segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Aprovação do Governo, o pior já passou?

Por Paulo Franco


Ao plotar num gráfico dados referentes à aprovação e à desaprovação do governo Dilma, identificamos um ponto de inflexão nas curvas, agosto de 2015. 

A APROVAÇÃO 

A Aprovação do governo (ótimo + bom + regular) despencou de 56% em fevereiro de 2015 para 28% em agosto do mesmo ano.  

Após agosto de 2016 a curva se inverteu, subindo sistematicamente até feveiro de 2016.  A velocidade da recuperação é muito menor do que a velocidade da queda, verificada no ano passado. Mas o interessante é que a recuperação, embora lenta tem sido sistemática.  

A DESAPROVAÇÃO

A desaprovação é praticamente um espelho da aprovação, apresentando um comportamento exatamente invertido, ou seja, subindo vertiginosamente até agosto de 2015 e recuando sistematicamente, mas lentamente, até fevereiro de 2016. 
















A questão que fica no ar é se esse comportamento é realmente uma tendencia e a que nível chegará a aprovação do governo, tendo em vista o atual cenário adverso de crise econômica global com reflexos no país e crise política em função da rejeição da oposição aos resultados no último pleito.  
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Fonte: Datafolha

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A CAÇA

Por Paulo Franco




Em 2013 os conservadores, através de seus braços político e midiático recrudesceu o processo de ataque ao governo e ao PT, de forma a tirá-los do poder para sempre.  Nesse ano, eles se valeram, brilhantemente, diga-se de passagem, dos protestos para impedir o aumento de R$ 0,20 no preço da passagem de ônibus urbano, promovida pelo MPL - Movimento Passe Livre

O movimento que era e sempre foi de natureza progressista, da esquerda, portanto, sofrendo violenta repressão da PM tucana.  De repente os estrategistas da oposição, perceberam que poderiam usar aquele movimento forte que acontecia principalmente em SP, então virou totalmente sua posição em relação ao movimento, da noite para o dia, alterando frontalmente a narrativa dos jornais escritos e televisivos, revistas, incluindo os tradicionais colunistas.
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Em 2013 e 2014, o projeto era derrotar Dilma, evitando sua reeleição, então os ataques eram concentrados mais na própria Presidenta, ocorrendo como sabemos diversas manifestações de "protestos", com quebradeiras, violência, Blac Blocks, "Não Vai ter Copa", "Vai Tomar no Cú", outras tantas manifestações de baixíssimo nível.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

A Justiça é Cega ou deveria ser?

Por Paulo Franco 

A 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Paraná, sentenciou um funcionário demitido por um empresa do Vale do Itajai, a pagar R$ 3.000,00 por danos morais ao patrão.


Sérgio Moro e demais juízes que usam a opinião pública e a força das instituições alheias ao judiciário, para sustentar suas sentenças, deveriam mirar-se no exemplo abaixo.

A 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Paraná, sentenciou um funcionário demitido por um empresa do Vale do Itajai, a pagar R$ 3.000,00 por danos morais ao patrão. O funcionário havia ofendido o patrão por mais de uma vez.


A frase "A justiça é cega", é uma máxima que não significa que a justiça não enxerga o que deveria enxergar.  Mas exatamente o contrário, ela não deve enxergar o que não deve enxergar, para enxergar somente o que deve ser enxergado. 

Então, ela deve ser cega para tudo aquilo que impede que a justiça seja plenamente justa, se o réu ou a vítima é pobre ou rico, negro ou branco, católico ou ateu, comunista o fascista. Também deve ser cega para a opinião pública, para o poder econômico, para o poder político, para o poder da Imprensa. 

A justiça é cega para tudo que não seja exatamente o que esteja envolvido nos autos do processo, o crime cometido, as provas coletadas que devem ser objetivas, concretas, irrefutáveis, os princípios do direito brasileiro, a presunção da inocência, o direito ao contraditória, o respeito ao devido processo penal, etc etc.
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Postagens Relacionadas:
Embargos Infringentes: O voto (histórico) do Decano Celso de Mello 
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Os olhos da justiça devem estar bem aberto e concentrados nos autos e fechados para tudo o mais.  O pedido de apoio à opinião pública e à sociedade civil organização (instituições) vai contra a essência da atividade jurisdicional, da atividade da magistratura, que é julgar com total independência de forças e fatores exógenos aos autos do processo.

