste momento questionando a metodologia, e os resultados da pesquisa, mas apenas interpretando-os. Significa, então, que o instituto calculou o desvio padrão e o valor deve ser muito próximo de 1%. Convém ressaltar que este número é aproximado, pois ele varia muito em função de cada distribuição. Provavelmente é uma simplificação que não compromete os resultados, espero.
 
Se há 95% de probabilidade do resultado estar no intervalo descrito, onde estão os outros 5%? Estão nas extremidades da curva. Ou seja, 2,5% de probabilidade de ocorrer um valor menor que 42% (44% - 2%) e 2,5% de probabilidade de ocorrer um valor maior que 46% (44% + 2%).

domingo, 12 de outubro de 2014

Pres do PSB, reconhece erro da Executiva e pede para militância votar em Dilma

Por Paulo Franco


Ao tomar a corajosa decisão de apoiar Dilma Rousseff e recomendar a toda a militância socialista a votar nela, Roberto Amaral, lembra o legado do PSB e os nomes das grandes personalidades responsáveis pela construção do partido, numa tentativa, "antes tarde do que nunca", de corrigir um erro histórico cometido pela Executiva do partido.


Confesso aqui, que tenho presenciado posicionamentos políticos decepcionantes nestes últimos tempos.  Estou acostumado com a politicagem no pior significado da palavra.  Conduta exemplares adotadas por Roberto Freire e Ivete Vargas são revoltantes, mas dentro do contexto da normalidade política, que sempre admitimos existir pontualmente, tipo mau-caratismo, trairagem, entreguismo, entre outras.

Mas quando nos deparamos com ícones do pensamento humanitário e de um comportamento exemplar como é o caso de Roberto Amaral, a gente ficar perplexo, sem conseguir reunir palavras explicar a conduta dele alinhada com essa nova trajetória que seu partido resolveu trilhar.

CIENTISTA POLÍTICO MONIZ BANDEIRA , ALERTOU AMARAL SOBRE O DESASTRE


É oportuno lembrar que em meados de setembro o reconhecido cientista político Moniz Bandeira, especialista em política externa e relações internacionais, escreveu uma carta a Roberto Amaral, exortando-o a renunciar à Presidência do partido antes da reunião Executiva do dia 27 de setembro, para preservar sua reputação política. 

O ilustre cientista Moniz Bandeira fez essa recomendação ao, não menos respeitado, Prof. Dr. Roberto Amaral pela analise do cenário político que envolvia a determinação de Marina Silva em candidatar-se à Presidência e sua notória inconformidade e também dos interesses que a representam, com a condição de vice. Moniz Bandeira profetizou que Marina e aqueles que representam os interesses por traz de sua candidatura faria algo para inverter essa situação.

Porque motivo Marina se recusou a revelar o nome das entidades que lhe repassaram R$ 1,6 milhão (oficialmente declarado) como pagamento de conferências.  A confidencialidade nesse contexto pode conter indícios nada interessantes.  O segredo pode expressar uma confissão. 
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Moniz Bandeira alerta que as posições assumidas por Marina Silva são radicalmente incompatíveis com as bandeiras do PSB.  Como a oposição ao Mercosul, a subserviência aos Estados Unidos,  a oposição ao direito de autodeterminação de Cuba, a revelação da pretensão de voltar aos tempos de Gal. Castelo Branco de proclamar a dependência do Brasil, conforme afirmou do general Juracy Magalhães, embaixador brasileiro nos EUA: "O que é bom para os EUA, é bom para o Brasil."

O Prof Roberto Amaral, respondeu com um lindo texto, mas deixando brechas  e exposição ao risco intelectual e político. Enalteceu o cientista e ratificou seus ideais e sua posição, fazendo uma afirmação tão firme quando arriscada: "Como militante engajado não posso me guiar por especulação de queda de avião por conspiração estrangeira e nem por premonições.  A famosa realidade objetiva não me permite."

Roberto Amaral mostrou sua idoneidade e militância política de natureza eminentemente socialista, lembrando a refundação do PSB, extinto pela Ditadura, promovido por ele, Antonio Houaiss, Jamil Haddad e posteriormente Miguel Arraes.  Reafirmou as bandeiras do PSB, cujas lutas jamais seriam abandonadas, como: 
  • Contra as desigualdades sociais, 
  • Pela reforma agrária, 
  • Pela defesa do meio ambiente, 
  • Pelo domínio de novas tecnologias, 
  • Pela ampliação e melhoria do sistema de ensino
  • Pela segurança do cidadão; 
  • Pelos grandes projetos estratégicos, sejam os de infraestrutura para o desenvolvimento social e econômico, sejam os que darão suporte ao seu papel como ator global. 
  • Pelas iniciativas que respaldarão militarmente a política externa soberana e à aproximação com nossos irmãos africanos e latino-americanos. 
  • Pelo combate aos desvios do patrimônio público.

