quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A seriedade e a coragem de uma estudante adolescente versus a a leviandade e a covardia de políticos maduros

Por Marina Rossi para El País

Ana Julia e o emotivo discurso que explica os protestos nas escolas ocupadas.   Estudante pede em discurso para que alunos sejam ouvidos sobre reformas na Educação

A voz da estudante Ana Julia, embargada pelo nervosismo, foi ouvida atentamente nesta quarta pelos deputados estaduais do Paraná. Mas chegou rapidamente a milhares de brasileiros, que partilharam o vídeo do seu discurso de dez minutos, feito na tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), em Curitiba, em defesa do movimento de ocupação das escolas públicas no Brasil. A secundarista de 16 anos, que estuda no colégio Senador Manoel Alencar Guimarães, falou pelos alunos que ocupam as mais de 1000 escolas no país em diversos Estados. “A nossa única bandeira é a educação. Somos um movimento apartidário, dos estudantes pelos estudantes”, disse Ana, vestindo a camiseta da sua escola.

Ora brava, ora doce, a jovem falou em tom de desabafo pelos estudantes que estão enfrentando um verdadeiro rolo compressor na Educação com a chegada do Governo Temer: as previsões de cortes de investimentos nas escolas públicas com a PEC 241, uma proposta de reforma do Ensino Médio com um projeto que não está sendo debatido, e outro que quer interferir no currículo chamado Escola Sem Partido. “A quem a escola pertence?”, questionou ela logo de cara, lembrando que o ‘rolo compressor’ de\as reformas vai chegar a seus filhos e netos. “A reforma na educação é prioritária, mas precisa ser debatida, conversada”, defendeu ela na tribuna.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A fome no Brasil, passado e presente

Por Paulo Franco

O Brasil reduziu em 82,1% o número pessoas subalimentadas no período de 2002 a 2014. A queda é a maior registrada entre as seis nações mais populosas do mundo, e também é superior a média da América Latina, que foi de 43,1%. 

Os dados são do relatório O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

Ainda segundo o relatório da FAO, entre os principais motivos que levaram o Brasil a conquistar as metas estabelecidas pela ONU estão: prioridade política de erradicação da fome e da desnutrição; compromisso com a proteção social consolidado por meio de programas de transferência de renda; crescimento econômico; e fomento à produção agrícola via compras governamentais. 

Com esse resultado, o Brasil cumpriu em 2014, a meta estabelecida para 2030,  e também saiu do mapa da fome estabelecido pela mesma instituição FAO-ONU. 

Mas nem sempre foi assim, o Brasil antes do governo Lula a miséria e a fome era de tal nível que era considerada normal.  Para melhor entender o drama da Fome no Brasil, veja o documentário do jornalista Marcelo Canellas, da TV Globo, que recebeu diversos prêmios no Brasil e no mundo. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Eduardo Cunha, a força de um líder

Por Paulo Franco



Há poucos dias eu escrevi um texto sobre liderança usando Lula como objeto da análise.   Agora vou usar uma outra figura mas que também mostra um grande poder de liderança, Eduardo Cunha. 

A liderança não é para qualquer um, pessoas nascem com esse perfil.  O sucesso do líder depende, fundamentalmente desse talento nato.  E evidente que esse talento pode ser aprimorado, elevando o potencial do sucesso em termos de liderança.



O carisma é com certeza a componente vital desse talento natural, desse "dom", dessa habilidade. O carisma, como todos sabem, é aquele magnetismo que uma determinada pessoa tem.  Não sei se há conhecimento do quê determina a existência ou nem da força carismática.  A verdade é que a pessoa carismática exerce uma atração, uma admiração, um fascínio sobre as demais pessoas.  

O carisma também varia de intensidade de pessoa para pessoa e depende também da conduta dessa pessoa, pois quanto mais ela corresponder a imagem esperada dos admiradores, maior a credibilidade e maior é o potencial para se tornar uma líder, ou mais forte a liderança.