Lembremos um trecho essencial e extremamente importante do decano Celso de Mello, por ocasião do julgamento da admissibilidade do recurso jurídico denominado "embargos infringentes".
"Se é certo, portanto, Senhor Presidente, que esta Suprema Corte constitui, por excelência, um espaço de proteção e defesa das liberdades fundamentais, não é menos exato que os julgamentos do Supremo Tribunal Federal, para que sejam IMPARCIAIS, ISENTOS e INDEPENDENTES, NÃO PODEM EXPOR-SE A PRESSÕES EXTERNAS, como aquelas resultantes do clamor popular e da pressão das multidões, sob pena de completa subversão do regime constitucional dos direitos e garantias individuais e de aniquilação de inestimáveis prerrogativas essenciais que a ordem jurídica assegura a qualquer réu mediante instauração, em juízo, do devido processo penal." (Min. Celso de Mello)
Diante disso, podemos entender com muita clareza e serenidade o quando essa fala do Juiz Federal Sergio Moro é uma heresia, uma aberração à conduta de um Magistrado.  Isso depõe contra a sua


Muitos casos e posturas contraditórias tem estimulado a falta de confiança e credibilidade no judiciário brasileiro, levando a críticas questionamentos com ditos populares do tipo "2 pesos e 2 medidas" ou ainda "pau que bate em Chico não bate em Francisco?"

Dentre os inúmeros casos questionáveis, só para ilustração, destaco 3 casos: (i) A diferença descomunal do tratamento judicial para os dois Mensalões, o tucano e o petista. (ii) A prisão de Marice Corrêa Lima, cunhada de João Vaccari, vis a vis a NÃO prisão de Claudia Cruz e Danielle Cunha, esposa e filha de Eduardo Cunha. (iii) A prisão instantânea do senador Delcídio do Amaral e a NÃO prisão de Deputado Federal Eduardo Cunha.

 

O que eu e, certamente, a grande maioria dos brasileiros gostaria de ver é uma justiça cega.  Cega de verdade, ou seja na atuação das Polícias Militares, Ministérios Públicos Estaduais, Judiciários Estaduais, Polícia Federal,  Ministério Público Federal, Judiciário Federal, Tribunais Superiores de Justiça, Procuradoria Geral da República e Supremo Tribunal Federal Justiças Federais. O Poder Judiciário deve muito ao Brasil, demonstrando atraso operacional e civilizatório e também, comprometimento com classes sociais e políticas.


Referências: Empório do Direito

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Comercial da Samarco: Um pequena amostra de como a elite burguesa trata o povo brasileiro

Por Paulo Franco

Revolta e indignação, foram os meus sentimentos quando assisti neste domingo, dia 14 de fevereiro, em horário nobre da televisão, o comercial da Samarco. 


A Samarco, como todos sabemos, foi a empresa que provocou, criminosamente, o maior desastre ambiental e social da história deste país. Aliás o maior incidente, já que foi provocado por ação humana. 

As consequências foram 17 pessoas mortas, um distrito municipal inteiro soterrado pela lama tóxica, um rio total mente contaminado, incluindo a costa marítima do estado do Espirito Santo, numa extensão de 600 km, morte de milhões de peixes, um rio morto por dezenas de anos, entre outros tantos estragos cometidos pela lama escorrida.
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Postagens relacionadas: 
Medio Ambiente Mortal
Enfiados na lama de Kátia Abreu  
Microcefalia: o zika virus é realmente o vilão?  
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O filósofo e educador, Mario Cortella foi feliz ao chamar a atenção da sociedade que o Incidente de Mariana, o incidente de Paris não são tragédias, mas fatos dramáticos que aconteceram em decorrência de ações humanas.  Tragédias são terremotos,  Furacões e outros eventos sem nenhuma interferência humana. 

A veiculação desse comercial é um dos milhares fatos que exemplificam, retratam a estrutura de nossa sociedade e como essa estrutura estabelecem relações entre os diversos grupos e classes sociais. Retrata como a elite burguesa (empresarial) sub-julga o povo brasileiro, tratando-o com descaso, subestima-o intelectualmente. 