 

 ROBERTO AMARAL SE ILUDIU COM A ÍNDOLE POLÍTICA DE SEUS PARES


Roberto Amaral respondeu taxativamente ao cientista que renunciaria sim, à Presidência do PSB se essas proposições fossem abandonadas.   Assume ainda, a responsabilidade como dirigente do partido, de zelar pelo cumprimento dos compromisso programáticos, "observada a realidade objetiva". 

Mancharia minha biografia, diz Roberto Amaral,  se acossado por  premonições e pela libertinagem do "livre pensar" optasse pela renúncia.

Aqui, com meus botões, não sei o quanto ele ficou impactado pela grave suspeita do acidente fazer parte de um complô internacional ou pelas premonições anunciadas por Moniz Bandeira, mas ao que parece, Roberto Amaral foi atropelado pela "realidade objetiva" que ele mesmo elegeu como regra de conduta.

Mesmo que ele não renunciasse para preservar a si mesmo, a sua história, poderia ter assumido posições mais firmes, valendo-se de sua autoridade de líder, de fundador do partido além de respeitado defensor do ideário socialista. 

Refazendo-se do choque de "realidade objetiva", ele tenta juntar os "cacos" emocionais e intelectuais e, antes tarde do que nunca, decide se posicionar conforme determina sua própria biografia.  

Repudia categoricamente a posição da Executiva ao apoiar um projeto frontalmente contra as linhas dorsais e as bandeiras históricas do partido, representado pela candidatura de Aécio Neves, caracterizando uma verdadeira guinada para a direita mais conservadora do Brasil.  Alerta ainda,  para a contribuição do partido para os caminhos do retrocesso. 

Ao tomar a corajosa decisão de apoiar Dilma Rousseff e recomendar a toda a militância socialista a votar nela, Roberto Amaral, lembra o legado do PSB e os nomes das grandes personalidades responsáveis pela construção do partido, numa tentativa, "antes tarde do que nunca", de corrigir um erro histórico cometido pela Executiva do PSB. 

CARTA ABERTA DE ROBERTO AMARAL 

 

Mensagem aos militantes do PSB e ao povo brasileiro

A luta interna no PSB, latente há algum tempo e agora aberta, tem como cerne a definição do país que queremos e, por consequência, do Partido que queremos. A querela em torno da nova Executiva e o método patriarcal de escolha de seu próximo presidente são pretextos para sombrear as questões essenciais. Tampouco estão em jogo nossas críticas, seja ao governo Dilma, seja ao PT, seja à atrasada dicotomia PT - PSDB – denunciada na campanha por Eduardo e Marina como do puro e exclusivo interesse das forças que de fato dominam o país e decidem o poder.

Ao aliar-se acriticamente à candidatura Aécio Neves, o bloco que hoje controla o partido, porém, renega compromissos programáticos e estatutários, suspende o debate sobre o futuro do Brasil, joga no lixo o legado de seus fundadores – entre os quais me incluo – e menospreza o árduo esforço de construção de uma resistência de esquerda, socialista e democrática.

Esse caminhar tortuoso contradiz a oposição que o Partido sustentou ao longo do período de políticas neoliberais e desconhece sua própria contribuição nos últimos anos, quando, sob os governos Lula dirigiu de forma renovadora a política de ciência e tecnologia do Brasil e, na administração Dilma Rousseff, ocupou o Ministério da Integração Nacional.

Ao aliar-se à candidatura Aécio Neves, o PSB traiu a luta de Eduardo Campos, encampada após sua morte por Marina Silva, no sentido de enriquecer o debate programático pondo em xeque a nociva e artificial polarização entre PT e PSDB. A sociedade brasileira, ampla e multifacetada, não cabe nestas duas agremiações. Por isso mesmo e, coerentemente, votei, na companhia honrosa de Luiza Erundina, Lídice da Mata, Antonio Carlos Valadares, Glauber Braga, Joilson Cardoso, Kátia Born e Bruno da Mata, a favor da liberação dos militantes. O Senador Capiberibe votou em Dilma Rousseff.