Não sei dizer qual seria o nível da força carismática de Eduardo Cunha, mas é claro para todos nós e força carismática de Lula.  Lula exerce admiração, fascínio e passa credibilidade ao seus admiradores. 

Sucesso é uma palavra muito complicada, pois há muita polêmica sobre o seu significado. Poderia ser o número de pessoas lideradas, poderia ser pela importância das conquistas alcançadas pelo grupo, poderia ser também, pelo nível de dificuldades e obstáculos contornados, vencidos pelo grupo sob tal liderança. 




Outro aspecto fundamental, já discutido anteriormente é a definição, o conceito de liderança.  Mas o importante mesmo é que, o líder na verdade, é aquele que se transforma num ponto focal do grupo, que facilite a jornada, e que vai no caminho determinado pelo grupo e não por ele.  O grande líder é aquele que conduz o grupo para os seus objetivos, sua meta (do grupo) e não para seus próprios objetivos, sonhos, missão.

Fazendo uma analogia para compreender a importância do líder e porque ele é imprescindível para que o grupo alcance seus objetivos.  Na química existe uma substância que produz uma catálise, ou seja, ela acelera a velocidade de uma reação, tornando-a viável.  As substâncias a serem reagidas tem a energia para que a reação acontecesse, mas não acontece.  Aí entra o papel da substância catalizadora, exercendo aquele empurrãozinho determinante para que o processo se desencadeie.

Então a catálise funciona como um incentivo, um estimulo, um acelerador.  Esse papel é fundamental no líder.  Por isso é que, a primeira estratégia do adversário é eliminar o líder do outro grupo.  Uma vez eliminado, o surgimento de outro para substituí-lo pode ser demorado e até menos eficiente, permitindo um avança ou até a vitória do adversário.









Um equívoco muito comum é pensar que líder é quem conduz as pessoas ao paraíso e aqueles que conduzem o grupo para situações ou objetivos não adequados, não aceitos, não são líderes, ou não poderiam ser considerados grandes líderes.   Da mesma forma que Jesus Cristo (conforme a religião Cristã), Mahatma Gandhi, Lênin, Ho Chi Minh, Lula e Mandela foram grandes líderes, Hitler, Mao Tse Tung, Ben Gurion, Mussolini também foram grandes e poderosos líderes. 

É óbvio que Eduardo Cunha não tem, nem de longe, o tamanho e a importancia dos líderes citados acima 



A índole e a ética da missão não interferem na capacidade e na importância do líder.   Isso é uma avaliação noutra dimensão, a da moral. Da mesma forma que a etnia, a ideologia, a religião também, não determinam o sucesso e a importância do líder.

Um líder sempre é odiado e amado ao mesmo tempo.  Ele é amado pelo grupo que representa, mas é odiado pelo grupo adversário.  Nâo importa qual é a missão do grupo, qual é a luta.  Normalmente, um grupo está em busca de algo, de uma realização, de uma conquista e, dependendo de cada caso, outros grupos podem experimentar perdas.