Neste caso vemos como nitidez, a desfaçatez da empresa em montar um vídeo de "ficção" para iludir, escamotear a realidade dos fatos.   A hipocrisia é tamanha que ficamos estarrecidos com a coragem da empresa e nos perguntamos: "Será que os gestores da Samarco pensa realmente, que a sociedade brasileira é tão medíocre, a ponto de engulir todas essas lorotas?". 

As fraudes contidas neste comercial vai desde a negação da culpabilidade da empresa, com a frase "...a barragem se rompeu.." dita por uma aparente funcionária, como se fosse uma ocorrência ao acaso, aleatória, sem causas definida, fora do controle da empresa. 

As mensagens enganosas continuam com a intenção da fixação de uma imagem positiva, e consequentemente influenciar a opinião pública de que a Samarco é, além de mineradora, uma entidade filantrópica, que se preocupa com o meio ambiente, coma as pessoas, ou seja, que é uma empresa que tem responsabilidade social e ambiental. 

A culpabilidade dos gestores da Samarco é notória.  Obviamente, como um país democrático, onde vigora (ou deveria vigorar) o estado de direito, as punições só podem ocorrer se houverem condenações judiciais e o processo transitar em julgado.  Houve negligência quanto aos aspectos fisicos da barragem, houve negligência posterior ao terem conhecimento anterior de que havia risco de rompimento da barragem e houve negligência quanto à existência de um sistema de alerta da população. 

E importante registrar que já foram decorridos mais de 100 dias e até agora nenhuma punição foi concretizada. Não foi decretada nenhuma prisão preventiva ou provisória, apesar do tamanho, da gravidade e do poder dos autores sobre a documentação e outros elementos essenciais para investigação dos fatos e apuração de responsabilidades. 

Embora o Ibama tenha aplicado uma multa de R$ 250 milhões e a Secretaria do Meio Ambiente de MG tenha aplicado uma multa de R$ 112 milhões, perfazendo um total de R$ 362 milhões, à Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP, nada foi recolhido até o momento.  As empresas recorreram da decisão e tudo continua "como dantes no quartel de abrantes". 

Há muitas outras consequências e prejuizos que já são do conhecimento público e que a empresa parece lavar as mãos.

Veja a visão de Mario Sergio Cortella, sobre a rompimento da barragem da Samarco:


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Microcefalia: o zika virus é realmente o vilão?

Por Paulo Franco

Qual será a verdadeira causa do recente surto de microcefalia que vem ocorrendo na America Latina, principalmente no Brasil e alguns países da América Latina? 

SÍNTESE DO PROBLEMA

O que é a microcefalia? 


Há muito pouco tempo atrás,  ninguém sabia o que estava acontecendo, todos estavam perplexos, principalmente médicos e epidemiologistas. "Estamos diante de algo desconhecido", disse Vera Magalhães, professora titular de doenças infecciosas da Unifep (Universidade Federal de Pernambuco).

Logo em seguida começaram surgir especulações do que estava acontecendo e as causas dos problemas.  Atualmente já se sabe que está ocorrendo um surto de má formação do Sistema Nervoso Central (SNC), 

A causa mais provável é a contaminação pelo zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes Egypt - o mesm que transmite a dengue e chycungunha - já que ocorria ocorria simultaneamente uma epidemia do vírus no Brasil, mais precisamente na região nordeste, com uma acentuação maior no estado de Pernambuco. 

As estatísticas da contaminação dos vírus da Dengue, Zika e Chycungunha não são precisas, por diversos motivos.  Primeiro porque o Brasil só conhecia o vírus da Dengue, em segundo lugar porque os sintomas são parecidos, em terceiro, como os sintomas da contaminação pelo zika vírus são mais "suaves" do que da dengue, donde se conclui que muitas pessoas não procuraram atendimento, visto que o tratamento é, em geral, simples, basicamente hidratação, repouso. 

Desta maneira muitos registros de dengue pode ser na verdade uma contaminação por zika, nos casos em que o paciente não foi submetido a exames laboratoriais e o quadro clínico da zika ainda era de pouco conhecimento pelos profissionais de saúde. 