Como honrar o legado do PSB optando pelo polo mais atrasado? Em momento crucial para o futuro do país, o debate interno do PSB restringiu-se à disputa rastaquera dos que buscam sinecuras e recompensas nos desvãos do Estado. Nas antessalas de nossa sede em Brasília já se escolhem os ministros que o PSB ocuparia num eventual governo tucano. A tragédia do PT e de outros partidos a caminho da descaracterização ideológica não serviu de lição: nenhuma agremiação política pode prescindir da primazia do debate programático sério e aprofundado. Quem não aprende com a História condena-se a errar seguidamente.

Estamos em face de uma das fontes da crise brasileira: a visão pobre, míope, curta, dos processos históricos, visão na qual o acessório toma a vez do principal, o episódico substitui o estrutural, as miragens tomam o lugar da realidade. Diante da floresta, o medíocre contempla uma ou outra árvore. Perde a noção do rumo histórico.

Ao menosprezar seu próprio trajeto, ao ignorar as lições de seus fundadores – entre eles João Mangabeira, Antônio Houaiss, Jamil Haddad e Miguel Arraes –, o PSB renunciou à posição que lhe cabia na construção do socialismo do século XXI, o socialismo democrático, optando pela covarde rendição ao statu quo. Renunciou à luta pelas reformas que podem conduzir a sociedade a um patamar condizente com suas legítimas aspirações.

Qual o papel de um partido socialista no Brasil de hoje? Não será o de promover a conciliação com o capital em detrimento do trabalho; não será o de aceitar a pobreza e a exploração do homem pelo homem como fenômeno natural e irrecorrível; não será o de desaparelhar o Estado em favor do grande capital, nem renunciar à soberania e subordinar-se ao capital financeiro que construiu a crise de 2008 e construirá tantas outras quantas sejam necessárias à expansão do seu domínio, movendo mesmo guerras odientas para atender aos insaciáveis interesses monopolísticos. 

O papel de um partido socialista no Brasil de hoje é o de impulsionar a redistribuição da riqueza, alargando as políticas sociais e promovendo a reforma agrária em larga escala; é o de proteger o patrimônio natural e cultural; é o de combater todas as formas de atentado à dignidade humana; é o de extinguir as desigualdades espaciais do desenvolvimento; é o de alargar as chances para uma juventude prenhe de aspirações; é o de garantir a segurança do cidadão, em particular aquele em situação de risco; é o de assegurar, através de tecnologias avançadas, a defesa militar contra a ganância estrangeira; é o de promover a aproximação com nossos vizinhos latino-americanos e africanos; é o de prover as possibilidades de escolher soberanamente suas parcerias internacionais. É o de aprofundar a democracia.

Como presidente do PSB, procurei manter-me equidistante das disputas, embora minha opção fosse publicamente conhecida. Assumi a Presidência do Partido no grave momento que se sucedeu à tragédia que nos levou Eduardo Campos; conduzi o Partido durante a honrada campanha de Marina Silva. Anunciados os números do primeiro turno, ouvi, como magistrado, todas as correntes e dirigi até o final a reunião da Comissão Executiva que escolheu o suicídio político-ideológico.

Recebi com bons modos a visita do candidato escolhido pela nova maioria. Cumprido o papel a que as circunstâncias me constrangeram, sinto-me livre para lutar pelo Brasil com o qual os brasileiros sonhamos, convencido de que o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff é, neste momento, a única alternativa para a esquerda socialista e democrática. Sem declinar das nossas diferenças, que nos colocaram em campanhas distintas no primeiro turno, o apoio a Dilma representa mais avanços e menos retrocessos, ou seja, é, nas atuais circunstâncias, a que mais contribui na direção do resgate de dívidas históricas com seu próprio povo, como também de sua inserção tão autônoma quanto possível no cenário global.

Denunciámos a estreiteza do maniqueísmo PT-PSBD, oferecemos nossa alternativa e fomos derrotados: prevaleceu a dicotomia, e diante dela cumpre optar. E a opção é clara para quem se mantém fiel aos princípios e à trajetória do PSB.

O Brasil não pode retroagir.

Convido todos, dentro e fora do PSB, a atuar comigo em defesa da sociedade brasileira, para integrar esse histórico movimento em defesa de um país desenvolvido, democrático e soberano.

Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2014.