Vejamos alguns exemplos:
(i) Luther King foi um grande líder americano que liderava os negros pelo fim do racismo e pela igualdade.  Ao mesmo tempo que era idolatrado pelos seus seguidores, pelos seus liderados, pelo grupo que ele representava, era também odiado pelo grupo opositor, ou seja, os brancos, mais especificamente os brancos racistas. 
(ii)  Mahatma Gandhi também era amado e idolatrado pelos indianos que lutavam para conseguir a independência da Índia, mas era odiado, pelo governo inglês e por todos aqueles que eram contra a Independência.  
(iii) Adolf Hitler era amado por grande parte da sociedade alemã, que defendiam uma nação mais forte, com um regime mais austero, mais disciplinado, com uma raça mais pura, a ariana, além de recuperar a dignidade perdida na primeira guerra mundial. Enquanto que era odiado pelos grupos que estavam no caminho dessas realizações, como a esquerda, os democratas e os que mais sofreram com o fortalecimento do grupo comandado por Hitler que foram os judeus, os ciganos, os comunistas, etc.  
(iv) Lula, que é um exemplo mais próximo a nós, portanto, possível de ver na prática, a manifestação do ódio e do amor se manifestar de forma tão contundente quanto violenta. Lula é estimado, idolatrado por aqueles que ele representa que são as classes mais baixas, aqueles que defendem a democracia, aqueles que defendem uma sociedade mais justa, etc. Ao mesmo tempo é odiado por aqueles que vê em Lula, uma liderança ameaçadora ao "status quo", capaz de liderar o grupo na realização de seus anseios que é fundamentalmente a diminuição das desigualdade, acesso a serviços básicos, etc etc.   
Nesse embate há, inexoravelmente, perdas e ganhos de uma lado ou de outro, dependendo de qual grupo saíirá vencedor e qual sairá perdedor.  Engana-se quem pensa que não há um confronto, entres as classes sociais. As medidas adotas pelos últimos governos FHC, Lula-Dilma e Temer mostram com muita clareza as divergência nas políticas adotadas, que refletem os interesses  de cada grupo ou classe social. 

Aliás, a ideia de escrever esse texto foi despertada em função do cenário atual que estamos vivendo, com a política girando em torno dessa personagem.  Diante do que ele foi capaz de realizar no campo das fraudes, dos crimes, da manipulação, considerá-lo um grande, forte e importante líder pode parecer, numa visão mais superficial,  um total contra-senso.

Eduardo Cunha, na política foi capaz de responder aos anseios da classe política, facilitando a realização dos desejos desses políticos, seja no enriquecimento ilícito, seja no aumento de poder, seja na conquista de um alto cargo eletivo, seja contornando obstáculos de natureza política ou judicial, e muitos outros.

No campo da religião, da mesma forma, utilizando sua inteligência, sua capacidade de oratória, sua perspicácia respondeu aos anseios dos crentes, seus seguidores, facilitando, conduzindo a aproximar de Jesus e garantir a vida eterna.  Há em todos os casos uma identificação entre líder e liderança.  

Muitas vezes um líder pode ter uma leitura aguçada, precisa dos anseios e necessidades do grupo, mas não se identificar com eles, mas só se aproveitando daquela oportunidade de poder e dinheiro. 

































































terça-feira, 18 de outubro de 2016

LULA e CIRO venceriam no primeiro turno, numa eventual aliança entre ambos.

Por Paulo Franco


O Instituto Vox Populi divulgou hoje o resultado de sua pesquisa de opinião pública sobre governo e eleições. 

Há muitas coisas interessantes e reveladoras nessa rodada das pesquisas do Vox Populi, mas vou me concentrar, nesta oportunidade, na pesquisa estimulada tanto na percentagem em relação aos votos totais, quanto em relação aos votos válidos.

Intenção de votos estimulada - votos totais

O primeiro aspecto que eu destacaria seria a forte alta na intenção do eleitor em declarar seu voto em Lula que subiu de 29% para 34% em relação à rodada de junho de 2016.

Outro resultado interessante for a forte queda de Marina que foi de 18% para 11% em relação à última pesquisa em junho de 2016. 

Já Aécio Neves, embora tenha caído nas últimas duas rodadas, não foram quedas acentuadas. 

Vejam os números no gráfico a seguir. 















Intenção de votos estimulada - votos válidos

Votos válidos são aqueles destinados a um ou outro candidato, sendo desprezados os votos nulos, em branco e abstenções.  Esse é o critério estabelecido pela legislação e  utilizado pela justiça eleitoral para proclamar o vencedor do pleito. 

Utilizando-se desse critério, e neste caso  por se tratar de uma pesquisa,  foram consideram inválidos também as respostas "não sei". 

Com esse critério, Lula acentua sua dianteira chegando a 47%, diante dos 39% obtido em junho.  Na mesma linha, Marina despencou de 24%, para 15%.  Os demais candidatos tiveram movimentações marginais. 