Se não temos, pelo menos eu até o momento, números melhores sobre a contaminação da população pelo zika vírus, pelo menos sabemos que foram confirmados 462 casos de microcefalia ou má formação do sistema nervoso central, dos quais 41 associados ao zika vírus.   Há ainda quase 4.000 casos suspeitos sendo investigados.

41 casos de microcefalia,  supostamente relacionados ao zika vírus, dentre o total de 462 casos identificados representa apenas  9% o que já não parece ser uma proporção tão elevada. O problema se complica na ausência da informação de quantas gráfidas foram infectadas com o zika vírus.  Provavelmente, muitas grávidas não notificaram sua doença, já que os sintomas são menos agressivos do que a dengue.  Se o número de gravidas infectadas for grande, a proporção cairia mais ainda, mas se o número de grávidas infectadas for pequeno, então a proporção dos casos confirmados aumenta de relevancia.  

Tudo depende da qualidade das informações para que se tenha um quadro melhor da situação.  É fundamental que as autoridades providencie paralelamente, um planejamento de pesquisa, com uma metodologia rigorosa, dentre as quais, um levantamento de todas as mulheres que ficaram gráfidas nesses período, colher material para identificar se foram infectadas pelo virus, na época do desenvolvimento do feto. entre outras providências protocolares. 

OCORRÊNCIAS EM OUTROS PAÍSES



















Uganda
O vírus foi isolado e patenteado pela primeira vez em 1947 por pesquisadores da Fundação Rockefeller (Dr. Jordi Casals)[17] de um macaco-reso (Macaca mulatta) na floresta de Zika na República de Uganda, África.

Ironicamente o pais onde foi descoberto o vírus só há registro de dois casos de contaminação até hoje.  Lá o veículo transmissor, o Aedes Aegypt é de uma espécie que não gosta do sangue humano como o nosso Aedes Aegypt.

Nigéria e outros países da África e Ásia
O virus foi isolado pela primeira vez em humanos em 1968, na Nigéria. De 1951 a 1981, evidências de infecção humana foram reportadas em outras nações africanas como Tanzânia, Egito, República Centro-Africana, Serra Leoa e Gabão, assim como em partes da Ásia incluindo Índia, Paquistão, Malásia, Filipinas,Tailândia, Vietnã e Indonésia.

Micronésia
A Micronésia, mais precisamente, no distante e isolado arquipélago de Yap, em 2007 o vírus foi detectado a partir de um surto de sintomas que pareciam ser dengue, mas depois foi identificado como sendo zika.  Segundo estimativas, 73% da população foi infectada, sendo confirmados 47 casos de 59 prováveis.  

A população do arquipélago é de pouco mais de 6.300 habitantes, mostrando uma grande distancia entre os números de casos da doença registrada (47) e do número de pessoas infectadas (73% ou 4.600).  Esse cenário sugere duas alternativas, ou o número pessoas infectados não seja realmente os 73% ou o número de caso seja muito superior ao registrado.  Essa segunda hipótese é mais plausível, pois há possibilidade de que muitas pessoas não tenha procurado ajuda médica. Mas pode ser que as duas coisas tenham ocorrido.

Não há registro de grávidas infectadas e nem da ocorrência de casos de má formação do SNC, mas deve ser ressaltado que o fato de não haver registros, não indica que não houve a ocorrência.  

Polinésia Francesa
A Polinésia, detectado em 2013,  teve uma epidemia de zika basicamente em 2013 e 2014.  Não houve registro de microcefalia, mas houve casos 17 casos de má-formação congênita do sistema nervoso central (SNC).

As autoridades de saúde não relacionaram os problemas de má formação congênita ao zika, somente após o caso brasileiro é que eles despertaram e passaram a considerar o zika como responsável.  Em testes com 4 casos, as agráfidas não apresentaram resultados positivos para o zika, mas sim para um flavivírus, que é da mesma família. 


Cabo Verde
Cabo Verde apresentou mais de 7.000 casos de zika vírus, só no período de outubro de 2015 até janeiro de 2016.  Foram identificadas 40 mulheres grávidas portadoras do zika vírus.