Roberto Amaral

sábado, 11 de outubro de 2014

Vitória de Dilma começa a se cristalizar

Por Paulo Franco

Nesses ultimos 3 dias vem ocorrendo uma serie de fatos que sinalizam o crescimento da probabilidade de vitória de Dilma Rousseff


IBOPE E DATAFOLHA: UM BANHO DE GÊLO


A astronômica e questionável alta de 52% na intenção de votos para Aécio Neves nos últimos 3 dias que precederam as eleições do primeiro turno, de 22% no dia 02 para os 33,5 apurado nas urnas dia 05,  permitiram a todos os analistas políticos, prever uma vantagem significativa dele sobre Dilma, pelo menos nas primeiras pesquisas. 

Logo após a apuração, já começaram a surgir especulações, com a disparada da Bolsa de Valores e a divulgação de algumas duvidosas pesquisas não oficiais que confirmavam o favoritismo de Aécio com larga vantagem de pontos. 

As pesquisas do Ibope e do Datafolha mostrando o empate técnico, embora com a vantagem numérica de Aécio, caracterizou-se num verdadeiro banho gelado, nos moldes do "desafio do balde de gelo",  sobre os segmentos conservadores.  A Bolsa de Valores, como não poderia ser diferente, funcionou como um indicador, um alerta, ao "derreter" liberalmente quando os resultados das pesquisas começaram a vasar , como sempre ocorre no mercado sobe os olhos passivos da CVM.

PROPAGANDA ELEITORAL MAIS EFECIENTE


A propagando eleitoral do partido no segundo turno está melhor em todos os sentidos. 

(i) COMUNICAÇÃO, está mais objetiva, abordando aspectos mais concretos, objetivos, palpáveis.  Ao diminuir o discurso teórico, abstrato o número de "ouvintes" aumenta substancialmente, ou seja, a comunicação não se perde no espaço, a partir da "emissora".  A informação chega aos "receptores" em função de uma adequação na linguagem, no vocabulário e acima de tudo, no interesse do eleitor, do cidadão. 

(ii) CONTEÚDO, Dilma está abordando aspectos pontuais, exemplares, que remetem ao uma dedução da política como um todo.  O conteúdo fica mais explicito, inteligível, visível.  Interessante em apontar objetivamente o que foi realizado, as propostas e caminhos futuros e também a desastrosa administração do governo tucano no passado, que hoje é representado pela candidatura adversária. 
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(iii) POSTURA: Outro grande salto a meu ver foi na postura de Dilma.  Ainda falta um pouco mais de sorriso, para mostrar uma satisfação que expessa a realização do governo consoante com a satisfação do povo que foi beneficiado por esta política.  
Ela está mostrando, nesta fase do segundo turno, mais desenvoltura, mais firmeza nas propostas, mais realces e enfase nas realizações, mostrando com imagens, bem como confrontando e denunciando as mazélas do governo tucano.

A diferença entre os dois modelos de Gestão e de Política Economica e Social, que é o neoliberalismo tucano e o trabalhismo petista e as consequências decorrentes das duas alternativas nos diversos segmentos sociais.

MOVIMENTAÇÃO DA MILITÂNCIA NA REDE E NAS RUAS


Caiu a ficha da militância petista dos humanistas e dos esquerdistas com o tranco que tomaram ao ver a estranha subida de Aécio nas pesquisas nos últimos 3 dias, bem como o resultado das eleições no primeiro turno.  Esse episódio por sí já causa arrepios, somado ao "circo" da Petrobras, fica mais evidente um conduta golpista inquestionável.  A dúvida são o ambiente político nacional e internacional e também até onde os golpistas pretendem chegar.

Perceberam que tinham que sair da inércia e se movimentar, ir a campo.  Várias iniciativas foram tomadas, com movimentações de sindicatos, centrais sindicais, formação de comitês especial pró-Dilma e uma atuação mais intensa e objetiva nas redes sociais.

RATIFICAÇÃO DO APOIO DO PDT AO PT E À DILMA


Embora o PDT já fizesse parte da base aliada do governo Dilma, nestes momentos de eleição e de ebulição política e social, paira uma insegurança quanto à continuidade do apoio dos partidos aliados.

A ratificação pela direção nacional do PDT da decisão que já havia sido tomada por unanimidade na Convenção Nacional do PDT em 10 de junho de 2014, não só elimina insegurança como também motiva ainda mais a candidatura da Presidenta Presidenta Dilma Rousseff.