Essa alta significativa na intenção de voto para Lula e, concomitantemente a fote queda na intenção de votos na Marina, indica que algum fator impactante ocorreu no período redirecionando de um para outro candidato. 

Poderíamos, sem grandes riscos de cometer erro, supor que o fator determinante para essa elevação serja a insana e acintosa perseguição das autoridades da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário a Lula. 

Ao mesmo tempo que está visível a perseguição, a insistência em abrir processo e o oferecimento de denúncias, transformando Lula em réu, mesmo  sem provas ou fortes evidências, enquanto que essas mesmas autoridades fazem vista grossa para os corruptos e criminosos com um farta quantidade de provas irrefutáveis e cabais.

Há algum tempo atrás eu publiquei no facebook um comentário dizendo que a prisão de Lula, embora fosse uma violência no plano individual, seria o melhor dos mundos para o PT e para a esquerda, pois ele se fortaleceria muito, tornando-se praticamente invencível num pleito eleitoral. 

Parece que a população também tem essa percepção, que Lula está sendo vitima de uma caça sem precedentes na política brasileira, salvo em períodos ditatoriais, onde os métodos são mais obscuros e não da forma explícita como vem ocorrendo. 

O golpe travestido de impeachment também alertou a sociedade como toda a imprensa internacional que estava vendo o Brasil pelos olhos da grande mídia local.  

O fato de Dilma ter um ficha limpa e os políticos que a depuseram serem fichas sujas, corruptos, criminosos, presentes em quase todas as  delações e vazamentos de vídeos acendeu uma luz amarela na  população nacional e internacional, principalmente na imprensa que passou a olhar para o Brasil através de outros olhos, que não a grande mídia nacional.

Já é notório não só no Brasil, mas em todo o mundo que vivemos um período excepcional, que o Impeachment não passou de um golpe e que o estado de direito está sendo desrespeitado e a Democracia brasileira está totalmente abalada e desacreditada internacionalmente. 

A vitória de Lula e Ciro numa eventual aliança entre ambos





Como já vimos no gráfico anterior que compilou os votos válidos, caso a eleição fosse hoje e a pesquisa refletisse a realidade, não haveria vitória em primeiro turno, já que Lula, o candidato da dianteira atingiu apenas 47%, o que é inferior à somatória dos demais candidatos que perfazem 53% dos votos válidos. 

Todavia, essa abrupta e acentuada elevação das intenções de votos em Lula e a, também, abrupta e acentuada queda das intenções de voto em Marina, abriu um gap entre as preferencias por Lula em relação aos demais candidatos, permitindo vislumbrar a possibilidade da decisão ocorrer no primeiro turno das eleições futuras, caso a tendência se mantenha. 

A ocorrência de uma eventual aliança entre Lula e Ciro, alias como tem sido especulado nos últimos tempos, a eleição poderia ser decidida já no primeiro tuno, pois a soma das intenções de voto para Lula e para Ciro, somaria 54% (47% + 7%), contra 46% da somatória das intenções de votos dos demais candidatos.  Nesse cenário, abriria um diferença de 8%, fechando a eleição em primeiro turno.

É obvio que esse resultado é válido se as intenções de votos individuais foram mantidas no caso da aliança entre os dois candidatos. 

Vejam os números no gráfico a seguir.














O nascimento e o crescimento de um grande líder

Por Paulo Franco

"O sindicalismo a gente faz para melhorar a relação entre capital e trabalho. Política a gente faz para transformar a sociedade." (Lula)

Liderança não é fruto de uma decisão racional, ou simplesmente de um esforço, de uma vaidade, de sede de poder.

Um liderança, é obvio, depende da vontade, da determinação, do apego ao pode mas depende fundamentalmente da necessidade de reconhecimento, vontade de servir aos liderados e de talento nato, conhecido como "dom".

Quanto maior for esse talento, maior será a força dessa liderança. Quanto maior for a identificação e a resposta aos anseios dos liderados, maior será a força dessa liderança.