Não foi registrado nenhum caso de microcefalia


Colômbia

A Colômbia registrou, a partir de 2015 cerca de 25.000 casos de contaminação com o zika vírus.  Dentre esses casos, mais de 3.000 casos foram diagnosticados em mulheres gráficas.  Mas não houve nenhum registro de ocorrência de microcefalia.


INFORMAÇÕES PARA REFLEXÃO



  • O Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz Paraná, confirmou que o vírus zika é capaz de atravessar a placenta durante a gestação. A análise foi feita a partir de amostras de uma paciente do Nordeste que sofreu um aborto retido –quando o feto deixa de se desenvolver dentro do útero– durante o primeiro trimestre de gravidez.  
  • Na Universidade da Ljubljana, na Eslovênia, pesquisadores encontraram altos níveis de carga viral nas células cerebrais de um feto microcefálico, abortado por uma mulher eslovena que trabalhou por um período no Brasil.  Os pesquisadores, reconhecem que o achado são as evidências mais fortes até então encontradas, mas reconhecem não são provas suficientes para "bater o martelo" para determinar que o zika virus causa microcefalia.
  • É a primeira vez que se identifica material genético de um vírus no tecido da placenta. O achado confirma a transmissão do vírus via placenta, segundo os pesquisadores. 
  • A Reduas - Rede Universitária para o Meio Ambiente e Saude da Universidade de Córdoba na Argentina, divulgou um comunicado onde defende que a causa da má formação do SNC, incluindo a microcefalia, é a substância química Pyroproxyfen, um larvicida, usada pelas autoridades de saúde brasileiras no abastecimento de água, onde o surto da epidemia é alta e o controle de foco de reprodução é dificil e com pouco sucesso.   
  • A Abrasco, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, teria manifestado apoio ao relatória da organização argentina, ipsis literis.  Tanto a Reduas como a Abrasco seriam contra o uso intensivo dessa substância, tanto diretamente na água como na pulverização,  alertando para os riscos que podem representar.  Todavia a própria Abrasco, já desmentiu essa notícia veiculada na imprensa, alegando um mal entendido e negando a relação entre microcefalia e o larvicida.
  • A US EPA - United States Environmental Protection Agency, divulgou estudo, usando embriões de Rhinella Arenarum (sapo-boi) onde o herbicida 2,4-D mostrou ser 10 vezes mais tóxico, altamente teratogênico, causando entre outros males, a microcefalia.
  • O zika vírus foi descoberto pela equipe de pesquisadores da Fundação Rockfeller em 1947, quando pesquisava vírus que causam a Febre Amarela, em 1947, na floresta Zika em Uganda.  A fundação patenteou o virus e é até hoje a proprietária do vírus.  Ela mantem os microorganismos em cultura para ser vendidos a quem se interessar - governos, universidades, empresas, etc. 
  • A empresa britânica de biotecnologia Oxitec produz insetos geneticamente modificados para atuar na prevenção de epidemias.  Ela inaugurou uma unidade em Campinas-SP, onde produz cerca de 2 milhões de insetos por semana. Algumas localidades do NE estão convivendo com 3 a 4 tipos de Aedes Egypt que foram soltos pela empresa. 


EFEITO MANADA E O DESPREZO PELA METODOLOGIA CIENTÍFICA

Já é sabido que o subjetivismo é uma característica mais presente nos seres humanos do que um ceticismo, um tratamento mais racional e lógico, no dia a dia, inclusive nas nossas atividades profissionais, principalmente quando o tempo é uma variável determinante. A medicina não foge desse padrão.

Mas também sabemos que o uso de  "evidências empíricas" é um dos maiores problemas para a determinação de uma solução de um problema.  O problema torna-se mais grave com a qualidade de nossa imprensa, onde vemos uma afirmação leviana como a da Revista Veja: "A relação entre Zika e microcefalia fetal está 100% comprovada, o Ministério da Saúde confirmou o fato após detectar o vírus em um bebê com microcefalia que foi a óbito".  E há umas autoridades que nos fazem arrepiar, como o Diretor da OPAS/ONU que diz: "não tenho dúvida do elo entre zika e microcefalia".