DISSIDÊNCIA CRESCENTE NO PSB EM FAVOR DE DILMA


A vereadora do Recife, Marília Arraes, prima de Eduardo Campos e também neta do grande líder socialista pernambucano Miguel Arraes, declarou apoio a Dilma Rousseff como também, além de contrariar, criticou vêemente a decisão de seu partido PSB, de apoiar o candidato tucano.  "O PSB está perdendo o rumo e enterrando os seus princípios... Como é possível ignorar todos os avanços sociais do projeto político conduzido por Lula e por Dilma?"

Em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo",  Roberto Amaral, presidente do PSB e voto vencido contra o apoio a Aécio, classificou a postura do partido como "coronelismo, enxada e voto."

PSB da Bahia oficializa apoio a Dilma, sustentando que "Dilma está mais próximo do posicionamento político e ideológico do partido".  Enfatiza ainda que a "defesa dos 10% do PIB nacional para educação e 10% da receita bruta da União para a Saúde", converge mais com o plano de governo de Dilma.

O PSB da Paraiba também apoiará Dilma Rousseff, já que o candidato do PSB ao governo,  está recebendo apoio do PMDB e do PT. 

O PSB do Amapá também decidiu não acompanhar a decisão da Executiva Nacional de apoiar o tucano e vai apoiar Dilma Rousseff à reeleição. E nota, o PSB do Amapa justificou sua posição dizendo que "há 2 projetos a escolher. (i) Um deles representa a volta ao passado. Há um tempo em que o Brasil não tinha políticas eficientes de combate à miséria e que, ao mesmo tempo, promovessem o desenvolvimento nacional sem perder de vista o fortalecimento das economias regionais. Uma época em que, muito dificilmente, um filho de pobre virava doutor. Um Brasil de poucos para poucos, que não tinha um olhar solidário para com os mais pobres.

(ii) O outro caminho é o que está construindo um Brasil para todos, onde milhares de brasileiros saíram da miséria absoluta e outros milhares ascenderam para a classe média, conquistando uma vida melhor, com mais dignidade e cidadania. Um país da inclusão social. Que pensa o desenvolvimento econômico em todas as regiões brasileiras. Que conseguiu proteger a economia nacional dos abalos provocados pela grave crise econômica internacional que arrasou nações poderosas.

Entre os dois projetos, o Partido Socialista Brasileiro no Amapá não tem dúvida de que o melhor caminho para os brasileiros é seguir mudando e declara apoio à candidatura de Dilma 13 para presidenta do Brasil."

O vice-Presidente do PSB do Rio de Janeiro, Vivaldo Barbosa, disse que a tendência é o partido apoiar Dilma.  Apesar das ressalvas ao governo dela, "é muito mais natural que socialistas estejam junto às propostas de Dilma do que das propostas neoliberais do candidato tucano".

REDE SUSTENTABILIDADE RECUA E RECONHECE  ERRO AO APOIAR VOTO NO PSDB


O Rede Sustentabilidade, partido que tem dificuldade até para nascer,  mantendo-se ainda no maior período de gestação conhecido na historia da política. Marina, em sua liderança, especialista em voltar atrás em decisões, por precipitação, por desconhecimento ou por incoerência, meteu o seu protótipo de partido numa enrascada novamente. 

Ao tomara a decisão de recomendar voto em Aécio, branco ou nulo no segundo turno, criou um verdadeiro desconforto geral no seu próprio partido.  Um grupo ficou muito insatisfeito com a decisão, considerando a decisão de Marina um "grave erro político".  Segundo esse grupo é incoerente e antagónico aderir ao que há de mais velho  e conservador na política, quando se propagou o tempo todo combater a polarização "PT x PSDB".

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Há algo de podre no Reino da Dinamarca

Por Paulo Franco

A apuração efetuada pelo TSE está errada ou os números de intenção de votos do ibope tem 95% DE CERTEZA DE QUE NÃO ESTARÁ dentro da margem de erro, de 2 pontos para cima e 2 pontos para baixo.



Minha vida foi marcada pela convivência estreita com os números.  Não com a complexidade dos cálculos, mas as relações entre eles e a realidade e a outros fenômenos da vida, da natureza.  Quanto mais subjetivo, quanto menos parametrico os fenômenos, mais interessante, mais estimulante as descobertas que encontramos.