A liderança não é uma decisão da noite para o dia e nem em um mês ou um ano. A liderança forte é formando ao longo do tempo, paulatinamente, numa trajetória onde vão sendo reconhecida a competência, a credibilidade, a fidelidade.

Um lider forte, não impõe seus objetivos, seus sonhos, sua missão. Um lider forte, é aquele que se coloca como um facilitados dos anseios e dos sonhos dos liderados. É um encorajador, é aquele que vai na frente mostrando não se omitindo dos riscos por maior que sejam. 

É aquele que em cada momento dessa caminhada, dada sua sensibilidade apurada, oriente o grupo a melhor alternativa entre avançar e recuar, entre ir para a direita ou para a esquerda, ir mais rápido ou mais devagar.

Em resumo, o grande líder não é aquele que impõe sua vontade, mas aquele que cumpre a vontade daqueles que o escolheu para unir a todos num mesmo objetivo, numa mesma trajetória.




sábado, 15 de outubro de 2016

Ensinar, uma atividade tão antiga, quanto nobre e perigosa

Por Paulo Franco







Falar de mestres e professores é fácil e prazeroso, principalmente nos dias atuais e num país como o Brasil.

A opção pela carreira de professor é um verdadeiro sacerdócio, que não prescinde de dedicação, obstinação e muito amor pela atividade.

O professor ou mestre tem uma função singular em nossas vidas.  Ele não só compartilha conhecimentos, ele é um verdadeiro agente transformador, na medida em que nos ensina a pensar, a refletir, a questionar.

E é exatamente nessa dimensão de estimular o pensar, o questionar, o refletir é que reside o aspecto mais nobre de sua ação como também a mais árdua e perigosa. 

Quando o mestre atua dessa forma, ele é um verdadeiro multiplicador de transformadores, pois quando ele planta essa semente transformadora em cada criança, em cada adolescente e em cada jovem,  está transformando a sociedade e criando muitos outros agentes de mudança. 

Não há desenvolvimento social, cultural, científico e tecnológico sem um corpo de professores de alta qualidade, reconhecida e valorizada pela sociedade e pelas autoridades governamentais. 

E é também essa natureza transformadora e revolucionaria, responsável pelas mudanças e pelo desenvolvimento, que incomoda e assusta os poderes vigentes em qualquer lugar e em qualquer tempo. 

A história nos mostra que, sendo a atuação do mestre (educação) um fator de mudança, de transformação, ela representa um perigo, portanto não deve ser estimulada, mas sim reprimida.

Temos centenas, ou quem sabe milhares, de mestres que foram condenados a morte exercendo sua missão de compartilhar conhecimento, incentivar a duvida, o questionamento, a reflexão e a busca da verdade.   Eu selecionei 5 exemplos emblemáticos ao longo da história: 

  • Sócrates, um dos mais antigos mestres e cujas reflexões continuam vivas até hoje,  foi condenado a morte por envenenamento, tomando sicuta, 
  • Jesus Cristo, o mestre dos mestres para os cristãos,  foi torturado e condenado a morte por crucificação.  
  • Hypatia de Alexandria, foi uma mestra da matemática e astronomia no século IV DC  sendo  morta, por esfolamento,  em meio ao violento conflito existente na época  entre pagãos e cristãos, governo e igreja.  
  • Giordano Bruno, frade dominicano do século XVI, mestre de teologia e filosofia, foi condenado à morte na fogueira, pela própria igreja católica, por questionar alguns de seus dogmas. 
  • Martin Luther King, pastor americano, um grande mestre, não só do cristianismo, mas também de humanismo, pregando a igualdade entre as pessoas. Foi assassinado em 1968 por um racista. 
 A grande maioria dos professores, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil,  são marginalizados, oprimidos e reprimidos, pelo poder público e muitas vezes, pelos próprios alunos. 







quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Desvendando Moro

Por Rogério Cezar de Cerqueira Leite

A história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como o juiz Sergio Moro e seus sequazes da Promotoria Pública.  Um deles é Girolamo Savanarola, jovem que agiganta-se contra a corrupção da aristocracia e da igreja. 
A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista.
E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT. Como aconteceu com Savanarola, morto na fogueira pelo papa Alexandre 6o. após eliminar o incômodo florentino.