A gravidade, a velocidade e a abrangência do problema são fatores que estimulam exponencialmente a ocorrência do efeito manada.  Uma pessoa fala uma coisa, outra assume aquela fala e complementa, na mesma direção.

Qualquer evidência, por menor que seja, apontando na mesma direção, é suficiente para o reforço do comportamento dos envolvidos no problema.

A postura dos pesquisadores eslovenos que encontraram material genético no cérebro de um feto microcefálico, foi mais comedida, ao dizer que havia encontrado a evidência mais forte até o momento, mas não poderia "bater o martelo" na relação causal da zika com a microcefalia.

O que vemos é um desprezo pela metodologia científica.  É inaceitável que autoridades e profissionais da saúde, assumam essa relação sem uma pesquisa com o uso rigoroso de uma metodologia científica, com controle laboratorial, amostragens representativas, testes de hipóteses, etc.

Não há nada mais comum do que conclusões baseadas em "evidências empíricas" serem refutadas posteriormente após serem submetidas aos testes científicos.   Cada caso é um caso, mas sempre são enormes os prejuízos causados por decisões tomadas erradamente, tanto de natureza financeira, como à saúde.

Dentre todas as informações levantadas até agora, as mais frágeis são aquelas que defendem o larvicida Pyroprofen como causa da Microcefalia.  Os relatórios apresentados parecem mais uma defesa ideológica do que uma verdade científica.  Não há nenhuma pesquisa que dê respaldo à tese defendida.  Na verdade nem evidências empíricas existem.

O médico e professor Luis Cláudio Correia, aborda de forma objetiva e muito didática, a questão da ausência de ceticismo e do uso de metodologia científica (hipótese nula).




ALGUNS QUESTIONAMENTOS INEVITÁVEIS

  • O zika vírus é realmente o agente causador dos casos de microcefalia no Nordeste brasileiros? 
  • O produto Pyroproxyfen pode ou não ser o verdadeiro agente causador de microcefalia no Brasil? 
  • A ocorrência simultanea de Microcefalia e a epidemia de zika vírus poderia ser apenas um coincidência ao invés de uma relação de causalidade? 
  • O surto de microcefalia no nordeste brasileiro poderia ser consequência de alguma variável não identificada até o momento como o  larvicida Pyroproxyfen ou o herbicida 2,4-D? 
  • O zika vírus no Brasil poderia ser um mutante decorrentes, intencional ou não, de testes feitos pelos laboratórios da Fundação Rockfeller. 
  • Os insetos modificados, comercializados pela Oxytec poderia ter algum influência negativa em todos esse imbróglio mosquito, vírus, microcefalia? 
  • As evidências descritas pelos pesquisadores da Eslovênia e  pelos pesquisadores da Fiocruz do Paraná, dispensam a realização de ensaios clínicos, com uso de testes hipoteses para determinar que o zika vírus é agente causador de microcefalia?
  • Quanto é significativa o número de microcefalisas, vis a vis o número de mulheres grávidas infectadas pelo zika vírus dada a fragilidade dos dados disponíveis?  
  • Quais fatores explicam a existência do surto de microcefalia no caso brasileiro e a inexistência de surto de microcefalia nos casos de Cabo Verde e Colômbia? 
As evidências a favor da causalidade do zika vírus vem se fortalecendo, mas estamos longe de afirmar isso com segurança que o problema exige.   Há que se proceder um aumento do estoque de informações e iniciar tanto quanto possível, um processo mais rigoroso de investigação científica, obedecendo os protocóloss internacionais de pesquisa nessa área do conhecimento.

Referências:
BBC: Polinésia Francesa também investiga má-formação de fetos após epidemia de zika
BBC: Brasil deve se preparar para zika endêmica, dizem cientistas 
BBC: Abrasco desmente que tenha dito que haja ligação entre Microcefalia e Larvicida
Biologia TotalGenoma do Zika é identificado no cérebro de um feto com microcefalia!
Carta Maior: Nota técnica da Abrasco sobre microcefalia e doenças relacionadas ao Aedes aegypti
Environmental Toxicology: Volume 26, Issue 4, pages 373–381, August 2011
ÉPOCA: Governo do RS suspende larvicida Pyriproxyfen
Folha de SP: Vírus zika consegue ultrapassar a placenta na gestação, confirma análise 
Medicina Baseada em Evidências: Luis C. Correia - Princípio da Hipótese Nula
ReduasReport from Physicians in the Crop-Sprayed Town regarding Dengue-Zika, microcephaly, and massive spraying with chemical poisons
Voa Portugês: Cabo Verde com mais de sete mil casos de zika, mas sem microcefalia 
Yahoo news: Colômbia, 3.177 pregnant women with Zika; no microcephaly 