São essas significâncias, essas magnitudes, essas relatividades, essas interdependências, essas sensibilidades que torna, pelo menos para mim, uma diversão e uma potente arma para analise, diagnose, constatação, conferência, indagação, previsão, questionamento e tantas outras ações que ela favorece.  Meu viés cartesiano contribuiu muito para essa trajetória.
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Dificilmente um apresentador ou analista econômico de um jornal falado ou escrito, me manipula conforme tem ocorrido recorrentemente no Brasil.   O papel dos jornais televisivos não é mais informar, mas sim deformar, distorcer, enganar.

Ainda estava refletindo sobre o ocorrido quando li um texto de Bajonas Teixeira de Brito Jr, doutor em filosofia, que percebeu o salto e os impactos não só na eleição como também no mercado bursátil. 

A IMPORTÂNCIA DO ALERTA (LUZ VERMELHA)

No campo dos números, sejam indicadores os valores absolutos, que usamos para controlar processos, fenômenos, comportamentos, gestão, etc são extremamente interessantes pela sua objetividade e pelo seu razoável nível de precisão e variabilidade administrável.  Qualquer desvio do número padrão ou do esperado,  acende-se uma luz amarela ou vermelha, dependendo da intensidade do desvio do valor esperado. 

Imagine um termostato que mede a temperatura do motor do veículo e serve como instrumento de controle para o motorista.  Há diversos modelos, digitais, com ponteiros ou até o mais simples que só acende a luz sem informar o valor da temperatura.  Em todos há um valor de temperatura que, caso o motor atinja, ele assinalará um problema, que é a elevação da temperatura fora do padrão de funcionamento do motor, de forma que se mantiver nesse nível elevado ou se aumentar mais ainda, o motor podera "fundir".    Portanto a faixa ou a luz vermelha é o alerta para que voce tome uma providência pois o sistema de refrigeração não está funcionando corretamente. 

Na verdade quando a luz vermelha acende, abrem-se duas possibilidades: (i) a primeira é que o sistema de refrigeramento estragou e precisa ser reparado.  (ii) A outra possibilidade é que o proprio sistema de medição (termostato) foi quem quebrou e a medição não está sendo feita corretamente, o que implica em perda de controle da temperatura, não refletindo que a refrrigeração esteja correta ou incorreta.

Em todas as situaçoes em que temos indicadores para demonstrar, identificar, controlar processos ou fenômenos, sempre que há um desvio, sempre que a "luz vermelha" acende, nos colocamos diante destas 2 questões: (i) houve um desvio no processo ou (ii) houve um problema no sistema de medição que apontou o referido desvio. Me deparei milhares de vezes com esse cenário em minha vida. 

Diante de um gráfico com esse formato em qualquer outra situação eu já diria para a pessoa que faz o acompanhamento, tabulou e plotou o gráfico.  Pára tudo que há erros nesses cálculos.  Porque eu diria de antemão que há erro nos cálculos e não que há uma evidência estranha no processo identificada pelo sistema de controle?  Porque a probabilidade de ocorrência de um desvio dessa magnitude é infinitamente pequena, tipo ganhar na loteria.  É possivel mas infinitamente improvável.  

Nestas circunstâncias é mais prudente recalcular, checar as rotinas, os procedimentos, a metodologia e até os inputs para ter absoluta certeza o indicador está correto e que o que ele registrou, ou denunciou ou demonstrou é o que está acontecendo realmente no processo ou no fenômeno em questão, ou seja,  a "luz vermelha" acendeu não por problemas no termostato, mas porque o motor realmente está esquentando.

IBOPE E TSE DESAFIAM A LÓGICA

O Ibope apontava Aécio com uma intenção de votos ao redor de 21% durante o mês de setembro.  De repente, nos últimos 4 dias deu um saldo de 11,5%, comparando-se os 22% do dia 02 de outubro, com os 33,5% dos votos obtidos conforme o TSE, representando uma elevação relativa de  52%.

Ora uma elevação dessa num período exíguo desse é fora de propósito, para não dizer impossível.  É impossível haver uma explicação plausível para esse salto gigantesco em tão curto espaço de tempo.  Não há espaço para qualquer consideração lógica.  O que poderia ter acontecido?  Que fantasma é esse que produz um milagre tão grandioso de uma forma tão invisível, inexplicável?