O húngaro George Pólya, um matemático sensato, o que é uma raridade, nos sugere ataques alternativos quando um problema parece ser insolúvel.

Um deles consiste em buscar exemplos semelhantes paralelos de problemas já resolvidos e usar suas soluções como primeira aproximação. Pois bem, a história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como o juiz Sergio Moro e seus sequazes da Promotoria Pública.

Dentre os exemplos se destaca o dominicano Girolamo Savonarola, representante tardio do puritanismo medieval. É notável o fato de que Savonarola e Leonardo da Vinci tenham nascido no mesmo ano. Morria a Idade Média estrebuchando e nascia fulgurante o Renascimento.

Educado por seu avô, empedernido moralista, o jovem Savonarola agiganta-se contra a corrupção da aristocracia e da igreja. Para ele ter existido era absolutamente necessário o campo fértil da corrupção que permeou o início do Renascimento.

Imaginem só como Moro seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida. Todavia existe uma diferença essencial, apesar das muitas conformidades, entre o fanático dominicano e o juiz do Paraná -não há indícios de parcialidade nos registros históricos da exuberante vida de Savonarola, como aliás aponta o jovem Maquiavel, o mais fecundo pensador do Renascimento italiano.

É preciso, portanto, adicionar um outro componente à constituição da personalidade de Moro -o sentimento aristocrático, isto é, a sensação, inconsciente por vezes, de que se é superior ao resto da humanidade e de que lhe é destinado um lugar de dominância sobre os demais, o que poderíamos chamar de "síndrome do escolhido".

Essa convicção tem como consequência inexorável o postulado de que o plebeu que chega a status sociais elevados é um usurpador. Lula é um usurpador e, portanto, precisa ser caçado. O PT no poder está usurpando o legítimo poder da aristocracia, ou melhor, do PSDB.

A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT.

Savonarola, após ter abalado o poder dos Médici em Florença, é atraído ardilosamente a Roma pelo papa Alexandre 6º, o Borgia, corrupto e libertino, que se beneficiara com o enfraquecimento da ameaçadora Florença.

Em Roma, Savonarola foi queimado. Cuidado Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira. Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes.

Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira, seja ela legitimamente aristocrática ou não.
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ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE *, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha*

FONTE: Folha de SP

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Agência Pública: Especial Quilombolas

Por Patrik Camporez Mação e Luísa Torre
Fotos e vídeos de Marcelo Prest


Prisões em série, perseguição e conflitos acossam os quilombolas no norte do Espírito Santo. Nossa reportagem percorreu mais de mil quilômetros para conhecer um cenário onde a violência vem junto com o deserto de eucaliptos


No Sapê do Norte, uma região tomada por plantações de eucalipto no extremo norte do Espírito Santo, 32 comunidades quilombolas vivem sob forte clima de tensão. Nos últimos sete anos, dezenas de descendentes de escravizados africanos foram parar na cadeia sob a acusação de formação de quadrilha ou furto de madeira.

O episódio mais emblemático ocorreu em novembro de 2009: foram presas pela Polícia Militar 39 pessoas na comunidade São Domingos, uma das maiores da região, onde vivem 150 famílias, entre elas mulheres e idosos, e até um morador cego.

A maior parte das prisões ocorre em uma área administrada pela empresa Fibria, líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto, entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus – mas que é reivindicada pelas comunidades como seu território ancestral. Ao todo, mais de 100 mil hectares de eucalipto deixam as residências “ilhadas” em meio ao que os quilombolas chamam de “deserto verde”, por causa da seca causada pela monocultura.

O começo
A monocultura do eucalipto começou a avançar sobre o território do Sapê ainda na década de 1960, com o apoio do regime militar. A implantação do monocultivo inicialmente foi considerada uma