sábado, 13 de fevereiro de 2016

"Um manifesto humanista", o livro do fotógrafo Araquem Alcântara sobre o "Mais Médicos"

Por Manuela Azenha


'Importância do programa é essa: o velhinho cruza com o médico na rua, toca nele e diz que está dando resultado o tratamento. É o contato direito, ter ali o porto seguro', conta Araquém Alcântara



É um manifesto humanista, mais do que um livro de fotografia. É assim que Araquém Alcântara, um de nossos maiores fotógrafos de natureza — ele prefere ser chamado de fotógrafo brasileiro — qualifica a última publicação que lançou. O livro Mais Médicos é um registro do programa do governo federal que levou mais de 18 mil médicos a 4 mil municípios do País. “Eu queria ir a esses lugares onde o Estado está chegando pela primeira vez”, conta Alcântara, em seu escritório na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo. “Eu sei como é, minha infância foi assim. Meus pais, analfabetos, nunca foram a médico nenhum”.


Segundo o texto de apresentação do livro, escrito pelo ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, cerca de 63 milhões de brasileiros passaram, somente agora com o Mais Médicos, a contar com a atuação de equipes de Saúde da Família com a presença de médicos, que garantem 80% dos problemas de saúde da população antes que se tornem graves.
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Postagens Sugeridas:
Dr. Melgaço: O Pior IDHM e as "Maribéis"  
PEC 215: Os índios e o golpe na Constituição  
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Alcântara percorreu 19 estados e 38 cidades durante um ano. Foi a lugares ermos, onde nunca havia tido a presença de um médico. “As comunidades se sentem brasileiras, amparadas pelo Estado. É impressionante, você vê a presença do Estado — que é o que falta no Brasil. Foi nesse aspecto que eu quis fazer esse ensaio, para registrar essa transformação no País”. A logística da viagem foi bancada pelo governo federal.


O fotógrafo tem 46 anos de profissão e já publicou 49 livros, mas ainda vibra com cada imagem ao folhear sua última publicação: “Olha esse índio, olha esse peitoral, isso é África total! Esse é meu País! Um Brasil que ainda não foi descoberto, em 2015!”.

Araquém vai pinçando algumas histórias, como a da médica cubana que descobriu que o foco de esquistossomose em Igreja Nova, Alagoas, era causado pelos canais de irrigação dos arrozais. Ou então a do paciente velhinho, em Manaus, vítima de hanseníase, sem uma das pernas e com os dedos das mãos atrofiados. Apaixonado pela médica cubana que o atende, escreve diversos poemas em sua homenagem. 


Na Ilha do Marajó, no Pará, uma médica cubana faz as vezes de assistente social e conselheira. Diante de um bebê nascido com paralisia e uma mãe viciada em drogas, reuniu a família, redistribuiu as tarefas e delegou ao tio a responsabilidade de tratar da doença do sobrinho.

O roteiro de Araquém não ficou apenas na floresta. No Rio de Janeiro, o fotógrafo se encontrou com o médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, que trabalha na favela da Rocinha. “Teve todo um esquema para liberar a nossa entrada. Passamos por vários caras armados, são os donos do pedaço. Triste”. Na favela, foram à casa de uma mulher que, em surto de esquizofrenia, matou a facadas o marido. 


"A importância do Mais Médicos é essa: o velhinho cruza com o médico na rua, toca nele e diz: está dando resultado o tratamento. É o contato direito, ter ali o porto seguro”, diz Alcântara.

As fotografias do livro serão expostas em diversas mostras, dentre elas uma em Havana, Cuba, e outra em Genebra, Suíça, na sede da Organização Mundial de Saúde.




























FONTE: opera mundi