Como disse anteriormente, a primeira coisa que eu digo é:  Para tudo, a luz vermelha acendeu, temos problemas e ele é bem "cabeludo".  Como em todos os casos, abrem-se duas possibilidades: (i) O sistema de medição está defeituoso e aferindo erradamente, seja nas pesquisas efetuadas pelo Ibope, seja na apuração dos votos feita pelo TSE. (ii) Ou ocorreu algum evento exógeno que nem eu nem ninguém conseguiu até agora identificar, que tenha provocado um fenômeno tão raro a ser registrado nos anais da história político do planeta.

A NECESSIDADE DE UMA AUDITORIA NO 2º TURNO PODE SER INEVITÁVEL

Se não for identificada nenhum fator ou evento externo que tenha promovido essa elevação na votação do candidato Aécio Neves, fica a certeza de que há problemas no levantamento das pesquisas pelos institutos ou na própria apuração dos votos pelos sistema do TSE.  

Ambos são gravíssimos, mas se a falha for no sistema eleitoral, que envolve as urnas e o processo de transmissão e tabulação, do TSE a falha assume um nível de gravidade que não da nem para qualificar.  É a propria democracia brasileira que está sendo posta em perigo. 

Diante desse cenário inusitado e recheado de insegurança, vale uma auditoria nos Institutos de Pesquisas e nos sistemas do TSE.  Uma explicação racional, lógica tem que ser dada a sociedade. 

Caso não haja nenhuma providência das autoridades a respeito ou dos institutos de pesquisas, já advirto que os partidos, quaisquer que sejam eles, que se sentirem passíveis de terem sidos lesados no 2o. turno, devem pedir uma recontagem, uma auditoria, do processo todo da eleição.

Outra providência importante diante da sonegação de uma explicação para essa aberração, são os partidos políticos e os candidatos não considerarem as pesquisas com um parâmetro de previsibilidade, o intervado de confiança está invertido, os números do IBOPE tem 95% de chance de estarem errados. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Eleições Presidenciais: Perspectivas para o 2º turno

Por Paulo Franco


Comparando-se com a eleição de 2010, a chance de Aécio, que necessita de 66% dos votos disponíveis, ficou factível do que a chance de Serra que necessitava de 85%.  Por outro lado, a chance de Dilma nesta eleição ficou bem mais complicada, necessitando captar 34% dos votos disponíveis, do quem em 2010 quando necessitava captar apenas 15% para vencer as eleições.


Encerradas as apurações do primeiro turno, as atenções voltam agora para o segundo turno das eleições. 

Dilma terminou na frente, com Aécio em segundo e Marina em terceiro.  Até aí sem muitas supresas, mesmo que alguns esperavam que Marina terminasse em segundo.  A surpresa ficou por conta do salto que Aécio deu atingindo 33,5%, empurrando Marina para 21,3% que já vinha descendo ladeira abaixo.

Ninguém imagina, a essa altura do campeonato, uma transferência de votos de Aécio para Dilma e vice-versa.  A grande batalha que se trava, a partir deste momento é pela conquista dos votos válidos atribuidos Marina e demais candidatos no primeiro turno.

Alguns fatores determinarão o fluxo desses votos para Dilma ou para Aécio, como a distância ideológica entre as duas propostas, a costura de alianças partidárias, entre outros. 

MARINA, UMA COADJUVANTE IMPORTANTE 


A candidatura de Marina é sui generis, não conseguindo registrar seu partido na justiça eleitoral, ficou impossibilitada de se candidatar como estava planejado.  Negociou uma aliança com o PSB e teve que se contentar com uma chapa, onde figurava como candidata à vice-presidência.  Com a morte de Eduardo Campos, passou a ocupar a posição principal da chapa e pode ser finalmente a candidata a presidência pela coligação PSB, Rede Sustentabilidade e PPS.

A história de Marina é muito rica, tanto pessoalmente como na política.  Militou e conquistou diversos cargos pelo PT, portanto lutando por bandeiras de esquerda.  Foi fundadora do PT e da CUT em parceria com dois grandes ícones do Brasil: Lula e Chico Mendes.

Em 2008, Marina deixou o PT para tentar carreira solo em destino ao planalto, face a preferência de Lula por Dilma e não por ela.  Nesta oportunidade Marina foi habilmente utilizada pela oposição, na época representada pelo candidato José Serra, que deu cordas para que ela, crescendo evitasse a vitória de Dilma em primeiro turno conforme apontavam as pesquisas.  O plano da oposição foi um sucesso, a vitória de Dilma em primeiro turno foi sepultada.  Marina não apoiou o PT e nem o PSDB, deixando que seus eleitores decidissem por si.  O que já indicava um afastamento do PT e de sua linha ideológica e histórica.

O grande passo de Marina Silva nesta eleição, não foi só o afastamento do PT, mas o afastamento da esquerda que sempre identificou sua história política e até de vida.  Marina, querendo sinalizar uma terceira via político-partidária e ideológia, acabou abraçando um programa de governo extremamente conservador em diversos aspectos, principalmente, no econômico ao pregar a independência do Banco Central, diminuição do papel dos bancos estatais na economia, a revisão das leis trabalhistas, etc.

O COMPORTAMENTO DO ELEITOR EM 2010


Em 2010, os resultados da eleição no primeiro turno foram: Dilma 46,9%; Serra 32,6%, Marina 19,3% e ou demais candidatos represetaram apenas 1,2% dos votos válidos.

As diferenças fundamentais a serem destacadas foram a diminuição da distância entre a candidata Dilma e o candidato do PSDB que foi de 14,3% (46,9% menos 32,6%), enquanto que em 2014 essa diferença foi de apenas 8,1% (41,6% menos 31,5%).

A diminuição da diferença entre o primeiro colocado, a candidata Dilma e o segundo colocado, nesta eleição Aécio, indica um segundo turno mais apertado, com diminuição da probabilidade de vitória da candidata Dilma.  Portanto aumenta o incerteza do resultado final.  

Por outro lado, aumenta a fatia de votos dos demais candidatos, que serão alvos de disputa entre os dois candidatos classificados para o 2º turno.  Em 2010 somavam 20,5% e nestas eleições de 2014 essa fatia é de 24,9%.

A NECESSIDADE DE VOTOS PARA A VITÓRIA DE CADA CANDIDATO


Em 2010, com a distância mais folgada de Dilma sobre Serra, ela precisava de apenas 15% dos votos restantes, ou 3,1 a mais sobre os 46,9 conseguidos no 1º turno.  Serra, todavia, precisava de 85% dos votos restantes, ou 17,4% a mais sobre os 32,6% para ultrapassar o "ponto de equilíbrio" e assim sagrar-se vitorioso.

Nesta eleição, a distância entre a candidata do PT, Dilma Rousseff e o candidato do PSDB, Aécio Neves está bem menor que em 2010, o que torna mais complicada, quantitativamente, a vitória da candidata do PT se comparada com a última eleição.

Dilma precisa de 34% dos votos restantes, ou 8,4% a serem adicionados aos 42,6% obtidos no 1º turno.  Aécio precisa de 66% dos votos restantes, ou seja, 16,5% que se adicionados aos 33,5% conseguidos no 1º turno lhe daria o cargo de Presidente da República.

Proporcionalmente, comparando-se com a eleição de 2010, a chance de Aécio, que necessita de 66% dos votos disponíveis, ficou factível do que a chance de Serra que necessitava de 85%.  Por outro lado, a chance de Dilma nesta eleição ficou bem mais complicada, necessitando captar 34% dos votos disponíveis, do quem em 2010 quando necessitava captar apenas 15% para vencer as eleições. Mesmo com o aumento de votos necessários para a vitória, a candidata  Dilma mantém a vantagem sobre Aécio. Tudo isso, numa análise quantitativa.  Não estão sendo considerados aqui os fatores subjetivos e as implicações políticas que impactam os resultados. 

VOTOS CONQUISTADOS NO 2º TURNO DE 2010 E PROJEÇÃO PARA 2014


Embora Dilma precisasse de apenas 15% dos votos disponíveis para ultrapassar os 50% dos votos válidos e sagrar-se Presidente da República, Dilma conseguiu 44%, sendo finalmente eleita com 56% do total dos votos válidos. 

Serra precisava de 85% dos votos disponíveis para ultrapassar os 50% e obter a vitória, mas conseguiu apenas 56%, perdendo a eleição com um votação de 44% do total

Se ambos os candidatos repetirem os resultados de captação de votos disponíveisocorridos em 2010, Dilma conseguiria 11,1% dos 24,9% de votos disponíveis, conseguindo a vitória com 52,6%.  Aécio conseguiria 13,8% dos 24,9% disponíveis, perdendo a eleição com uma votação final de 47,4%.

Cabe ressaltar que, no primeiro turno os resultados de 2014 já não repetiram os resultados de 2010.  Desta forma não é exagero pensar que as conquistas dos votos disponíveis também tenham um desempenho aquém de 2010.